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Paralímpicos: Ma Lin, do ataque de um urso à glória paralímpica

Ma Lin compete sob a bandeira australiana.
Ma Lin compete sob a bandeira australiana.DIMITAR DILKOFF / AFP
Os sonhos do atleta chinês de se tornar um pianista de renome tiveram um fim agonizante quando perdeu o braço direito, mas com uma determinação sólida, tornou-se um dos rostos do ténis de mesa paralímpico.

Ma Lin, 34 anos, ganhou quatro ouros paralímpicos (três por equipas e um individual) e uma prata (individual) pelo seu país desde Pequim-2008, antes de se mudar para a Austrália em 2017.

Depois de ter mudado de filiação, ganhou duas medalhas de prata em representação do país nos Jogos de Tóquio e, no sábado, completou o palmarés com a medalha de bronze, tendo de se contentar com o terceiro lugar depois de cair perante o francês Lucas Didier no recinto esgotado de Porte de Versailles.

Ma estava visivelmente aborrecido após a derrota e tinha razões para isso, pois esteve duas vezes na frente antes de ser dominado pelo já referido Didier.

"É duro", disse o treinador Alois Rosario à AFP, falando em nome de Ma, que não fala inglês.

"Ele começou como favorito, então é difícil no maior palco, mas Lucas jogou de forma inacreditável", acrescentou.

O resultado foi duro, mas nada comparado com o incidente traumático que o para-atleta sofreu aos cinco anos, quando foi com um amigo a um jardim zoológico perto da sua casa na China.

"Pensava que (o urso) era meu amigo, porque costumava ir ao jardim zoológico todas as semanas para o alimentar", disse ao New Corp da Austrália em 2021. "Por isso, decidi ir lá fazer-lhe festas, mas acho que não estava de bom humor nesse dia", atirou.

Ma colocou o seu braço através das barreiras da jaula e o urso respondeu mordendo-lhe acima do cotovelo.

"Foi um choque, mas não chorei, nem uma vez", acrescentou.

Longo caminho a percorrer

O cirurgião salvou-lhe a vida, embora tenha tido de amputar o braço, mas para o jovem só havia uma outra questão na sua mente quando acordou após a operação.

"Só queria saber se ainda poderia ter uma namorada quando crescesse", disse Ma, cujo passatempo é o mergulho.

"Eles (os pais) disseram 'claro', por isso fiquei feliz", afirmou.

A viagem que mudou a sua vida começou inspirada pelo êxito da delegação chinesa nos Jogos Olímpicos de 1996, com a conquista de oito medalhas (quatro de ouro) no ténis de mesa. Mas, como era destro até ao acidente, o primeiro obstáculo foi adaptar-se a ser proficiente com o braço esquerdo.

Esta decisão revelou-se excelente, com um jogo vistoso e um excelente serviço. Tantas distinções demonstraram a grande variedade de habilidades de Lin, cuja jornada não termina em Paris.

Parafraseando o seu herói Arnold Schwarzenegger no filme "Exterminador do Futuro", anuncia que "estará de volta".

"Ele fala de Brisbane-2032, por isso ainda tem um longo caminho a percorrer. "Ele está a melhorar. Ele melhorou muitos aspetos do seu jogo", disse Rosario.

O treinador de Ma afirma que o para-atleta está a fazer maravilhas com a vida que teve e quer continuar a aumentar o seu estatuto de lenda e o seu número de medalhas.

"Ele ainda está ativo e tem um longo caminho a percorrer, espero", disse.

"Mas sim, ele já conseguiu muito na sua vida na mesa. Está habituado aos altos e baixos, por isso tem um longo caminho a percorrer", concluiu.