Paralímpicos: Monteiro quer que ouro seja inspiração para pessoas com deficência
No Stade de France, com um segundo lançamento do peso a 11,21 metros, marca que constitui novo recorde paralímpico, o atleta de baixa estatura conseguiu o ouro, que junta ao bronze de Tóquio-2020, numa prova “competitiva”, da qual saiu com a sensação de “objetivo cumprido”.
“Foi uma prova competitiva, apesar de no segundo ensaio ter passado para a frente (11,02) sabia que era sempre possível que outro pudesse fazer melhor do que eu. Depois, o terceiro ensaio (11,21) foi muito bom”, disse, acrescentando: “Acho que consigo fazer melhor, mas isso fica para a próxima”.
Miguel Monteiro, atleta da Casa do Povo de Mangualde, admite que o bronze conseguido em Tóquio-2020 lhe ensinou várias coisas: “Depois do bronze, melhorámos algumas coisas, preparámo-nos ao longo do ciclo, que foi de três anos, e, sobretudo, nos últimos três meses para esta prova. Deu resultado, hoje foi o nosso dia”.
Aos 23 anos, e com uma licenciatura em engenharia concluída este ano, Miguel Monteiro, confessou que os últimos tempos “foram de sacrifício na vida desportiva e social” e, por isso, agora é “tempo de descansar e relaxar”, antes de pensar no próximo ciclo rumo a Los Angeles-2028.
O ouro conseguido hoje, o primeiro do atletismo paralímpico português desde Sydney-2000, o ano em que nasceu, é para o atleta “uma recompensa de muito trabalho”,
Miguel Monteiro considera-se “um privilegiado” por estar nos Jogos Paris-2024, e por poder contar com “o apoio da família, dos amigos, da Casa do Povo de Mangualde e do Comité Paralímpico de Portugal”.
“Todos juntos, conseguimos que este ouro se alcançasse”, afirmou, esperando que o seu ouro “impacte da melhor forma” e leve mais pessoas com deficiência à prática do desporto.
Já com a medalha de ouro ao peito, Miguel Monteiro deixou o apelo: “Precisamos de mais atletas, necessitamos que os pais libertem os filhos para eles poderem praticar desporto. É muito importante que os miúdos pratiquem desporto para se sentirem bem, não só física, mas também mentalmente”.
No Stade de France, praticamente lotado, Miguel Monteiro partilhou o pódio com o mongol Battulga Tsegmid (11,09), medalha de prata, e com o iraquiano Garrah Tnaiash (11,03), que foi bronze.
Com o ouro de Miguel Monteiro, Portugal passou a somar 95 medalhas em 11 participações em Jogos Paralímpicos, sendo o atletismo a modalidade com mais subidas ao pódio (55), seguido do boccia (26).