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O "inferno" de Angélique Cauchy: "O meu treinador violava-me três vezes por dia"

Angélique Cauchy durante o seu depoimento
Angélique Cauchy durante o seu depoimento@BFMTV
Ela tinha 12 anos e o seu treinador, Andrew Gueddes, abusou do seu poder para a violar e abusar sexualmente. Angélique Cauchy, tenista francesa, falou do horror que viveu durante quase dois anos no clube de Sarcelles (Val-d'Oise).

Teve de esperar até aos 36 anos para testemunhar as violações de que foi vítima às mãos de Andrew Gueddes perante uma comissão de inquérito sobre as alegadas deficiências de funcionamento das federações desportivas, do movimento desportivo e dos organismos que regem o desporto em França.

Angélique Cauchy começou a ser treinada pelo seu agressor em 1999 e, durante dois anos, viveu um inferno que contou ao "France Info" em maio de 2023: "Fui violada quase 400 vezes pelo meu treinador de ténis ao longo de dois anos", disse.

O treinador, que tinha cerca de 35 anos na altura, foi condenado a 18 anos de prisão em 2021 pela violação e agressão sexual de quatro raparigas com idades entre os 12 e os 17 anos. Agora, o caso está a vir à tona novamente por causa da investigação da comissão.

"Vivi a pensar que tinha SIDA"

Angélique Cauchy veio testemunhar e não hesitou em transmitir de forma crua as práticas inaceitáveis que ele levava a cabo com algumas das suas alunas, incluindo ela, o treinador sem coração: "Ele violava-me três vezes por dia. Na primeira noite, pediu-me para ir para o quarto dele e eu não fui. E então ele entrou no meu. Foi pior. Eu era uma prisioneira, não podia sair quando queria", disse ela, segundo o Le Parisien. "Pensei muitas vezes em suicidar-me", acrescentou.

O testemunho sobre o terror que lhe encolhia o estômago de cada vez que tinha de ir ao quarto de Gueddes é avassalador: "Os 13 passos que me separavam do quarto dele para ir ser violada...", explicou.

Para piorar a situação, o homem que era suposto ser o seu mentor chegou a dizer-lhe que tinha SIDA para aumentar o seu medo: "Vivi entre os 13 e os 18 anos a pensar que tinha SIDA", confessou a tenista.

Apoiada pelos dirigentes

Longe de ser um segredo, os decisores do meio em que viviam juntos encobriram as violações de Gueddes: "No mundo do ténis, sabia-se que o seu comportamento com as jovens não era correto", conta. " Sim, mas ele traz-nos títulos", afirma Cauchy quando o presidente do clube responde a uma mulher que se queixa das práticas do agressor.

"Não estou a falar de mim, porque não sabia. Mas para os outros, havia sempre quem dissesse: 'sim, ele está com..., ele sai com...'. Mas, aos 38 anos, não se sai com uma rapariga de 15 anos, e muito menos quando se dá formação a ela", concluiu a vítima.

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