Na terça-feira, em Banguecoque, a polícia tailandesa organizou um torneio de MMA (artes marciais mistas) no estádio Rajadamnern, um dos mais prestigiados da Tailândia, no qual participaram 96 dos seus agentes.
Os concorrentes enfrentaram-se em rondas de três minutos, utilizando técnicas que vão do boxe tradicional tailandês (muay thai, que permite a utilização de punhos, cotovelos, canelas e joelhos) ao jiu-jitsu brasileiro.
O vencedor de cada categoria recebeu a quantia de 5.000 baht (125 euros), disse à AFP Rattawut Jiamsripong, vice-comandante do Centro de Formação da Polícia. Mas também, segundo este organizador, a honra de dominar o "suspeito", ou seja, o seu adversário.
As forças policiais tailandesas são regularmente criticadas pelo seu envolvimento em assassínios e corrupção e pelas suas técnicas de detenção demasiado brutas. Segundo uma sondagem publicada em janeiro, pouco mais de 10% dos tailandeses têm confiança na polícia.
"Como um dia de ronda"
Apesar da sua derrota na categoria de menos de 85 kg, o combate do agente Ratchanat Hongtawee continua a ser "uma boa experiência", conta.
"É quase como um dia de ronda, quando temos de deter um suspeito", diz à AFP. " Sou o primeiro a entrar em contacto (com os suspeitos) e, por vezes, eles resistem à prisão", explica.
Quando a campainha assinalou o início do combate, a camaradagem e a cortesia entre colegas deram lugar a uma explosão de violência, mal atenuada pelas luvas e capacetes de proteção. "Quero assegurar-vos que há aqui bons polícias", disse o polícia Aek-Amorn Preeda-akkarakul, que tinha vindo das bancadas para aplaudir os seus colegas. Os espectadores não foram os únicos a apreciar o espetáculo, uma vez que os combates também foram transmitidos pela Internet.
Em 2022, o país ficou chocado com o caso "Joe Ferrari", alcunha de um antigo chefe da polícia local corrupto e amante de carros de luxo, que tinha acumulado cerca de 37 milhões de dólares.
Quase um em cada dois tailandeses afirmou ter pago um suborno à polícia nos últimos 12 meses, de acordo com um estudo da Transparência Internacional publicado no final de 2020. Jirabhop Bhuridej, chefe do Gabinete Central de Investigação e iniciador do projeto, disse num vídeo transmitido na abertura do torneio que o objetivo da competição desportiva era encorajar os polícias a manterem-se em forma e "servir o povo".