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Joel Rocha, treinador de futsal do SC Braga: "O mais exigente dos adeptos mora dentro de mim"

Joel Rocha segue no comando técnico do SC Braga
Joel Rocha segue no comando técnico do SC BragaSC Braga, Flashscore
O treinador do SC Braga está encantado com a sua experiência no emblema minhoto. À partida para mais uma temporada, Joel Rocha abriu o livro em entrevista exclusiva ao Flashscore para dar conta do sentimento e do que espera da sua equipa para 2024/25, época em que os bracarenses participam em cinco competições.

"O nosso desafio é connosco próprios"

- Esta é a sua quarta época ao serviço do clube, a terceira que arranca desde início. O SC Braga perfila-se cada vez mais como sério candidato ao título, podemos dizer que este é o ano em que o SC Braga tem as condições para este título inédito?

- Em Braga, mora um clube que está cada vez maior e melhor. Está a crescer não só em termos de dimensão humana e social, mas também no número de associados, que aumenta dia após dia. Além disso, é um clube que melhora constantemente do ponto de vista das infraestruturas oferecidas aos seus profissionais. Estou em Braga desde novembro de 2021, há praticamente três anos, e estou completamente conquistado. Braga e o SC Braga conquistaram a mim e à minha família, tanto social quanto profissionalmente. E em Braga mora também alguém, por isso aceitei o desafio de retribuir essa conquista e paixão que me cativaram. Pretendo retribuir com organização, planeamento, qualidade e uma mentalidade de excelência. Esse tem sido o desafio e o propósito nas últimas épocas. Aqui mora um clube cada vez mais bem organizado, que oferece a toda a estrutura de futsal condições de excelência, inclusive do ponto de vista internacional. Conheço muitas realidades em Portugal e na Europa, e posso afirmar que o SC Braga tem das melhores condições de trabalho, preparação, recuperação e otimização para que um atleta e uma equipa alcancem níveis de desempenho acima da média.

Em primeiro lugar, queremos dar estabilidade a este crescimento, para que o desempenho seja o produto final que todos veem. O resultado não controlamos, mas posso confirmar que aquilo que controlamos – o dia a dia, o treino, a preparação, o exercício, a recuperação, a fisiologia, a nutrição, a psicologia e a análise de observação – é feito com qualidade, critério e num patamar de excelência. Queremos proporcionar essa sustentabilidade e sermos consistentes.

Joel Rocha elogia estrutura do SC Braga
Joel Rocha elogia estrutura do SC BragaSC Braga/Opta by Stats Perform

Lembro que, na primeira época completa ao serviço do SC Braga, terminámos a fase regular em segundo lugar, após várias jornadas em primeiro. Na época passada, voltámos a terminar em segundo lugar e estivemos muitas jornadas na liderança. Nas últimas 44 jornadas da fase regular, o SC Braga esteve em primeiro lugar por mais de 30 jornadas, e acabámos novamente em segundo. Esse é o primeiro mindset em relação à fase regular: fazer de tudo para melhorar os números que tivemos nos últimos anos e subir na classificação. Portanto, sim, do ponto de vista da fase regular, o SC Braga aponta ao topo da classificação, sabendo o nível de exigência e capacidade que isso implica. Sentimos que temos capacidade para corresponder e alcançar esse objetivo.

Há dois anos, sofremos 46 golos; no ano passado, 41, e este ano queremos baixar esse número. Há dois anos, marcámos 109 golos; no ano passado, 95, e este ano queremos superar esses números. O nosso desafio é connosco próprios. Medimos e quantificamos tudo o que fazemos. É focando em nós mesmos que nos vamos superar, sem olhar para quem ficou em primeiro, quinto ou último lugar. Queremos lutar pelo primeiro lugar na fase regular e, depois, no play-off, ter a capacidade real de disputar finais e jogar a final, cientes da exigência que isso implica. Durante a fase regular, queremos acumular vivências, experiências e capacidades que nos permitam, no play-off, sermos uma equipa capacitada para disputar a final. Um dos nossos valores é não nos importarmos com quem jogamos, mas sim com como jogamos. Somos uma equipa "egoísta", que olha muito para si própria, com o propósito de melhorar o que estamos a fazer e alcançar o que queremos.

- De que maneira as competições internacionais podem influenciar esses objetivos?

- Temos um desafio absolutamente notável, que é um privilégio autêntico: as cinco ou seis montanhas que temos para escalar esta época. Temos uma bem longa, de 22 jornadas, que é a Liga Placard, e outra, o play-off a eliminar, além de mais quatro montanhas para subir. São quatro oportunidades maravilhosas para demonstrarmos a nossa capacidade e ambição. A UEFA Champions League tem um propósito claro para nós: assim como nas competições internas queremos disputar finais, na Champions também temos o desejo, convertido em prática, de passar a fase de grupos da Main Round em primeiro lugar de forma categórica. Depois, em novembro, temos a Ronda de Elite e, independentemente de onde seja ou contra quem joguemos, garanto que o SC Braga vai lutar pelo apuramento para a Final Four da UEFA Futsal Champions League, que é também um dos nossos objetivos. Pode parecer, no dia de hoje, um pouco demagógico ou ilusório, mas vejo a capacidade que temos e a excelência com que nos preparamos para a competição. Esse é o nosso desafio e a nossa ambição.

