Nenhum movimento da Federação Francesa apesar da investigação a Noel Le Graet
Reunida na manhã desta quinta-feira por videoconferência sem o seu chefe de 81 anos, a comissão executiva do órgão discutiu a situação do líder, mas manteve o status quo, aguardando a publicação do inquérito da Inspeção-Geral da Educação, Desporto e Investigação (IGESR), encarregado pelo Ministério do Desporto a esclarecer as disfunções do organismo.
O relatório provisório está previsto para 30 de janeiro, pelo que a FFF poderá fazer observações antes da constituição de um relatório final. Poderá o relatório final acusar Noel Le Graet? O futuro do ex-presidente de Câmara de Guigamp, nas funções atuais desde 2011, pode muito bem depender disso.
"O comité vai reunir-se daqui a uns dias para se concentrar totalmente nos resultados da investigação, que deverá estar concluído em meados de fevereiro", apontou Eric Borghini à AFP, membro do Comité Executivo e presidente da comissão federal de árbitros.
Inquérito e deslizes
Já enfraquecido por inúmeras polémicas e acusado de comportamento sexista por várias mulheres, Noel Le Graet foi forçado a recuar na semana passada durante um Comité Executivo extraordinário convocado logo após declarações polémicas sobre o ícone do futebol e do desporto francês Zinedine Zidane.
E a abertura de uma investigação por parte do Ministério Público de Paris sobre o assédio moral e sexual de Le Graet, na segunda-feira, após um relatório feito pelos investigadores do IGESR, ofuscou ainda mais as suas perspetivas. A FFF, agora chefiada internamente pelo vice-presidente Philippe Diallo, tenta continuar o seu trabalho sem o líder de 81 anos, que está de férias em Martinica.
Se há muito tempo era apoiado de corpo e alma pela Comissão Executiva - constituída por integrantes da sua lista para a última reeleição, em 2021 -, esse já não é o caso nas últimas semanas. Se nenhum desses membros pediu publicamente a sua renúnuncia, vários encorajaram "NLG" a abandonar o cargo.
Le Graet nega as acusações
Fora da FFF, o clima é ainda mais hostil e os pedidos de demissão multiplicam-se. A saída de Le Graet "seria um sinal extremamente positivo para todas as vítimas", disse Isabelle Rome, ministra para a Igualdade de Género, no canal público Sénat.
Mas o chefe do futebol francês aguenta-se: na terça-feira negou as acusações atacando, em comunicado enviado à AFP, as fugas de informação organizadas "através da imprensa" e denunciando a "investigação administrativa, claramente incriminatória", na qual não teve "a oportunidade de fazer observações em sua defesa". Criticou ainda a "interferência e pressão política" do governo, particularmente da ministra do Desporto, Amélie Oudéa-Castéra.
Se o ex-presidente do clube Guingamp não entregar as rédes de livre vontade, o Comité Executivo pode fazer um pedido nesse sentido, segundo uma fonte próxima do assunto. Mas a margem de manobra do comité permanece limitada: o "governo" da FFF só pode "encorajar" o presidente a demitir-se, explicou um dos membros, e não o pode obrigar a deixar o palco.
Se Le Graet se recusar a afastar-se, o principal receio dos representantes eleitos é que seja convocada uma Assembleia federal por parte de um quarto dos membros, o que levaria a dissolução do Comité Executivo.