Hélder Antunes: "Temos de continuar a trabalhar na base, na formação e potenciar a jovem hoquista"
Hélder Antunes (Selecionador de Portugal):
“Acima de tudo, saio com a sensação de dever cumprido. Aquilo que projetámos já desde 2019, na sequência do trabalho que temos vindo a fazer, na base, juntamente com as associações e os clubes em Portugal, está a dar algum resultado. Este é um trabalho que demora a cimentar.
Claro que estou triste, porque queria a medalha de ouro, como é obvio. Mas (há que) ter em conta o percurso que fizemos, ter em conta aquilo que tentámos fazer contra a Espanha, ou a super Espanha, que, relembro, os últimos sete Europeus são da Espanha e nos últimos cinco Mundiais a Espanha esteve nas finais todas e conquistou quatro. Não é uma Espanha qualquer, merece todo o respeito de todas as seleções mundiais.
Tivemos dificuldades, não conseguimos contrariar a Espanha. Deixámos tudo em campo. Tentámos lutar pela vitória. Não conseguimos. Como as jogadoras sabem, não olhamos, para baixo, não olhamos para cima, vamos continuar a olhar em frente.
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(A seleção ser constituída por jogadoras muito jovens) Abre (boas perspetivas para o futuro), se nós não adormecermos. Temos de continuar a trabalhar. Continuar a trabalhar na base, continuar a trabalhar na formação, continuar a potenciar a jovem atleta hoquista, dar-lhes condições para elas crescerem, e nós cá estamos para as receber todas. Se continuarmos como temos feito nos últimos anos, sim, abre essas perspetivas. Agora, se nós ficarmos confortavelmente sentados no sofá, a dizer que somos vice-campeões do Mundo e nos contentarmos com isso, podemos voltar a regredir.
Sabíamos que a Espanha iria ter mais posse de bola, tendo em conta a qualidade das jogadoras, individualmente bastante acima da média, a nível técnico e tático, e a experiência internacional que têm. Nós montámos uma estratégia para contrariar isso, dando-lhes uma posse de bola consentida (…). Conseguimos manter o bloco baixo e tínhamos claramente como estratégia conseguir sair nas transições e tentar apontar-lhes algumas setas à baliza e pô-las em sentido. Conseguimos chegar uma ou outra vez com perigo, não tivemos muita clarividência na saída da pressão e conseguir espaço para colocar a bola na profundidade (…). Mas era essa a nossa estratégia, as jogadoras estavam perfeitamente sintonizadas com isso.
Qualquer altura é má para sofrer golo. (Neste jogo foi) No final da primeira parte e início da segunda. Quando nós ao intervalo redefinimos algumas situações que pensámos que iríamos pôr a Espanha mais em sentido, sofremos o segundo golo. Mesmo assim, a equipa tentou, conseguiu sair nas transições, não tivemos alguma clareza no último terço para atirar à baliza, e resumidamente foi isso que aconteceu em campo. E nunca esquecendo que do outro lado estava a Espanha, que acabou por ser superior em vários momentos do jogo”.
Ana Catarina Ferreira (Capitã da seleção de Portugal):
“Saio bastante satisfeita. Não podemos ver isto como um desgosto. Claro que queiramos sair daqui campeãs, mas, assim como nós queríamos, a Espanha também queria. Sabíamos as dificuldades que íamos ter, sabemos que a Espanha é uma equipa muito forte, e não nos podemos esquecer de todo o percurso que fizemos. E acho que temos de estar bastante orgulhosas. Há oito anos que Portugal não chegava a uma final e nós conseguimos chegar.
(sobre se o facto de a seleção ser constituída por jogadoras muito jovens abre boas perspetivas para o futuro) Claro, é sinal de que o futuro está bem guardado. O facto de termos tanta qualidade com miúdas tão jovens é sinal de que vamos ter futuro para uns bons anos.
(Sobre se esta campanha pode constituir um ponto de viragem) Espero que sim. Fala-se muito no campeonato português, que tem pouca qualidade, mas o que é certo é que as meninas de Portugal conseguiram chegar a uma final. Se calhar o campeonato português não tem assim tão pouca qualidade. E volto a dizer: não chegávamos a uma final há oito anos, e conseguimos chegar”.