Este ano, o SC Braga vai disputar o máximo de competições que uma equipa pode disputar. Não há nenhuma equipa na Europa ou no mundo que, nesta época, vá disputar tantos troféus e títulos como o SC Braga terá a oportunidade de disputar: são cinco competições – Liga dos Campeões, Supertaça, Taça de Portugal, Taça da Liga e Campeonato.

Além disso, neste contexto, há um desafio extra. Estamos a meio de setembro, a primeira jornada da Liga Placard é a 16 de outubro, e entre 16 de outubro e 28 de dezembro, ou seja, em praticamente dois meses e alguns dias, vamos ter 17 jogos. Desses 17 jogos, seis são na Europa, um é a Supertaça, a valer troféu, teremos uma eliminatória da Taça de Portugal e nove jornadas da Liga. Estas são oportunidades que só os privilegiados podem usufruir. É muito melhor, no dia 28 de dezembro, estar a disputar um troféu do que estar a ver na televisão.

Joel Rocha destaca a importância da exigência no trabalho
Joel Rocha destaca a importância da exigência no trabalhoSC Braga

"Esta época é um autêntico desafio"

- Será uma fase determinante e que vai pêr a equipa à prova numa altura que tem duas baixas relevantes em relação à última época. Temos um SC Braga mais equilibrado e mais forte?

- Veremos que SC Braga teremos quando começarem as competições oficiais. Só depois de vários resultados e meses é que poderemos fazer comparações. Há algo em mim há muitos anos: a capacidade de inovar e ser criativo. Tenho a habilidade de reinventar-me diariamente e semanalmente, conforme os acontecimentos, para nos superarmos em relação aos adversários. Não penso no que tinha, nem no que terei; trabalho com o que temos e reinvento-me. Quando cheguei a Braga, e é importante ter boa memória, eu disse que trabalharia com quem estivesse disponível. Nesse ponto, sou muito pragmático. Com quem temos, faremos o melhor que podemos. E com quem temos, estou totalmente satisfeito, seja o plantel ou a equipa técnica.

Ainda hoje, antes do treino, disse: "O meu objetivo é que sejam melhores, mas mais do que esse objetivo, tenho uma ambição – só que não basta apenas eu ter essa ambição -, muito mais do que apenas serem melhores, quero que sejam os melhores". Esse é o mindset para trabalharmos com excelência em tudo o que fazemos. E depois, acreditar na qualidade do trabalho, e nós acreditamos cegamente no que fazemos. As coisas têm corrido bem. Esta época é um autêntico desafio, mas também uma oportunidade para todos nós – equipa técnica, plantel, sócios... A nossa média vai ser jogar a cada quatro dias. Só as grandes equipas e grandes atletas têm essas oportunidades. Encaramos esta época como um desafio e uma oportunidade. Foi planeada para dar sustentabilidade ao crescimento e garantir esse progresso nos próximos anos. Ou seja, esta época não foi pensada para fazer um all in nas cinco competições, mas para fazer um all in no crescimento do SC Braga nos próximos anos. Daí a confiança na minha continuidade, validada pela renovação de contrato. O presidente perguntou quantos anos eu achava adequado, e eu disse que precisávamos de perceber onde estamos. Era muito fácil, nesta época, fazer um all in para ganhar a Supertaça, jogar mais finais e a Final Four da Champions, mas esse foco poderia comprometer o envolvimento na formação ou a contratação de jogadores com durabilidade limitada a dois anos.

Joel Rocha tem um plano bem claro para os bracarenses
Joel Rocha tem um plano bem claro para os bracarensesSC Braga/Opta by Stats Perform

Demonstramos, através do planeamento, que queremos renovar e reinventar com maior durabilidade. Aumentámos a duração dos contratos de quem está e baixámos a média de idade. Isso garante uma espinha dorsal para vivenciar este desafio, ter a capacidade de reinventar, e esta época será a base para grandes épocas futuras. Estamos a olhar para esta época como a colheita do que semeámos nas últimas duas épocas e meia.

- Mas e se os adeptos pedirem resultados e títulos? Será que essa justificação serve?

- O primeiro a querer resultados, títulos e jogar finais sou eu. O mais exigente dos adeptos mora dentro de mim. Sou, entre todas as pessoas, o mais exigente em termos de qualidade, resultados, consistência e durabilidade. Também sei que tenho um lado de planeamento e organização para encontrar o melhor caminho para ganharmos ontem, hoje e amanhã. O nosso caminho tem retas e rotundas, mas não tem volta para trás. Vamos cair, mas vamos levantar-nos e seguir em frente. Estamos nesse caminho há duas épocas e meia. Sabemos muito bem quem somos, onde queremos chegar e como queremos lá chegar.

"Focamo-nos apenas em nós"

- Que características terá este plantel de diferente do ano passado?

