Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Entrevista Flashscore a Pedro Marques: "Chipre foi uma surpresa bastante boa"

Rodrigo Coimbra
Pedro Marques em destaque ao serviço do Apollon Limassol
Pedro Marques em destaque ao serviço do Apollon LimassolApollon Limassol
Pedro Marques encontrou em Chipre o palco ideal para expressar a sua arte... do golo. Aos 25 anos, o avançado português está muito bem encaminhado para superar a sua melhor marca numa única temporada. São já 13 golos em 26 jogos, cinco deles na Taça cipriota, onde tem ajudado o Apollon Limassol a abrir caminho para a conquista do 10.º troféu. O passado, o presente e o futuro, em entrevista ao Flashscore.

"A Taça pode dar-nos o momento de glória"

- Podemos começar já pelo último jogo, em que marcou o golo que valeu a passagem do Apollon às meias da Taça. Mais uma cereja para o bolo que está a ser esta campanha do clube na prova?

- Ainda não é cereja, porque o bolo ainda não está feito. Só fica no final da temporada. Agora, claro, deu um bocadinho de sabor. É sempre bom, porque este ano a Taça é um dos nossos objetivos e contribuir mais diretamente é sempre bom para mim. 

- O clube tem 9 Taças no seu palmarés, portanto está de olho na 10.ª. Como estão a viver este momento e como têm sentido o apoio dos adeptos?

- A realidade é que esta época  não está a ser um grande sucesso. Ficamos de fora dos play-off's (de campeão) e isso aconteceu uma vez na história do clube... Mas o caminho da Taça pode dar-nos glória no final e fazer esquecer que ficamos de fora dos play-off's. É para isso que estamos a caminhar, nunca descurando que temos de ganhar todos os jogos do campeonato.

Pedro Marques está feliz no Apollon
Pedro Marques está feliz no ApollonApollon Limassol/Opta by Stats Perform

- Como surgiu a possibilidade de ir para Chipre? Foi ao encontro das expectativas?

- Tive noção de que não ia ter os minutos que achava que merecia no NEC para mostrar o meu valor e comecei a procurar um clube que achava que podia ser o mais indicado para mim. Foi aí, mesmo no fecho do mercado, que que surgiu o Apollon. Olhei com bons olhos para essa possibilidade. A liga do Chipre não era nada do que estava à espera, surpreendeu-me muito pela positiva. O número de equipas competitivas é bastante elevado e foi uma surpresa bastante boa. Estou a aproveitar cada momento.

- Para quem não conhece tão bem, como descreve o campeonato cipriota?

- O campeonato cipriota divide-se muito em dois. Temos as equipas do top 6, que são muito competitivas, em que todas lutam pelo título, sendo que este ano tivemos a infelicidade de ficarmos de fora dessa luta, porque aumentou para 7-8 o número de equipas com qualidade e isso só mostra que a qualidade está a subir.

- Enquanto avançado, sentiu necessidade de se moldar às especificidades da Liga?

- Sim. O futebol em Portugal é X, nos Países Baixos é Y e aqui é Z. São realidades diferentes. Foi preciso alguma adaptação e com pouco de mais tempo em Chipre e no Apollon já me consigo adaptar melhor e consigo perceber os melhores momentos para aproveitar as oportunidades que tenho e isso está a ver-se nos resultados de golos e de performances

Os números de Pedro Marques
Os números de Pedro MarquesFlashscore

- O que estes números (13 golos em 26 jogos) dizem desta época?

- Estou mais crescido e desenvolvido, não só fisicamente, mas também com mais experiência. Ocupo uma posição em que demora mais anos para se explodir, porque é preciso muita experiência para perceber pequenos detalhes para fazer golos ou não, para ganhar jogos ou não.

- A forma como foi recebido pelo grupo também terá sido importante...

- Temos um grupo com bastantes estrangeiros e todos me receberam muito bem. O povo cipriota também é muito bom a acolher pessoas. Nunca houve problemas de não me sentir em casa.

"Valbuena? O homem trabalha que se farta"

- No seio do plantel há um nome muito conhecido: Mathieu Valbuena. 39 anos e ainda muita qualidade. Como é ele?

- Sem dúvida. O homem trabalha que se farta. É capaz de ser o primeiro a chegar ao clube e mesmo em dias de recuperação está no ginásio a fazer o seu trabalho. Acredito que esse é um pouco do segredo. Depois a qualidade não lhe falta, e apesar da idade, continua a demonstrar que tem capacidade para brilhar em campo...

- ...

