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México-1968: Luta contra o racismo nos primeiros Jogos da América Latina

Tommie Smith e John Carlos num pódio que entrou para a história
Tommie Smith e John Carlos num pódio que entrou para a históriaOlympics
O protesto dos norte-americanos Tommie Smith e John Carlos pela igualdade dos negros entrou para a história dos Jogos Olímpicos de 1968, os primeiros na América Latina, na altitude da Cidade do México.

Com o mundo em ebulição, com a revolução cultural na China ou a invasão da União Soviética à Checoslováquia, acabaram por ser Tommie Smith e John Carlos a deixar uma marca indelével nos Jogos do México, um país em que 10 dias antes da cerimónia de abertura várias dezenas de estudantes foram mortos por militares numa manifestação.

A 16 de outubro, Tommie Smith conquistou o título olímpico dos 200 metros, com um recorde do mundo de 19,83 segundos, com o seu compatriota John Carlos no terceiro lugar, mas foi a sua subida ao pódio que entrou para história.

Com o hino norte-americano a tocar no estádio, os dois atletas negros ergueram uma das mãos, de punho cerrado e com luvas pretas calçadas, um símbolo do black power (poder negro).

Os dois atletas foram excluídos da comitiva norte-americana, mas acabaram por, mais tarde, ser reconhecidos como dois símbolos da resistência negra nos Estados Unidos.

Menos conhecida é a história do branco Peter Norman, medalha de prata com um tempo que ainda hoje é o recorde da Austrália (20,06), ostracizado por ter subido ao pódio com um distintivo do Projeto Olímpico para os Direitos Humanos.

Apenas após a sua morte, o governo australiano pediu desculpa a Norman, nunca mais escolhido para uns Jogos, apesar de ter conseguido mínimos para a edição de 1972, numa altura em que a Austrália também tinha divergências raciais profundas.

Além da questão política, os Jogos de 1968 ficaram ainda marcados pelo elevado número de recordes batidos, em especial nas disciplinas de explosão – corridas de curta distância, saltos, halterofilismo, etc. –, beneficiadas pelos 2.300 metros de altitude da Cidade do México.

Mais de 30 recordes do mundo caíram e outros tantos olímpicos também foram batidos, com destaque para o salto galácticode Bob Beamon no comprimento - os 8,90 metros foram melhor marca mundial durante 23 anos – ou para a vitória de James Hines nos 100 metros, com 9,95 segundos, na primeira pista de ‘tartan’ da história dos Jogos.

Ao usar a inédita técnica de saltar de costas, o norte-americano Richard Fosbury entrou para a história do salto em altura no México.

A mais galardoada destes Jogos acabou por ser a ginasta checoslovaca Vera Caslavska, que amealhou seis medalhas - quatro de ouro e duas de prata.

Nos primeiros Jogos com mais de 100 países participantes, foi igualmente inédito o facto de ter sido uma mulher, a corredora de obstáculos Enriqueta Sotelo, a acender a chama olímpica.

Tal como em Tóquio-1964, os Estados Unidos voltaram a impor-se no quadro de medalhas, mas agora de forma bem mais vincada, com um total de 87, 45 das quais de ouro, enquanto a União Soviética não foi além de 29 subidas ao mais alto degrau do pódio.

No México, os vencedores foram também pela primeira vez obrigados a fazer controlos antidoping.

Discreta participação portuguesa na altitude mexicana

A pequena representação portuguesa passou sem grandes resultados pelos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México, com as esperanças depositadas no fundista Manuel de Oliveira a não se confirmarem.

Quatro anos antes, em Tóquio, Manuel de Oliveira tinha ficado a dois segundos de conseguir a medalha de bronze nos 3.000 metros obstáculos, mas numa prova disputada a 2.300 metros de altitude não foi além do oitavo lugar na sua eliminatória.

A delegação lusa participou ainda em esgrima, na ginástica, no halterofilismo e na luta (pela primeira vez, Portugal qualificou lutadores para quatro categorias), mas a maioria dos portugueses não passou da primeira ronda.

A vela, modalidade que já tinha dado três medalhas a Portugal, também teve resultados aquém do esperado, com os irmãos Mário e José Manuel Quina, últimos medalhados lusos, a conseguirem apenas o 17.º lugar entre 20 equipas na classe Star.

No tiro, a ausência de Portugal na capital mexicana ficou marcada pela polémica, uma vez que a federação portuguesa não autorizou a presença de Armando Marques – viria a conquistar a prata oito anos depois –, por razões disciplinares que o atirador refutou.

Quadro de Medalhas

Estados Unidos -  107

União Soviética - 91

Japão - 25

Hungria - 32

RDA- 25

França - 15

Checoslováquia - 13

RFA - 26

Austrália - 17

Grã-Bretanha  - 13

Polónia - 18

Roménia - 15

Itália - 16

Quénia - 9

México -  9

Jugoslávia -  8

Países Baixos - 7

Bulgária - 9

Irão - 5

Suécia - 4

Turquia -  2

Dinamarca -  8

Canadá - 5

Finlândia -  4

Etiópia - 2

Noruega - 2

Nova Zelândia - 3

Tunísia - 2

Paquistão -   1

Venezuela - 1

Cuba -  4

Áustria - 4

Suíça -  5

Mongólia - 4

Brasil - 3

Bélgica - 2

Coreia do Sul -  2

Uganda -  2

Camarões - 1

Jamaica - 1

Argentina - 2

Grécia - 1

Índia - 1      1

Taiwan -  1