O inglês recebeu a bandeira axadrezada com mais de 20 segundos de vantagem sobre Verstappen após a única corrida sem safety-car de sempre no notoriamente difícil circuito de rua de Marina Bay.
A AFP Sport destaca três pontos de discussão que emergiram da corrida nocturna de domingo:
Verstappen a testar os limites da FIA
Verstappen, tricampeão mundial, parece estar em rota de colisão com a FIA, a entidade que rege a F1, depois do seu comportamento em conferências de imprensa espinhosas.
Em primeiro lugar, o piloto da Red Bull utilizou um palavrão numa transmissão em direto da sessão de pilotos pré-corrida com os meios de comunicação social, na quinta-feira, apesar de uma diretiva da FIA para que os pilotos deixem de usar linguagem obscena.
Depois de lhe ter sido aplicada o que equivale a uma "ordem de serviço comunitário" na F1, o neerlandês protestou restringindo as suas respostas nas conferências de imprensa oficiais da FIA após a qualificação de sábado e a corrida de domingo.
"É muito fácil ser multado... por isso, prefiro não falar muito", disse o piloto de 26 anos.
Optou por falar com os jornalistas fora da sala de entrevistas oficial, classificando a posição da FIA de "disparatada" e ameaçando que a polémica poderia apressar a sua saída da Fórmula 1.
O ex-campeão mundial Nico Rosberg, que está em Singapura como comentador de TV, alertou que Verstappen estava a "ultrapassar os limites" da paciência da FIA.
"Max está realmente a ir por esse caminho agora, nem mesmo a falar na conferência de imprensa da FIA", disse Rosberg na Sky Sports F1: "É contratualmente obrigado a responder às perguntas. É uma linha ténue. Ele está a ultrapassar os limites".
A maioria dos pilotos está do lado de Verstappen e, com quatro semanas até a próxima corrida em Austin, há tempo para todos se acalmarem. "Vai ser interessante ver isso acontecer", disse Rosberg.
Ricciardo "em paz"
Daniel Ricciardo pode muito bem ter corrido pela última vez no domingo, terminando em 18.º lugar, mas conseguindo estabelecer a volta mais rápida no último hurrah de 13 anos na grelha da Fórmula 1.
O contrato com a RB termina depois de Singapura, com todas as indicações de que o piloto de 35 anos deverá ser substituído por Liam Lawson na próxima corrida nos Estados Unidos.
Se, como esperado, a cortina cair, Ricciardo sai com 258 partidas em grandes prémios, 32 pódios e oito vitórias em uma carreira que muitos pilotos cobiçariam.
O australiano é muito apreciado por ser um dos pilotos mais afáveis do paddock, com um sorriso contagiante e um sentido de humor perverso.
Trouxe a "cultura" australiana para o pódio sob a forma do chamado Shoey, que envolve beber champanhe de uma bota de corrida suada e malcheirosa.
O autointitulado honey badger estreou-se em 2011 com a equipa HRT e também pilotou para a Toro Rosso - que mais tarde se tornou AlphaTauri e depois RB - Red Bull, Renault e McLaren, marcando 1.329 pontos.
"Tenho de estar preparado para o facto de talvez ser isto", admitiu o australiano após a corrida. "Digamos que estou em paz com isso".
Lagarto vence o sprint
O circuito de Marina Bay não só atravessa o centro da cidade, mas também os caminhos dos seus numerosos residentes répteis que habitam a verdejante orla marítima de Singapura.
As primeiras sessões de sexta-feira e sábado têm lugar pouco antes do pôr do sol, quando os lagartos gigantes de Singapura emergem do calor do dia.
Max Verstappen foi surpreendido por um desses Godzillas na pista em 2017 e, há um ano, Fernando Alonso atingiu e matou acidentalmente um no seu Aston Martin.
No sábado, o espanhol estava novamente em pista quando outro residente escamoso decidiu aproveitar o asfalto quente.
Desta vez, Alonso evitou uma colisão, provocando uma bandeira vermelha, uma vez que o lagarto mostrou pouca inclinação para se mover.
Quando os fiscais confrontaram o réptil, este arrancou como Usain Bolt, com dois perseguidores adornados com tabardas, para divertimento de todos os presentes.
Basta dizer que o lagarto venceu facilmente o único sprint da semana da corrida de Singapura e fugiu para um local seguro.