- Como pessoa, que já sei que me vai fazer essa pergunta, é excelente. Adora ajudar-nos quando acha que deve falar. Gosta de estar no seu cantinho e em termos de raça e em dar o passo em frente como líder, faz bem esse papel e estamos muito gratos. Tem sido um bom match esta época.

Mathieu Valbuena continua a espalhar magia aos 39 anos
Mathieu Valbuena continua a espalhar magia aos 39 anosApollon Limassol

- Esta convivência com jogadores de classe mundial também tem um forte contributo para o seu crescimento...

- Totalmente! Tem grande importância no meu crescimento como jogador e pessoa. O facto de ter convivido com jogadores como o Valbuena, o Jasper (Cillessen), o (Lasse) Schone e mesmo no plantel do Sporting... Se começar a dizer nomes nunca mais acabo. Todos esses pequenos pedaços de tempo passados juntos, dentro e fora de campo, ajudou-me a tornar uma pessoa mais experiente, mais inteligente e com mais bases. Depois com o trabalho que tenho por trás, porque não é só saber, tambem é preciso aplicar, acredito que está a ser essa a chave para o sucesso. 

"Estou muito feliz no Apollon"

- Como já disse, não conseguiram o acesso ao play-off de campeão. Como ficou a relação com os adeptos depois desse momento?

- Nunca nos faltou apoio esta temporada. Do primeiro até ao último jogo. Isso foi uma coisa que me surpreendeu bastante. Achei que iam deixar de nos apoiar tanto, mas quando mais precisávamos iam ainda com mais pessoas fazer barulho e puxar por nós. Infelizmente, não resultou e não conseguimos alcançar os play-off's. Mas ontem (quinta, dia 29 de fevereiro) no jogo da Taça ajudaram bastante. 

- É uma realidade muito diferente daquelas que viveu em Portugal e nos Países Baixos?

- Em Portugal, há os estádios grandes com 40-50 mil lugares, e aqui temos um estádio com essa capacidade. O nosso tem 12 mil, mas com a paixão e intensidade com que os nossos adeptos vivem faz muito bem parecer que estão 2 ou 3 vezes a capacidade real do estádio. É um ambiente que vale a pena ser vivido.

Adeptos do Apollon têm sido incansáveis
Adeptos do Apollon têm sido incansáveisApollon Limassol

- Fazem pressão para que o Pedro fique para lá deste ano de empréstimo? Quais as perspetivas para o futuro?

- Claro que fazem essas perguntas. O que eu posso dizer é que estou muito feliz no Apollon, mas ainda é muito cedo para ter essa conversa. Faltam dois meses e meio para o final da época e ainda muito pode acontecer. Agora é focar em ganhar a Taça e ganhar os jogos todos no play-off (de manutenção).

- Do ponto de vista individual, tem ideia até onde podem ir os seus números?

- Tenho o objetivo de chegar aos 20 golos esta época. Estou a sete e quero chegar a esse número.

- Aos 25 anos e já com algumas experiências no estrangeiro, o Pedro pensa num eventual regresso a Portugal?

- Nunca se deve dizer nunca, mas, num futuro próximo, Portugal não está nos meus planos. Não me vejo a regressar a Portugal assim tão cedo. Acho que o futebol no estrangerio pode ser mais apelativo e é por aí que vou continuar a rumar. Mas nunca se sabe se daqui a dois anos não estou a pensar de maneira diferente.

- Além da meta dos 20 golos, ainda tem muitos objetivos em mente?

- Estou emprestado e muitas coisas podem acontecer: posso voltar ao NEC, posso ser comprado pelo Apollon e ser vendido... Não dá para fazer planos a longo prazo. Tenho algumas coisas na cabeça, mas não importam neste momento, pois são cenários hipotéticos e que só poderão ser realidade quando esta época terminar.

"Até aos 18 anos, não sabia que ia ser jogador de futebol"

- Até ao penúltimo ano da formação (no Belenenses), o Pedro não tinha bem na ideia como seria o futuro. A mudança para o Sporting terá sido o clique...

- Digo sempre que até aos 18 anos não sabia que ia ser jogador de futebol.

- Estreia na Liga Europa ao serviço do Sporting, jogar em Alvalade, marcar dois golos no Jamor... Olhando para trás, a que lhe sabe o que conquistou até hoje?

- Sabe a pouco. Se tudo correr bem, ainda tenho mais 10 anos de carreira...

