“Correu bem. Primeira experiência. Ganhei a experiência, ganhei a competitividade. Estou feliz. Agora, é aproveitar as férias”, começou por dizer o nadador de 19 anos, na zona mista de La Défense Arena.
No entanto, ao longo das suas declarações, Diogo Ribeiro foi reconhecendo que esperava muito mais do que o 20.º melhor tempo das eliminatórias – nadou em 51,90 segundos, ficando a 28 centésimos do 16.º e último apurado para as meias.
“Vim para aqui como campeão mundial e nem a meia-final passei. Temos de ver o que é que aconteceu, o que é que falhou para o pico de forma. Não vou mentir, nem estava à espera que com as sensações que tive nesta prova... Pensei que ia para um tempo mais rápido, mas, ao mesmo tempo, não me esforcei assim tanto para ir com o tempo mais rápido. Ou seja, sinto que tinha mais para dar, mas, infelizmente, ia na terceira série e os outros podiam ver os tempos que estávamos a fazer e ir mais rápido”, admitiu.
O campeão mundial dos 100 mariposa alinhou numa série “forte” e pensou que, se conseguisse manter-se “no grupo da frente, ia dar para passar à meia-final”.
“Depois o grupo da frente esticou-se ali no final e eu não consegui acompanhar”, completou.
Questionado sobre se não arriscou ao não se esforçou “assim tanto” na sua série, como o próprio declarou, Ribeiro defendeu que “não foi arriscar”, simplesmente porque esta foi a sua primeira experiência olímpica.
“Tinha de passar à final e na final tudo podia acontecer. Mas lá está, assim como fui campeão mundial sete décimos à frente do oitavo, também podia ter ficado fora da final, essas coisas acontecem. Também todos sabemos que nesse Mundial, em todas as eliminatórias que passei, fui melhorando o tempo, ou seja, fui sempre a ver o que é que eu podia esticar e como é que eu podia passar e agora estava à espera que fosse a mesma coisa, estava à espera de um 51,6 que me daria a passagem, mas não foi possível”, revelou.
Ribeiro foi apenas sexto na terceira série da sua prova de eleição, ficando ainda distante do seu recorde nacional (51,17 segundos).
“Estou contente e ao mesmo tempo não estou. Estou contente pela experiência e porque são os Jogos Olímpicos, mas, ao mesmo tempo, claro que ambicionava fazer mais, é óbvio”, reforçou, num discurso pautado por permanentes oscilações no seu estado de espírito.
O nadador do Benfica confessou ainda que a grande pressão com que teve de lidar foi a sua, definindo-a como “a maior de todas”.
“A prova não foi bem gerida e não consegui obter a passagem. Estou triste, mas, ao mesmo tempo, estou contente. Agora quero manter a calma, ter a cabeça para cima e, sobretudo, não mostrar que ‘estou a bater mal na cabeça’, porque nós, atletas, treinamos muito isso, também o psicológico. E só quem é campeão do mundo e quem tem medalhas todos os anos - que há muitos portugueses nas modalidades a fazer isso, felizmente - é que percebe o quão psicologicamente estamos preparados para chegarmos lá e fazermos”, notou.
O jovem luso está convencido que não é por ter falhado em Paris-2024, onde foi 16.º nos 50 metros livres (meias-finais) e 28.º nos 100 livres, que “as pessoas vão começar a fazer críticas”.
“Acho que críticas construtivas são boas, mas às vezes, como à Simone Biles (ginasta norte-americana) também já aconteceu, de ver tanta coisa, tanta porcaria, entre aspas, na net, tantos comentários maus, dá cabo da cabeça de um atleta e acho que temos de apoiar os atletas e não rebaixá-los mais”, alertou.