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No Vietname à beira de fazer história: Mauro Jerónimo em exclusivo ao Flashscore

Mauro Jerónimo, o treinador do PVF
Mauro Jerónimo, o treinador do PVFPVF-CAND
Há 18 anos que uma equipa da segunda divisão não estava nas meias-finais da Taça do Vietname, mas Mauro Jerónimo levou o PVF-CAND, de Hanói, a quebrar essa barreira e agora sonha com outros feitos. Na véspera do importante desafio, o técnico de 35 anos conversou com o Flashscore.

Já dizia o ditado que existe um português em cada canto do mundo e no Vietname não é exceção. Há cinco anos neste país com 100 milhões de habitantes, Mauro Jerónimo está à beira de fazer (ainda mais) história no futebol.

Timoneiro do PVF-CAND, de Hanói, a equipa da segunda divisão vai defrontar o Thanh Hóa por um lugar na final da Taça do Vietname. Para já, ninguém lhe retira o mérito de ter liderado o primeiro conjunto do segundo escalão em 18 anos a marcar presença numa meia-final, mas o objetivo é superar essa marca e igualar um feito com 35 anos.

Pode acompanhar o jogo no Flashscore

Em conversa com o Flashscore, o técnico de 35 anos abordou as sensações da equipa.

“Está tudo a correr bem. Vamos viajar, fazer três horas de autocarro, não é muito longe. Um clube com muita tradição, vai ser um momento muito bonito, especialmente para a minha equipa que é muito jovem. Há 18 anos que uma equipa da segunda liga não estava nas meias-finais e isso traz uma visibilidade maior ao clube, com muitos a atuar nos sub-23 da seleção é bom para a carreira deles”, atirou, falando das forças do PVF neste embate: “Num jogo a eliminar há sempre a possibilidade maior de vitória, temos sempre os penáltis e isso dá mais possibilidades. E o facto dos nossos jogadores, estamos num projeto de continuidade há algum tempo, e é uma vantagem mesmo em relação com clubes da primeira liga e isso traz uma vantagem”.

O calendário do PVF
O calendário do PVFFlashscore

A campanha na Taça do Vietname acaba por ser um atrativo a um campeonato que também está a correr bem. Atual segundo classificado, o PVF está a três pontos do líder Quang Nam e, com dois jogos por disputar, mantém vivas as aspirações de subida.

O objetivo traçado no início da época era subir de divisão. Não ia ser fácil com a equipa mais jovem do campeonato. Temos confiança no trabalho e jovens com muito talento e sabemos que no futebol é preciso maturidade em alguns jogos, este ano conseguimos ser muito mais consistente do que no ano passado, mas perdemos no jogo com o adversário direto e isso quebrou aqui a possibilidade de ser campeão. Infelizmente este ano só desce uma equipa e isso afeta-nos um bocadinho, teríamos mais hipóteses, agora é tentar ganhar os jogos e esperar que eles percam pontos, temos feito muitos jogos a cada três dias. Se tivéssemos montado um plantel mais experiente teríamos subido. Este é um projeto de médio-longo prazo. É preciso ter paciência, o clube demonstrou que estamos no bom caminho”, explicou.

A classificação do PVF
A classificação do PVFFlashscore

“O Brasil do sudeste asiático”

Antigo membro das equipas técnicas de Pinhalnovense, Vitória de Setúbal e Evagoras Paphos, Mauro Jerónimo chega ao Vietname em 2019, depois de passagens pela China (Fujian Chaoyue) e Taiwan (seleção sub-19). E o balanço não podia ser mais positivo.

“Tem sido muito gratificante, inicialmente num suporte ao atual selecionador da equipa pricnipal, chegamos num projeto para ajudar a federação. Depois fui responsável pela maior academia da Ásia, o PVF, estive nos sub-19, fomos campeões nacionais até que surgiu a oportunidade de treinar a primeira equipa com muitos jovens, num projeto parecido com o Ajax e Barcelona”, atirou.

Mauro Jerónimo durante uma partida
Mauro Jerónimo durante uma partidaPVF-CAND

Um país ainda com pouco nome no futebol mundial, o Vietname está em ascensão e Mauro Jerónimo prevê um futuro risonho.

É uma grande paixão. São 100 milhões de pessoas apaixonadas, gostam muito do futebol, quando acontece algum resultado positivo, mesmo com as seleções jovens vão para a rua festejar. É algo que me motiva muito. Depois, é um futebol rápido, de transições, joga-se debaixo de muito calor durante sete, oito meses. A altura das monções é chuva todos os dias durante dois meses, humidade elevada, mas é muito interessante ver como os jogadores se conseguem adaptar. E o que eles conseguem fazer aqui é fenomenal em termos de intensidade. São jogadores muito raçudos, com agressividade, chegam de ambientes muito pobres, é muito parecido ao Brasil. Costumo dizer que é o Brasil do sudeste asiático. Mas está cada vez mais desenvolvido. Há um grande interesse, empresas a investir. O grande sonho é chegar ao Mundial, eles trabalham nesse objetivo”, explicou, apontando alguns resultados de relevo: “Já empataram com o Japão nos séniores. Nas seleções jovens estiveram a um ponto de ir ao Mundial sub-20, ganharam à Austrália. Tiveram muito bons resultados. Foi pena não terem conseguido, acho que seria muito importante. Já se nota uma aproximar às seleções maiores, faz parte da globalização do futebol, acho que cada vez vai deixar de existir os resultados desnivelados. Os jogadores estão mais bem trabalhados, tem uma grande margem de progressão. O Vietname está a crescer, foi uma das poucas economias da Ásia que cresceram durante o Covid-19”.

E Mauro Jerónimo considera-se já aclimatizado ao país, apesar de algumas dificuldades iniciais.

“No início não foi assim muito fácil, mas eu já estou habituado a viajar, a viver em diferentes países. O calor e o tráfego rodoviário são as duas coisas mais difíceis aqui, sobretudo no Norte, na capital Hanói, onde nós estamos. No Sul é um clima mais parecido em Portugal. Dar treinos com este calor não é fácil, custou um pouco no início, agendar os treinos, eles estão habituados a treinar à tarde e não à noite. Eu tentei mudar, mas também não é fácil. Há jogos do campeonato às 17:00 às 18:00, não querem muito treinar longe do horário, ao contrário do que se faz em Portugal, com treinos de manhã e jogos, por norma, à noite”, explicou.

A terminar contrato, Mauro Jerónimo garante ainda não pensar no futuro a longo prazo, estando exclusivamente concentrado na reta final da temporada.

Quando chegar ao final da época vou-me sentar com o presidente e o CEO para discutir o que eles querem. Mas estou concentrado neste momento. Chegar à final seria ainda mais histórico, há 35 anos que uma equipa da segunda liga não chegava à decisão do troféu. Quanto ao resto, ser treinador de futebol é um mundo, estar abertos num mercado muito competitivo, com muita oferta, mas tenho sempre as minhas ambições de voltar a casa e estar mais perto de casa. Às vezes sinto falta da família, apesar de estar aqui com a minha esposa e filha. Contudo, para sair daqui… não sei. As condições são tão boas, em termos de infraestruturas, de te valorizarem pelo teu trabalho. Para sair daqui tinha de ser por um projeto bom. É algo que faz parte da minha maneira de ser. Não acredito que no futebol se consiga fazer algo a curto prazo”, concluiu.

Mauro Jerónimo antes de um momento histórico
Mauro Jerónimo antes de um momento históricoOpta by Stats Perform, PVF-CAND