Não há lugar para estrangeiros e jogadores de outra cor na seleção da Bulgária, diz diretor
Era suposto ter sido uma simples conferência de imprensa sobre o desenvolvimento do treino de formação na região de Montana. No entanto, aproveitando a presença da rádio pública búlgara BNR, as palavras de Georgi "Gonzo" Ivanov espalharam-se pelo país e já saltaram a fronteira. O que disse ele?
"Apenas os búlgaros devem jogar pela seleção da Bulgária. Enquanto eu for o diretor das seleções nacionais, nenhum jogador estrangeiro, com passaporte estrangeiro, com uma cor de pele diferente, vai jogar pela equipa nacional búlgara. É a maior honra para qualquer búlgaro jogar pela seleção nacional e se tirarmos isso a alguém, vai afetar-nos a todos. Não quero jogadores de outros países a substituírem búlgaros. Noutros países isso acontece, mas para mim é uma má prática", disse, na qualidade de representante da Federação Búlgara de Futebol (BFS).
As declarações fizeram mossa e correram por todo o país pelo quarto dia consecutivo, tendo atravessado as barreiras fronteiriças. Criticado pela exclusão de pessoas de cor diferente, Ivanov não se sente culpado. Do seu ponto de vista, a declaração foi tirada do contexto. (Publicamos deliberadamente a intervenção na íntegra, ndr).
"A minha posição mantém-se - só os futebolistas com raízes búlgaras e que se sintam búlgaros devem jogar pela nossa equipa nacional, quer eles tenham nascido no país ou não. Mantenho as minhas palavras que o meu desejo é ver a Bulgária com búlgaros no onze inicial e acredito que a comunidade do futebol vai concordar", escreveu Ivanov em comunicado.
Já alguns comentadores apontaram que o objetivo das declarações de Ivanov não foram feitas a partir do vazio, nem se referem a situações hipotéticas no futuro.
Apesar de ter tido três dias para tomar uma posição, a Federação búlgara mantém o silêncio.
Por outro lado, a lenda nacional Stiliyan Petrov não teve qualquer problema em expressar a sua opinião através das redes sociais:
"Estou profundamente chocado e entristecido pelas palavras do diretor técnico da nossa federação, as quais condeno de forma muito veemente. Que alguém consiga pensar dessa forma já é mau suficiente. Mas para um diretor sénior de uma organização com tanta responsabilidade e influência considerar essas palavras discriminatórias como aceitáveis é o cúmulo do absurdo. Mostra a raíz e a cultura da ignorância entre os atores do nosso futebol", atirou.