O último samba do Brasil: Livakovic brilhou e a Croácia está nas meias-finais do Mundial
Em relação ao jogo dos oitavos de final, diante do Japão, Zlatko Dalic fez duas alterações no onze da Croácia, apostando em Borna Sosa e Mario Pasalic para os lugares de Borna Barisic e Bruno Petkovic.
Já Tite manteve os mesmos jogadores que iniciaram o último duelo do Brasil, que terminou em triunfo sobre a Coreia do Sul.
Motivado pela ambição do hexa, foi o escrete a ameaçar primeiro a baliza contrária. Ainda antes dos cinco minutos, Vinícius Junior foi da esquerda para o centro e atirou para defesa fácil de Dominik Livakovic, num movimento idêntico ao de Neymar, à passagem do minuto 20, que terminou com nova intervenção segura do guarda-redes croata.
Ainda antes, o conjunto europeu também deu de si e com relativo perigo. Depois de boa investida atacante, Pasalic surgiu pela direita, cruzou para zona perigosa e viu Ivan Perisic falhar por pouco o desvio.
Pouco depois, Perisic voltou a estar em evidência, ao pegar no esférico desde a equerda do ataque, deixar Éder Militão para trás e rematar, acabando por falhar o alvo.
O avançado croata, de um lado, e a dupla Neymar/Vinícius Junior, do outro, iam sendo os mais requisitados, num jogo que entrou numa espécie de duelo tático, com o respeito a imperar durante boa parte da primeira metade.
Novo lance de registo, só a terminar, quando Neymar, na cobrança de um live direto, atirou para Livakovic voltar a agarrar de forma segura, mantendo o nulo ao intervalo.
Para a segunda parte, o Brasil surgiu intenso e, logo no reatamento, Raphinha ganhou espaço pela direta, colocou a bola na pequena área e, deppis de um pimeiro corte de Josko Gvardiol, obrigou Livakovic a trabalho extra para tirar a bola da zona de perigo.
Pouco depois foi Neymar quem surgiu em boa posição, devidamente servido por Richarlison, mas o remate de pé esquerdo encontrou novamente a oposição do guarda-redes croata.
Livakovic aparecia, nesta fase, como um autêntico obstáculo a superar pela canarinha e aos 65 minutos voltou a mostrar-se ao jogo com uma defesa de recurso para negar o golo a Lucas Paquetá, que entrou na área depois de combinação com Neymar e, diga-se, alguma sorte no ressalto.
O Brasil acelerava, o ataque bailava ao ritmo do samba e, dez minutos volvidos, deu-se nova oportunidade. Rodrygo, que entrara pouco antes, investiu pelo meio, soltou em Richarlison e o avançado serviu Neymar... já imagina como acabou o lance, caro leitor? Pois bem, Livakovic fez a mancha e voltou a travar a ambição canarinha.
Este era, sem dúvida, o melhor momento do Brasil. Anthony, aposta de Tite para a segunda parte, trouxe mais vida ao processo ofensivo e, logo de seguida, começou pela direita um lance que culminou com remate de Paquetá para nova intervenção do muro croata, desta feita a dois tempos.
De registar que Livakovic chegou às oito defesas durante o tempo regulamentar do encontro diante do Brasil, fixando um novo recorde de intervenções de um guarda-redes croata num jogo do Campeonato do Mundo. E muito se deveu a ele que o nulo se mantivesse até final, levando o duelo para o prolongamento.
No prolongamento, a toada de domínio brasileiro manteve-se, mas com a Croácia expectante em busca de uma oportunidade para surpreender. E quase que o conseguia perto do final dos primeiros 15 minutos, quando Petkovic, perante dois defesas contrários, desencantou uma finta fantástica e serviu Marcelo Brozovic, que, vindo de trás, atirou muito por cima.
Mas, como diz o ditado, "tantas vezes vai o cântaro à fonte, que algum dia lá deixa a asa". Que é como quem diz: "tantas vezes insistiu o Brasil, que em algum momento teria de marcar".
Em cima do descanso no tempo extra, Neymar recuou para pegar no jogo, encarou a defesa, combinou com Rodrygo, primeiro, e Paquetá, depois, e acabou a contornar o guarda-redes croata antes de rematar para o fundo da rede, inaugurando o marcador e igualando Pelé como o melhor marcador de sempre do Brasil, com 77 golos.
Tudo parecia definido. O Brasil vencia, dominava e, com a vantagem conseguida numa fase crucial, aparentava ter colocado um ponto final no sonho da Croácia. Mas, como se sabe, a sina croata no que a prolongamentos diz respeito é muito específica e em nenhum momento o conjunto europeu pode ser colocado de parte.
Entre as investidas do escrete e a procura do empate, os comandados de Zlatko Dalic foram-se aguentando, até que, a quatro minutos dos 120, Mislav Orsic foi lançado pela esquerda do ataque, conteve a pressão e serviu Petkovic, que rematou de pé esquerdo e beneficiou de um desvio em Marquinhos para restabelecer a igualdade e enviar o duelo para o desempate por grandes penalidades.
Nikola Vlasic foi o primeiro pela Croácia e marcou, antes de Rodrygo, pelo Brasil, bater... para defesa de Livakovic. Lovro Majer aumentou a vantagem croata, Casemiro reduziu e o experiente Luka Modric seguiu-se, marcando também.
Pedro, em situação de pressão, desfeiteou bem o guarda-redes contrário, à semelhança de Orsic, que encostou a bola à rede lateral, mantendo bem viva a esperança do conjunto europeu.
Marquinhos assumiu o penálti que podia ser decisivo. Guarda-redes para um lado, bola para o outro... mas o poste no caminho, para delírio dos croatas e desilusão dos brasileiros, que vêem o sonho do hexa cair novamente por terra.
Homem do jogo Flashscore: Dominik Livakovic (Croácia)