Paris-2024: Agência chinesa anti-doping acusa atletismo americano de "dopagem sistémica"
Esta declaração, que faz parte da guerra de palavras entre as duas grandes nações desportivas do mundo, surge no dia da final dos 200 metros nos Jogos Olímpicos de Paris, que será disputada pelo americano Erriyon Knighton.
O velocista, duplo medalhado mundial nos 200 metros, que acusou positivo a um esteroide anabolizante em 26 de março de 2024, foi ilibado pela Agência Antidopagem dos Estados Unidos (Usada), alegando contaminação alimentar, pouco antes da seleção americana para os Jogos.
Numa primeira declaração publicada esta quinta-feira, a Chinada pediu à US Track and Field, a federação de atletismo dos Estados Unidos, que aumentasse o número de testes realizados, citando "manchas profundamente enraizadas no atletismo americano e o repetido desrespeito da Usada pelo cumprimento dos procedimentos e normas" neste domínio.
Posteriormente, a agência chinesa antidopagem emitiu uma segunda declaração, na qual apelava a uma "investigação independente" sobre as ações da Usada.
O conflito entre as duas principais nações desportivas do mundo foi reacendido em abril, na sequência da publicação de uma investigação pelo canal de televisão alemão ARD e pelo New York Times, revelando que 23 dos principais nadadores masculinos e femininos da China tinham testado positivo no início de 2021 para trimetazidina, uma substância proibida para aumentar o sangue, antes de serem ilibados pelas autoridades chinesas, que consideraram que tinham contraído uma intoxicação alimentar.
Treze deles participaram nos Jogos Olímpicos de Tóquio no verão de 2021, três dos quais - Zhang Yufei, Wang Shun e Yang Junxuan - foram coroados campeões olímpicos. Onze foram também selecionados para os Jogos de Paris.
Na sequência destas revelações, a Agência Mundial Antidopagem (AMA), que tinha aceite a decisão da Chinada de ilibar os seus nadadores, foi alvo de fortes críticas, principalmente por parte da Usada, que apelou à sua revisão e à abertura de um inquérito independente.
Numa declaração separada publicada na quarta-feira, a própria WADA atacou frontalmente a Usada, afirmando ter "conhecimento de pelo menos três casos em que atletas que tinham violado as regras antidoping foram autorizados a continuar a competir durante anos na condição de trabalharem como agentes secretos para a Usada, sem que a WADA fosse consultada".
"Os seus casos nunca foram revelados, os seus resultados nunca foram invalidados, os seus prémios nunca foram retirados e nunca foi cumprida qualquer suspensão", acusa a Agência Mundial Antidopagem.
"É irónico e hipócrita que a Usada chore um escândalo quando suspeita que outras organizações antidopagem violam as regras, quando ela própria não denunciou nenhum caso de dopagem durante anos e permitiu que os batoteiros continuassem a competir", denunciou a WADA.