Homenagem reuniu glórias do corta-mato na 100.ª edição do Nacional
Carlos Lopes (10 títulos de campeão nacional), Rosa Mota (oito) e Fernanda Ribeiro (cinco), três medalhas de ouro do atletismo português em Jogos Olímpicos, foram algumas figuras de destaque numa cerimónia que contou com vários outros campeões.
“Foi emocionante estar com todos os atletas, os mais antigos, porque nós somos amigos e raramente nos vemos. Por isso, foi um momento muito agradável para nós e para quem nos estava a aplaudir”, resumiu Rosa Mota, em declarações à agência Lusa.
Campeã olímpica da maratona em Seul1988, a antiga atleta agradeceu “por terem a ideia de festejar o centenário” das edições do campeonato nacional “com os campeões que fazem parte desta prova tão bonita”.
Aproveitou para dar um abraço a Carlos Lopes, de quem é “amiga há muitos anos” e a quem se referiu carinhosamente como “o meu campeão” e que se mostrou também satisfeito pelo “reconhecimento a todos aqueles que ajudaram uma modalidade complicada e que deu ao país grandes momentos da história do desporto em Portugal”.
“É o reconhecimento de tudo aquilo que fizemos em prol do desporto e, acima de tudo, dar aos jovens a oportunidade de se mostrarem e criarem condições para um futuro mais diverso. O crosse é extremamente importante como preparação para a pista e faz parte da história do desporto em Portugal”, vincou o campeão olímpico da maratona em Los Angeles1984.
Os dois deram o exemplo no cross para futuros campeões, como Fernanda Ribeiro, cinco vezes campeã nacional de corta-mato longo, apesar de “não ser das coisas que mais gostava”.
“É uma homenagem muito bonita, não é assim muitas vezes que se encontram tantos campeões juntos e, por isso, acho que devem fazer muitas mais. Foi a primeira vez que se fez uma homenagem desta natureza, pelo menos no corta-mato, por isso foi importante”, resumiu a campeã olímpica dos 10 mil metros em Atlanta1996.
Entre os homenageados, que fizeram uma corrida simbólica de cerca de 50 metros até à meta, estavam ainda antigos campeões nacionais como Domingos Castro (cinco), Paulo Guerra (cinco), Fernando Silva (dois), Ezequiel Canário (dois), Rui Pedro Silva (um) e Joaquim Vieira (um).
Do setor feminino marcaram presença Albertina Dias (três) e Albertina Machado (dois), assim como a sua filha, Mariana Machado, que pouco depois superou o registo da mãe ao sagrar-se tricampeã nacional de seniores absolutos.
Antes de todas elas, Manuela Simões (quatro) abriu o caminho, em 1967, para todas as suas sucessoras, numa época em que, tal como atualmente, os atletas de pista recorriam ao corta-mato como preparação de inverno.
“Ser campeã, na altura, não foi uma coisa assim muito grande porque eu era atleta de pista. Fazia provas de 100 metros barreiras e o pentatlo, portanto não fiz uma festa assim muito grande. Hoje, sim, foi uma maravilha. Foi melhor do que quando ganhei”, reconheceu à agência Lusa a primeira campeã nacional de corta-mato longo, em 1967.
A homenagem de que foram alvo os antigos campeões, disse Manuela Simões, serviu também para “lembrar à gente mais nova as peripécias” que os atletas do seu tempo passavam em terrenos normalmente “com lama”, como recordou Fernanda Ribeiro.
“Hoje tudo correu bem para nós, que nem lama temos, nem chuva. Está um dia bonito”, enalteceu a campeão olímpica de 1996.