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Óbito/Constantino: Jorge Olímpio Bento lembra amigo e “o melhor” de uma geração

José Manuel Constantino partiu aos 74 anos
José Manuel Constantino partiu aos 74 anosLUSA
O professor catedrático Jorge Olímpio Bento lembrou o amigo “de toda a vida” e colega de curso José Manuel Constantino, que morreu no domingo, como o melhor de uma geração que pensou e pôs em prática o desporto.

“Isto é uma tragédia. Fomos colegas de curso. Ele já era o melhor de nós todos, na altura. Tinha uma visão cultural, sociológica, política das coisas. De certa forma, para mim, foi o iniciador. Iniciou-me. Constituímos uma cumplicidade até ao fim, ao longo da vida”, manifestou Jorge Olímpio Bento, em declarações à Lusa.

José Manuel Constantino morreu no domingo, aos 74 anos, devido a doença prolongada, deixando para trás quase quatro décadas no dirigismo desportivo luso, durante as quais liderou o Instituto de Desporto de Portugal, a Confederação do Desporto de Portugal e o COP, tendo sido eleito como sucessor de José Vicente Moura em 26 de março de 2013.

O catedrático da Universidade do Porto, que ali encerrou uma carreira académica em 2016, após 52 anos de serviço, lembra uma frase de Miguel Torga para falar de Constantino: “Malditos os que se negam aos seus nas horas apertadas”.

“O José Manuel Constantino nunca me faltou. Em nenhuma hora. É uma emoção muito grande”, declarou o companheiro de percurso.

Bento lembra as viagens pelo mundo lusófono que fizeram juntos, mas também as viagens “no sentido filosófico, existencial”, que o companheirismo de uma vida permitiu viver com outro apaixonado pela docência, que exerceu durante quatro décadas.

“Tenho um sentimento de gratidão e admiração que vai comigo até ao fim. Ele foi, indiscutivelmente, o melhor da minha geração. (...) A palavra dele era uma palavra com uma norma estética, ética, que impregnava também a sua atitude e comportamento, o seu pensamento”, reforça.

Autor de livros e artigos publicados sobre desporto, Constantino era considerado um dos grandes pensadores sobre o fenómeno em Portugal, sendo mesmo reconhecido com os títulos de Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Porto (2016) e de Lisboa (2023).

O académico transmontano lembra como José Manuel Constantino “foi pioneiro na introdução do desporto nas autarquias”, no caso em Oeiras, com “um papel inaugural” que criou um exemplo seguido, depois, por outras câmaras municipais.

Também “fez um trabalho notável na Confederação do Desporto e no Comité Olímpico de Portugal”, nota, numa “vida toda de intervenção, de um cidadão inquieto, desassossegado”.

Partilhava mensagens diárias com impressões sobre o dia-a-dia dos Jogos com o líder do movimento olímpico nacional, que viu, em Tóquio-2020 e em Paris-2024, as melhores missões portuguesas de sempre, tendo falado pela última vez com Constantino após a cerimónia de abertura destes Jogos Olímpicos.

Trocadas impressões sobre a deriva do movimento olímpico internacional, “que anda por maus caminhos”, conversaram sobre o perigo do dinheiro, dos patrocinadores, que, lembra Jorge Olímpio Bento, Constantino já vinha a criticar em entrevistas na comunicação social.

José Manuel Constantino, que presidia ao Comité Olímpico de Portugal (COP) desde 26 de março de 2013, morreu no domingo, aos 74 anos, vítima de doença prolongada.

Liderou o organismo olímpico nas duas melhores missões de Portugal a Jogos, com a conquista de quatro medalhas em Tóquio-2020 e Paris-2024, depois da estreia no Rio2016.