- A primeira característica é que somos diferentes. Aliás, eu digo que, se tivéssemos o mesmo plantel, ainda assim seria diferente. E por quê? Porque há um ano, nenhum de nós tinha conquistado nada pelo SC Braga. Hoje, já alcançámos algo pelo clube, e isso faz de nós diferentes. Tenho de ter a consciência de que somos diferentes.

Joel Rocha não esconde a ambição para a nova época
Joel Rocha não esconde a ambição para a nova épocaSC Braga

A primeira diferença: sentimos que temos a capacidade de jogar finais e conquistar troféus, e isso é extraordinário. O melhor jogador da época passada foi claramente a equipa. (Sobre a ausência de Robinho e Alan) O Robinho, quando o SC Braga se apurou para a final do campeonato, ajudou da bancada. Infelizmente, não esteve disponível dentro da quadra. O SC Braga, durante muitas jornadas da Liga Placard, teve pouca influência do Alan. Claro que ele foi importante, mas todos têm momentos altos e baixos.

O que tem acontecido é fruto do trabalho de muita gente, e isso é notável. Acredito que seremos uma equipa diferente, com um nível de maturidade maior, teremos momentos de dificuldade com menor dúvida e estaremos melhor preparados.

Esta equipa desta época, com jogadores novos, tem o Leandro, que nos conhece e nós conhecemos. O Leandro fez um esforço enorme para voltar ao SC Braga, assim como muitos outros. Posso confirmar que vários fizeram sacrifícios, abdicar de outras regalias e melhores condições em outros clubes para estarem no SC Braga e trabalharem connosco. O Leandro foi um deles. Depois, temos o Hugo Neves, o Gabriel Penézio e o outro Gabriel Mazzeto, que são jogadores que vêm para reforçar e contribuir para uma dinâmica de equipa que começa a ser a nossa cultura.

O futsal do SC Braga, desde os seniores até à formação, começa a ter a sua cultura, proposta, mindset e identidade. Isso quero preservar e valorizar. Há determinados pressupostos que são inegociáveis. O primeiro é aceitar o mindset de excelência diariamente. Todos os dias, trabalhamos os pormenores.

Os próximos jogos do SC Braga
Os próximos jogos do SC BragaFlashscore

- Sobre os rivais. Houve mudanças no Sporting e no Benfica. Que perspetiva tem para este campeonato?

- Vou preocupar-me com o Sporting a partir do dia 14 de novembro, porque jogamos a 17, e vou preocupar-me com o Benfica a partir do dia 29 de dezembro, após a Supertaça, porque jogamos a 4 de janeiro. Até lá, a primeira preocupação seremos nós, para avaliarmos capacidades e dificuldades. Gosto muito de identificar o porquê de ganharmos e o porquê de perdermos, e neste momento é hora de identificar os nossos "porquês". Até ao dia 5 de outubro, a preocupação será connosco; depois, será semanal ou competitiva. Olhamos muito para nós e, de vez em quando, para os adversários quando jogamos contra eles.

Honestamente, até hoje, ainda nem procurámos conhecer os adversários da UEFA. Por agora, focamo-nos apenas em nós, para irmos melhorando e atingir o mindset de excelência.

- Numa lógica mais pessoal, esse gosto pelo clube e pelas pessoas pesou muito na decisão de continuar no SC Braga? Mesmo tendo convites de fora...

- Claramente, o clube e as pessoas. São as pessoas que fazem o clube. Mas sim, eu, inclusive, há quatro anos, dei instruções claras e repetidas a quem me representa. Mas eles diziam: "Mister, eles pagam o dobro". Não quero saber. Por quê? Muito mais do que contrato ou dinheiro, é o sentimento. Fui conquistado e sinto-me apaixonado. Este meu sentimento é para retribuir. Mas não sou do tipo que espera que as coisas caiam do céu; vou continuar a procurar formas de retribuir aquilo que me têm dado. Tenho de continuar a enriquecer o clube e o universo SC Braga. Sinto-me feliz, honrado e privilegiado.

Joel Rocha prepara nova temporada no clube minhoto
Joel Rocha prepara nova temporada no clube minhotoSC Braga

"A nossa Seleção está como o vinho do Porto: cada vez melhor"

- Em altura de Mundial, o que Portugal pode fazer na competição?

- A nossa Seleção, com o passar dos anos, está como o vinho do Porto: cada vez melhor. O que é notável, ao longo dos anos, é que está a melhorar e a ficar cada vez mais jovem, sinónimo de reinvenção. Temos uma seleção preparada para ser campeã do mundo. Aceitamos isso, sem ser arrogantes, porque sabemos que somos bons. Temos dos melhores do mundo, tanto no banco como em campo. O (Jorge) Braz faz como ninguém, envolvendo todos num compromisso emocional exemplar. Portugal está preparado e capacitado para estes momentos. Eles também transmitem o mindset de excelência diária. O que para mim ainda é estranho é haver pessoas que acham estranho sermos melhores.

Portugal, além de ter uma Seleção capacitada, já conquistou o respeito dos outros. Isso provoca medo em muitas seleções. Todas as seleções sabem que Portugal pode ganhar a qualquer uma. E esse respeito é o que leva mais tempo a conquistar. Neste Mundial, Portugal pode ser tudo e até ser bicampeão mundial.