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Paralímpicos: Carolina Duarte assume que ter sido mãe foi o empurrão para a medalha

LUSA
Medalhada olímpica admite que não estaria no pódio se não fosse mãe
Medalhada olímpica admite que não estaria no pódio se não fosse mãeLUSA
A portuguesa Carolina Duarte considerou este sábado que a maternidade, que a afastou dos Jogos Tóquio-2020, lhe deu a força para conseguir, aos 34 anos, o bronze na prova dos 400 metros T13 dos Paralímpicos Paris-2024.

Foi por ter sido mãe que consegui chegar aqui com a força que tenho agora, aos 34 anos”, disse a atleta, que tem deficiência visual, depois de ter conquistado o bronze, numa final em que a brasileira Rayane Silva assegurou o ouro como novo recorde mundial (53,55 segundos).

Com uma filha de três anos, que nasceu dois meses antes dos Jogos Tóquio-2020, Carolina Duarte afirmou sem hesitar: “Tenho a certeza de que se não tivesse sido mãe não estava aqui no pódio hoje”.

Carolina Duarte, que é vice-campeã mundial da distância, dedicou a medalha a toda a sua “rede de apoio”, mas também quer que ela seja um exemplo para todas as mulheres que depois de serem mães “pensam que têm de prescindir de algumas coisas a nível pessoal”.

Esta medalha é fruto de um esforço pessoal, mas a verdade é que corri com um batalhão a empurrar-me: as três pessoas com quem trabalho a nível psicológico – um mental coach, um mentor e um psicólogo –, ao nutricionista, aos fisioterapeutas e ao treinador, sem esquecer o comité e a federação”, disse, deixando para o fim um agradecimento especial à mãe e à irmã “que ficam com a filha” e ao marido “que está em casa com os cães”.

A atleta, que no Rio-2016 foi sétima nos 400 metros T13, mostrou-se “muito feliz de ter conseguido correr” ao seu mais alto nível, embora assuma que os 55,52 segundos feitos hoje ficam aquém da sua melhor marca de sempre (54,72), que lhe confere o estatuto de recordista europeia.

Não foi a minha melhor marca de sempre, que fiz em maio, mas é espetacular chegar a setembro e estar numa das minhas melhores forma de sempre”, disse, admitindo que a 100 metros da meta ainda sonhou com o primeiro lugar, porque “a esperança é a última a morrer, e é preciso acreditar até ao fim”.

A atleta da Juventude Operário de Monte Abraão considerou que a final foi inesperada, e partilhou os seus pensamentos durante a corrida, disputada no Stade de France, praticamente lotado.

Foi completamente inesperado, mas não me deixei ficar, nem me amedrontei, continuei e pensei: ‘Isto é o teu ritmo, é a prova que tu sabes, é o que tu treinaste, continua, ela (a brasileira) vai quebrar de certeza’. Ela não quebrou, a outra vinha um pouco mais à frente, ainda tentei ir ao segundo, mas não consegui”, explicou.

A portuguesa, que terminou atrás de Rayane Silva e da azeri Lamyia Valiyeva, que foi prata com 55,09, garante ter feito tudo o que estava sob o seu controlo.

Elas correram super bem, mas eu considero que também estive muito bem, nós não controlamos o que as outras treinam ou correm, mas o que eu consegui foi o que estava sob o meu controlo”, assumiu.

Emocionada e muito feliz com o apoio que tem recebido de várias formas, mas sobretudo nas redes sociais, Carolina Duarte afirmou que na final representou todos os que a incentivam.

É pesado saber que está tanta gente com tanta expectativa mas, ao mesmo tempo, quando existe expectativa sobre nós é porque as pessoas acreditam em nós e porque já demos provas de que somos capazes, de que conseguimos ir além”, disse.

Com seis medalhas em Mundiais e Europeus, às quais juntou hoje o bronze paralímpico, Carolina Duarte vai agora gozar um mês de férias, antes de começar a treinar para Los Angeles-2028.

Agora vou de férias um mês, vou fazer baby-sitting à minha medalha, como diz a Simone Biles, e à minha filha para depois começar a treinar para Los Angeles, não vou parar aqui”, garantiu

O bronze de Carolina Duarte fechou a participação do atletismo português nos Jogos Paralímpicos Paris-2024, e permitiu à modalidade terminar com três pódios, feito inédito desde Atenas-2004.

No domingo, na prova de lançamento do peso F40, Miguel Monteiro sagrou-se campeão paralímpico, levando o atletismo português ao ouro, algo que não acontecia desde os Jogos Sydney-2000.

Sandro Baessa conquistou na sexta-feira a segunda medalha portuguesa no Stade de France, conseguindo a prata na prova dos 1.500 metros T20 (deficiência intelectual).

Além das três medalhas do atletismo, Portugal conseguiu até hoje, penúltimo dia de competições, mais quatro em Paris-2024, uma de ouro e três de bronze.

Cristina Gonçalves foi ouro no torneio individual boccia BC2, o nadador Diogo Cancela conseguiu o bronze nos 200 metros estilos SM8, feito repetido pelo ciclista Luís Costa na prova de contrarrelógio de estrada H5, e pelo judoca Djibrilo Iafa, em -73 kg.