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Entrevista Flashscore a João Ferreira: "Arranco para o Dakar com ambições de lutar pela vitória"

João Ferreira vai participar pela segunda vez no Dakar
João Ferreira vai participar pela segunda vez no DakarMCH
Aos 24 anos, João Ferreira vai participar no seu segundo Dakar. Depois de ter vencido o Rali de Marrocos na categoria T4, em 2023, e conquistado o título de campeã na Baja de Portalegre, o piloto, que formará dupla com o navegador Filipe Palmeiro, é considerado um dos favoritos a alcançar a vitória na categoria SSV (Side-by-Side Vehicles). Em entrevista exclusiva ao Flashscore, antes do início da prova, que vai de 5 a 19 de janeiro, na Arábia Saudita, fala das suas ambições, da atualidade dos desportos motorizados em Portugal e da sua ascensão pessoal.

- Como surgiu o todo-o-terreno na vida do João Ferreira?

A minha carreira começou no Karting e depois de alguns anos nesta modalidade, apostámos numa mudança para o Todo-Terreno. Na minha família o meu pai já praticava todo-o-terreno, eu já assistia às corridas, por isso a escolha acabou por ser natural. Fizemos uma abordagem em viaturas de categorias mais baixas, o que foi uma excelente decisão pois preparou-nos da melhor forma para os desafios que temos hoje.  

- Foi Campeão Nacional Absoluto em 2022. Como comenta esta ascensão tão rápida?

Não sei se foi uma ascensão rápida ou uma boa oportunidade que agarrámos com determinação. Nessa temporada de 2022 o nosso objetivo era conhecer o MINI JCW T1 com que dávamos os primeiros passos e continuar a evoluir no Campeonato Portugal de Todo-o-Terreno. As coisas acabaram por nos correr bem ao longo de todo a temporada, onde só não vencemos uma corrida. Depois do título, a oportunidade de ir ao Dakar 2023 foi o empurrão que faltava para apostarmos numa carreira internacional, que vamos cumprindo, agora com a chegada do segundo Dakar. Correr lá fora acaba por não nos permitir participar a tempo inteiro no CPTT, onde gostamos muito de correr e onde, inclusivamente, vencemos duas corridas em 2023, incluindo o triunfo em Portalegre, à Geral, diante dos melhores pilotos do Mundo que, ano após ano, nos visitam nesta fantástica prova. 

Imagens de João Ferreira
MCH

⁠- Como está o todo o terreno em Portugal?

O Todo-o-Terreno em Portugal está bem vivo. É incrível olharmos para o parque automóvel do nosso campeonato e percebermos o investimento feito pelos pilotos. Em Portugal há várias viaturas de última geração, Ultimate (T1+), também uma lista infindável de viaturas Chalenger (T3) e SSV (T4), os Side-by-Side que cada vez mais ganham espaço nas corridas a nível mundial e ainda uma vasta lista de grandes pilotos. Estamos na linha da frente no que toca a esta modalidade, apesar dos elevados custos que acarreta.

- Depois da estreia no Dakar em 2023 regressa com novas ambições. O que mudou? Quais os objetivos? 

- Efetivamente 2023 foi um ano em que o Dakar, apesar de não ter sido de todo perfeito, permitiu-nos ter o primeiro contacto com a competição, vencer etapas. Acima de tudo permitiu que me apaixonasse pela competição mais dura do mundo. Depois do Dakar fiz o W2RC num Yamaha X-Raid da categoria T3 e, já depois do verão, surgiu o convite para integrar o Can-Am Factory Team, com a equipa South Racing que está sediada em Portugal. Arranco para este Dakar inserido na categoria T4, agora denominada SSV, com ambições de lutar pela vitória à Geral. Sabemos que o Dakar é uma corrida onde de nada vale termos objetivos, porque é uma prova muito dura e longa, em que num dia podemos estragar o bom trabalho que tenhamos feito nas outras 13 etapas. Temos de ser conscientes, acreditar que temos capacidade para vencer e gerir todas as adversidades. Seria um grande orgulho ser o primeiro português a vencer um Dakar. É para isso que vou trabalhar, seja em 2024 ou no futuro.

O carro que João Ferreira vai levar ao Dakar
O carro que João Ferreira vai levar ao DakarMCH

- ⁠Depois de Cristiano Ronaldo, Jorge Jesus, Ruben Neves, entre outros, sente que os habitantes da Arábia Saudita vão passar a conhecer outro português, chamado João Ferreira?

- Era bom sinal! (risos) Naturalmente que a nossa modalidade não tem a força do futebol que é unanimemente conhecido e compreendido por todos, mas a verdade é que os Árabes gostam do desporto motorizado. Acredito que em Portugal temos atletas de grande valor em qualquer modalidade e que nos podemos bater de igual para igual com qualquer desportiva de qualquer país. O que acho que é de facto importante é levar a nossa bandeira mais longe e aí, vamos fazer o nosso melhor para, no desporto motorizado, levarmos tão longe a bandeira de Portugal como a continua a levar o Cristiano Ronaldo no futebol.

João Ferreira chega ao Dakar com legítimas ambições
MCH

- O Dakar parece também ter perdido a fama que tinha. Concorda? Que razões?

- Há imensas pessoas com essa opinião, mas, felizmente, não concordo com a afirmação. É verdade que depois da transição do norte de África para a América do Sul o Dakar possa ter perdido algum fulgor na Europa, fruto da diferença horária que não permitia que as informações chegassem em horário válido ao nosso continente. Contudo, e apesar da desconfiança generalizada com os países do médio oriente, a chegada do Dakar à Arábia Saudita foi uma grande notícia para a prova. As condições para a prática da modalidade são ótimas, a níveis de segurança é feito um controlo brutal e nós, os pilotos, sentimo-nos em casa. Ainda assim, o maior argumento que podemos ter para dizer que o Dakar está bem vivo é que, neste momento, existem mais marcas envolvidas no Dakar, e consequentemente no Campeonato de Mundo de Rally Raid (W2RC), do que no WRC (Campeonato do Mundo de Ralis). Só na classe Auto, temos a MINI, a Toyota, a Ford e a Audi e, em 2025, a Dacia vai fazer uma aposta gigante. Quem estiver atento a este Dakar vai perceber do que falo.

João Ferreira quer deixar a sua marca na Arábia Saudita
João Ferreira quer deixar a sua marca na Arábia SauditaMCH