Depois do nulo registado diante do Uruguai, Paulo Bento promoveu três substituições no onze inicial da Coreia do Sul, todas elas no ataque, com as entradas de Jeong Woo-Yeong, Kwon Chang-Hoon e Cho Gue-Sung para os lugares de Lee Jae-Sung, Na Sang-Ho e Hwang Ui-Jo.
Do lado do Gana, Otto Addo deixou cair o esquema tático com três defesas-centrais utilizado na derrota contra Portugal e abordou a segunda partida com quatro defesas, operando três ajustes na equipa titular. Jordan Ayew foi titular na frente, com Alexander Djiku preterido, assim como os laterais Abdul-Rahman Baba e Alidu Seidu, que deram o lugar a Tariq Lamptey e Gideon Mensah, este último que conta uma passagem pelo Vitória de Guimarães.
As alterações pareciam beneficiar, numa primeira fase, a formação asiática. A dinâmica ofensiva, com trocas posicionais, causava estragos na defesa africana, que demorou a ajustar-se, fruto também da pressão alta inicial que foi sofrendo, comprovada pelos sete cantos conquistados pela Coreia do Sul ainda dentro dos primeiros 20 minutos de jogo.
Os comandados de Paulo Bento ocupavam o seu terço ofensivo e abafavam o adversário em busca do golo, que apareceu... do lado contrário. Aos 24 minutos, e naquela que foi a primeira iniciativa atacante do Gana, Mohammed Salisu aproveitou uma confusão na área contrária, após livre lateral, e abriu a contagem com um remate já na pequena área.
O conjunto coreano ajustou a abordagem, baixou um pouco as linhas e reduziu a pressão, porventura com o objetivo de controlar o ritmo do jogo na procura do empate. Mas a verdade é que não ia conseguindo dispor de chances claras de golo, em contraste com os ganeses, que revelaram uma produtividade absolutamente implacável.
Dez minutos volvidos e Mohammed Kudus, com um desvio subtil, de cabeça, deu a melhor resposta a um cruzamento fantástico, teleguiado, de Jordan Ayew, ampliando a vantagem. E, quanto à eficácia, convém destacar que a mesma não se notou apenas neste jogo, já que o golo do médio foi o quarto em cinco remates dos Gana à baliza até então no Mundial-2022.
Sem qualquer remate enquadrado no jogo inaugural, a Coreia do Sul continuava sem o conseguir e, até ao intervalo, só foi capaz de visar a baliza através de um fortíssimo remate de Kwon Chang-Hoon, travado por defesa fantástica de Lawrence Ati-Zigi, num lance que acabou invalidado por fora-de-jogo anterior.
Ao intervalo, a missão coreana parecia dantesca, mas o discurso de Paulo Bento parece ter sortido o efeito necessário. Aos 52 minutos, Cho Gue-Sung, de cabeça, deixou o primeiro aviso, obrigando Ati-Zigi a defesa vistosa depois de bom cruzamento desde a esquerda do ataque. E o que se segiu foi um autêntico festival da Coreia do Sul.
Cinco minutos depois, o treinador português lançou Lee Kang-In e, no minuto seguinte, o médio do Maiorca "roubou" a bola a Tariq Lamptey, cruzou com conta, peso e medida, e viu Cho reduzir a desvantagem.
O golo trouxe ímpeto postitivo aos coreanos e, no melhor período da equipa, não foi preciso esperar muito para que o empate chegasse. Três minutos depois, depois de boa jogada da formação coreana, com a bola a circular até ao lado esquerdo do ataque, Kim Jin-Su tirou mais um excelente cruzamento e Cho, com uma elevação extraordinária, atirou de cabeça para o empate, tornando-se no primeiro jogador sul-coreano de sempre a bisar em jogos do Campeonato do Mundo.
Mas, como se sabe, a lógica não impera num jogo de futebol. Numa altura em que a Coreia do Sul estava claramente por cima e o Gana visivelmente afetado, apareceu - ou reapareceu, no caso - Kudus. Com 68 minutos disputados, o jogador do Ajax deu a melhor sequência a um cruzamento de Mensah, pelo lado esquerdo, fazendo o segundo golo da sua conta pessoal e terceiro do Gana, que voltou à vantagem. Com este tento, fez história semelhante à de Cho, tornando-se no primeiro ganês de sempre a bisar em jogos do Mundial.
Ainda assim, o conjunto asiático não esmoreceu e partiu em busca de um ponto. Aos 75 minutos, Lee voltou a visar a baliza contrária, na cobrança de um livre direto parado por Ati-Zigi, e oito depois foi a vez de Kim Jin-Su tentar a sorte, mas, já dentro da grande área, atirou por cima.
Num jogo impróprio para cardíacos, os 10 minutos de compensação trouxeram crença, emoção e sofrimento. Cho teve nos pés o hat-trick, mas foi travado pelo guarda-redes ganês, que segurou, minutos depois, nova investida sul-coreana.
No final, fica, certamente, uma sensação muito amarga para a Coreia do Sul, que tudo fez para conseguir um resultado positivo, em contraste com a imensa alegria do Gana, que alcançou um triunfo importante para as aspirações na prova.
Homem do jogo Flashscore: Mohammed Kudus (Gana)