Paralímpicos: Canoísta Norberto Mourão com "tempo canhão" mas no "lugar mais ingrato"
“Foi o resultado mais ingrato, não é para este lugar que treinamos. Estou satisfeito, mas queria a medalha”, afirmou o canoísta, que em há três anos em Tóquio conquistou a medalha de bronze.
No Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne, Norberto Mourão, que perdeu as duas pernas num acidente de mota, cronometrou na final 52,90 segundos, a sua melhor marca de sempre, que qualificou como “um tempo canhão”.
“Trabalho para ganhar, não trabalho para ficar em quarto, fiz um arranque fortíssimo, dei tudo para me aguentar até ao fim, foi até não ter mais para dar. Acabei no meu limite e com um tempo ‘canhão’, a minha melhor marca de sempre”, afirmou o atleta, natural de Vila Real.
Norberto Mourão, de 43 anos, mostrou-se satisfeito com as condições da pista, que já conhecia: "Sabia que ia apanhar este tipo de condições me favorecem, a água é boa, a pista rápida, estava mais do que preparado”.
Depois de em Tóquio ter celebrado o bronze sem público, e sem a presença da família, o canoísta português considerou “extraordinário” o apoio recebidos das bancadas, praticamente cheias, mas lamentou não ter conseguido dar um presente ao filho Gustavo.
“Aqui, ao contrário de Tóquio, foi extraordinário com público, a bancada ao rubro deu-me ânimo, tinha na bancada a minha mulher e o meu filho, de oito meses, queria dar-lhes mais do que o quarto lugar”, assumiu.
Pouco mais de uma hora antes da final, o canoísta português disputou a meia-final, depois de não ter conseguido nas eliminatórias o apuramento direto para a prova decisiva, situação que, destacou, “só acontece em Jogos Paralímpicos”.
“É complicado competir com tão pouca diferença, isto não acontece em Mundiais e Europeus, só nos Paralímpicos. Como não consegui o apuramento direto porque fui terceiro na minha série. Posso ter sido prejudicado, mas se tivesse conseguido ir direto à final tinha sido beneficiado”, afirmou.
Norberto Mourão, que ao bronze de Tóquio-2020 junta medalhas em Europeus e Mundiais, afirmou sentir-se bem e garantiu que “enquanto houver força para treinar” vai continuar, admitindo uma presença em Los Angeles-2028.
Na prova em que Norberto Mourão foi quarto, fechando a participação portuguesa nos Jogos Paralímpicos Paris-2024, o brasileiro Fernando Rufino revalidou o ouro conseguido em Tóquio, com o tempo de 50,47, tendo o seu compatriota Alex Tofalini conseguido a prata (51,78), e o norte-americano Blake Haxton o bronze (51,81).