Lazio: vitória no dérbi e segundo lugar, a estratégia de Sarri vai sair por cima no final?

Maurizio Sarri não tem medo do risco. A coragem é uma qualidade pela qual até os seus detratores sempre lhe deram crédito. Por vezes tem corrido bem para, outras nem tanto. Mas mesmo depois de uma derrota, o treinador toscano voltou sempre à sua própria filosofia porque, nas palavras de Pep Guardiola,"é precisamente em tempos de dificuldade que a tens de defender de forma ainda mais tenaz".

Contudo, isto não significa que o treinador da Lazio não seja uma pessoa razoável e, acima de tudo, racional. Pelo contrário, as suas últimas decisões vão precisamente nessa direção. E, afinal de contas, não é totalmente certo que a fantasia e a lógica devam entrar em conflito, embora não seja fácil encontrar a dose correta de um e do outro. Mas as experiências nunca assustaram o alquimista toscano de 64 anos.

No entanto, este ano Sarri voltou ao básico. E não só aos dias dos campos suburbanos, mas também à sua primeira experiência na Serie A, ao leme do Empoli. Uma das principais lições aprendidas na província é que percorrer o quilómetro extra é muito perigoso. Talvez lhe dê alguma satisfação a curto prazo, mas, a longo prazo, pode ser desastroso.

E é precisamente por esta razão que, inicialmente só através das suas escolhas, mas agora também pelas palavras, ditas em conferência de imprensa, Sarri está a dedicar-se à catequese dos adeptos da Lazio (e talvez também dos dirigentes) sobre os limites óbvios de um plantel que, na sua opinião, não se pode dar ao luxo de gastar energias em três frentes.

E assim, após a eliminação na Liga Europa, em outubro, chegou, primeiro, a eliminação na Taça de Itália contra o Bolonha e, depois, o duplo passo falso na Liga Conferência com o AZ Alkmaar, que custou aos Biancocelesti a saída definitiva das competições europeias. Em suma, Sarri compreendeu que para alcançar o seu principal objectivo - entrar nos quatro primeiros da Liga - a equipa da Lazio teria de concentrar energias e esforços na Serie A.

Apostar numa única competição, no entanto, é uma faca de dois gumes porque se por um lado lhe permite concentrar-se melhor no objectivo final, por outro, condena-o ao fracasso total caso não o atinja.

A saída da Liga Conferência vai obrigar, para o melhor ou para o pior, a Lazio a jogar, de agora até ao fim da época, cada jogo como se fosse uma final. O primeiro foi ganho e, considerando o adversário, estava entre os mais importantes e decisivos. Para além da paz de espírito de ter atingido o objetivo mínimo da época, que é vencer a Roma no dérbi, os três pontos serviram aos Biancocelesti para ultrapassar o Inter na segunda posição da tabela. Em suma, a estratégia arriscada de Sarri está a funcionar. Pelo menos por agora...