Reveja as principais incidências da partida
Quem de quatro mantém um (e não aquele que se esperava)
Eram quatro os jogadores sempre titulares na Seleção Nacional neste Mundial. Sobrou um: Diogo Costa. Fernando Santos deixou Cristiano Ronaldo no banco, e essa foi a grande surpresa antes da partida, mas prescindiu igualmente de João Cancelo, perante a forma sublime de Diogo Dalot, e também de Rúben Neves, apostando em William Carvalho.
Na frente, claro está, sem o capitão, que não se sentava no banco numa grande competição desde... 2008, o selecionador nacional apostou em Gonçalo Ramos. No total, e tendo por base o renovado onze com a Coreia do Sul, Fernando Santos mudou oito peças, fazendo regressar Otávio, recuperado de lesão.
Do lado da Suíça, com Edimilson Fernandes a titular na ala direita, o selecionador Murat Yakin optou por um sistema de três centrais.
Tinha razão, sr. engenheiro
O primeiro remate do jogo pertenceu a Embolo, com Pepe a desviar para o primeiro canto da partida, aos cinco minutos, numa clara exceção na etapa inicial da partida, de puro equilíbrio, jogado sobretudo a meio-campo.
No primeiro remate à baliza de Sommer, Portugal... marcou. E por Gonçalo Ramos, a opção de Fernando Santos a titular, no lugar de Cristiano Ronaldo. Tudo nasceu de um lançamento lateral de Raphael Guerreiro, João Félix recebeu, soltou para Gonçalo Ramos que, após rotação, rematou fortíssimo e colocado ao ângulo superior direito da baliza suíça, colocando a Seleção Nacional na frente do marcador aos 17 minutos. O remate saiu a... 106 km/h!
Portugal soltou-se e, antes sequer de esperar a reação suíça, voltou a criar perigo: Gonçalo Ramos, desta vez, a assistir, aos 22 minutos, para o remate de Otávio, de fora da área, para Sommer agarrar. Um minuto depois, novamente Gonçalo Ramos, mas com o tiro à figura do guarda-redes suíço.
À meia hora, depois de Rúben Dias travar Embolo em falta, Shaqiri, de livre, criou a primeira ocasião de perigo para a Suíça, com Diogo Costa, pelo seguro, a desviar para canto.
Como o vinho (do Porto)
Aos 32 minutos João Félix quis bisar nas assistências, Gonçalo Ramos quis bisar nos golos, mas o cruzamento do (ainda) avançado do Atlético Madrid foi cortado por Schar, de cabeça, quase para a própria baliza. Canto para Portugal, canto para Bruno Fernandes, da direita, e um cruzamento perfeito para Pepe (39 anos, 40 em fevereiro!) saltar e cabecear certeiro para o 2-0 para Portugal.
Tinha razão, sr. engenheiro, parte 2
Depois do 2-0, eis a primeira ocasião soberana para a Suíça, aos 38 minutos, após cruzamento de Edimilson, da direita, Diogo Costa a voar, a tocar a bola mas sem a aliviar e depois... Diogo Dalot, opção de Fernando Santos no lugar de João Cancelo, absolutamente decisivo no corte quando Freuler já se preparava para reduzir o marcador.
E porque é de Fernando Santos que estamos a falar, o que dizer do contra-ataque de laboratório aos 43 minutos? João Félix é travado em falta por Schar, o árbitro dá a lei da vantagem e Bruno Fernandes faz um passe magistral, isolando Gonçalo Ramos que, só com Sommer pela frente, rematou cruzado para enorme defesa do guarda-redes suíço, negando o 3-0 e o bis ao avançado do Benfica, aposta pela primeira vez a titular de... Fernando Santos. Tinha mesmo razão, sr. engenheiro.
Vénia, sr. engenheiro
Ao intervalo o selecionador da Suíça, Murat Yakin, emendou a mão, lançando Comert no lugar de Schar e regressando ao modelo habitual, em 4x2x3x1.
Fernando Santos, esse, manteve a estratégia inicial. E o que seria se Diogo Dalot, que o selecionador apostou em detrimento do intocável João Cancelo, assistisse Gonçalo Ramos, que sentou o astro Cristiano Ronaldo? Pois bem, caro leitor, espreitamos o minuto 51: cruzamento rasteiro do lateral-direito do Manchester United e Gonçalo Ramos, antecipando-se a Comert, a desviar para o 3-0. Vénia ao sr. engenheiro.
Aos 54 minutos, a perder por três, Murat Yakin lançou Seferovic e Zakaria, arriscando mais em busca de, pelo menos, tentar relançar a eliminatória.
A hora do chocolate... nos suíços
Cada vez que a Suíça queria reagir, Portugal carregava e... marcava. Quatro minutos depois de bisar, Gonçalo Ramos recebeu a bola de Otávio, após combinação do médio do FC Porto com João Félix, libertou em Raphael Guerreiro que, pela esquerda, atirou outra bomba na direção da baliza de Sommer. 4-0 aos 55 minutos, um chocolate... nos suíços.
A reação helvética chegou aos 68 minutos e de bola parada, aproveitando uma falha de Gonçalo Ramos na vertente defensiva. Canto da direita, o avançado saltou ao primeiro poste mas só tocou de raspão e, ao segundo, Akanji encostou para reduzir o marcador para 4-1.
O Estádio Lusail estava, ainda assim, rendido à exibição portuguesa, e começou a cantar pela... cereja no topo do bolo: Ronaldo, Ronaldo, Ronaldo, ouviam-se dos mais de 70 mil adeptos presentes na partida.
1, 2, 3, o pistoleiro causou estragos outra vez
Portugal respirava confiança, controlava a reação da Suíça e, sempre que podia, espreitava uma forma de voltar a ferir o adversário. Aos 67 minutos, foi Bernardo Silva, pelo meio, a desequilibrar, soltando João Félix que, de regra e esquadro, estendeu a passadeira... vermelha para Gonçalo Ramos: na estreia a titular pela Seleção Nacional, o avançado do Benfica picou sobre Sommer, transpirando confiança, e completou o hat trick numa noite histórica, para mais tarde recordar. 5-1!
Aplauso para quem entra e, sobretudo, para quem sai
Aos 73 minutos Fernando Santos fez a vontade ao público mas fez, sobretudo, uma vénia a três dos melhores jogadores em campo: Gonçalo Ramos, Otávio e João Félix saíram, entrando Ricardo Horta, Vitinha e, já com a braçadeira dada por Pepe... Cristiano Ronaldo.
O capitão da Seleção Nacional teve logo direito à primeira tentativa de testar a pontaria, aos 76 minutos, quando Bernardo Silva ganhou um livre em zona frontal e deu a bola a Cristiano Ronaldo: o remate, porém, embateu na barreira da Suíça.
Aos 84 minutos, e já com Rúben Neves em campo, no lugar de Bernardo Silva, William Carvalho aproveitou um mau passe da Suíça, isolou Cristiano Ronaldo, o capitão fuzilou a baliza de Sommer mas estava em fora de jogo.
Alguém gosta de chocolate com... cereja?
A última alteração de Fernando Santos, aos 87 minutos, colocou Rafael Leão em campo, no lugar de Bruno Fernandes. E o avançado do Milan, dois minutos para lá dos 90, dentro dos quatro de compensação concedidos pelo árbitro, recebeu na esquerda, tirou um suíço do caminho e com um remate em arco, a meia altura, fez uma autêntica obra de arte e elevou para a meia dúzia a vitória estrondosa de Portugal. A cereja no topo de um bolo de... chocolate.
Homem do jogo Flashscore: Gonçalo Ramos (Portugal)