Pedro Marques marcou dois golos num jogo da Taça de Portugal ao serviço do Sporting, no Jamor
Pedro Marques marcou dois golos num jogo da Taça de Portugal ao serviço do Sporting, no JamorLUSA

- Mas podemos assumir essa passagem pelo Sporting como um momento decisvo?

- A palavra pode ser mesmo chave, sobretudo para o facto de me ter tornado jogador profissional e ter a carreira que tenho até hoje. Aos 17 anos estava no Belenenses e cheguei a entrar na faculdade para o curso de gestão. Só no momento em que o Sporting me apresentou um contrato profissional é que percebi que o meu caminho seria pelo futebol e não pela escola, pelo menos por agora. Portanto, o Sporting, desde o último ano de formação até aos primeiros anos de profissional, foi importante para me dar as bases e dar as asas para poder voar até onde cheguei.

- Teve poucas oportunidades na equipa principal. É um capítulo bem resolvido na sua vida?

- Está bem resolvido, agora. Na altura fiquei triste por não ter tido as oportunidades que achava que deveria ter, mas também ninguém sabe se as tivesse se o meu percurso futebolístico tinha levado outro rumo. Não sei se estaria melhor ou pior. Portanto, é estar grato por ter acontecido e fazer o máximo com o que tenho para continuar em frente.

Pedro Marques grato ao Sporting
Pedro Marques grato ao SportingApollon Limassol/Opta by Stats Perform

"Somos uns privilegiados, mas..."

- Voltando ao presente, como é a vida em Chipre?

- O sol brilha há dois meses. É uma vida muito boa numa Ilha Mediterrâneo. Passo grande parte do meu tempo a descansar e a visitar a Ilha, porque é mesmo muito bonita. Depois tenho o hobby de jogar golfe e vou muitas vezes jogar. Também vou jantar com amigos e fazer yoga. 

- Encontra vários portugueses no campeonato. Como são esses reencontros?

- É bom. Quando vim para cá, já sabia que tinha bastantes portugueses, mas cheguei a ver caras conhecidas e dizer: "mas estás cá!? Nem sabia!" É bom, porque sabemos que, se precisarmos de alguma coisa, temos um compatriota que nos pode ajudar.

- Desde o momento do clique (no Sporting), mudou muito a sua perceção sobre aquilo que é ser jogador de futebol profissional?

- Nós, jogadores de futebol, somos uns privilegiados, não há dúvida. O que não se tem noção até se chegar cá é a quantidade de trabalho diário, rigor, sacrifícios, de conhecimento e estudo que se tem de fazer, diaramente, para se conseguir um nível alto durante muito tempo. Sabemos de fora que deve existir, mas só quando cá estamos é que percebemos o quão real e duro é. Mas nunca deixando de frisar que somos uns privilegiados por fazer aquilo que gostamos e muitas vezes nem parece trabalho.

Pedro Marques festeja o golo nos quartos da Taça
Pedro Marques festeja o golo nos quartos da TaçaApollon Limassol

- O que sente que lhe tem permitido continuar a jogar a nível profissional?

- Tento ser exigente comigo próprio com a dieta, o ginásio e o trabalho durante o campo. Também tento saber o máximo sobre os adversários e as rotinas da equipa. Tento ter atenção a tudo e manter a cabeça limpa fora do contexto futebolístico, para depois estar focado para dar o meu melhor e ter resultados.

- Se fosse empresário do avançado Pedro Marques, como o apresentava aos clubes?

- Está aqui o Pedro Marques, ele é muito bom, por isso paguem-lhe muito bem porque vai fazer muitos golos (risos).

- Que avançado é hoje?

- Sou um avançado móvel, que consegue jogar sozinho ou com um companheiro. Muito forte na tarefa defensiva, com velocidade e instinto matador muito alto. 

- Para fechar, o que sente mais falta de Portugal e onde se imagina daqui a cinco anos?

- Sinto falta dos amigos e da minha família. Há uns períodos que sinto mais, outros menos. Também sinto falta da comida portuguesa, embora a cipriota tenha algumas parecenças (risos). Como me vejo daqui a cinco anos? Não sei, tenho muitos cenários na minha cabeça e, consoante o que acontecer, posso estar a fazer carreira para brilhar nos campeonatos europeus ou a fazer dinheiro pelas Arábias ou MLS.

Os próximos jogos do Apollon Limassol
Os próximos jogos do Apollon LimassolFlashscore

- Ficamos combinados para falar após a conquista da Taça?

- Está combinado (risos).

- E com os 20 golos?

- Ou 19, para fazer o 20.º na Taça (risos).

Acompanhe o Apollon Limassol no Flashscore