Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a cerimónia de abertura teve lugar fora do estádio principal, com cerca de 7.000 atletas a desfilarem pelo Sena, passando pelos monumentos históricos da capital francesa.
Numa ambiciosa e arriscada mudança em relação às cerimónias de abertura anteriores, os atletas navegaram numa armada de 85 barcos em vez de fazerem a tradicional caminhada à volta de uma pista de corrida.
Cerca de 300.000 pessoas assistiram a partir de bancadas especialmente construídas nas margens do rio, e outras 200.000 a partir de varandas e apartamentos com vista.
Como manda a tradição, a delegação grega teve a honra de liderar a flotilha, já que é o berço do movimento olímpico moderno.
O espetáculo misturou a cultura e a história francesas, enquanto um segmento pré-gravado em estilo cabaret da estrela pop americana Lady Gaga ocupou um lugar de destaque nas fases iniciais do desfile.
A estrela franco-maliana de R&B Aya Nakamura, a cantora francófona mais ouvida no mundo, também cantou, desafiando as críticas dos ativistas de extrema-direita.
Os críticos acusaram a cantora de 29 anos, mais conhecida pelo seu êxito Djadja, de "vulgaridade" e desrespeito pela língua francesa nas suas letras.
Dezenas de bailarinas de can-can, de saia cor-de-rosa, deram um toque de cor deslumbrante nas margens do Sena, noutro momento de destaque.
Os marcos e a arquitetura da Cidade Luz serviram de pano de fundo ao espetáculo de sexta-feira e desempenharão o mesmo papel durante grande parte do desporto que se seguirá.
A visão de Paris é a de uns Jogos Olímpicos mais económicos e menos poluentes do que os das edições anteriores, com competições a decorrerem em locais históricos da capital.
Apesar da chuva intensa e de uma onda de ataques que paralisou a rede ferroviária francesa de alta velocidade na sexta-feira, o organizador principal dos Jogos, Tony Estanguet, disse antes do início da cerimónia que estava confiante em organizar "uma grande festa".
Alguns espetadores recusaram-se a deixar-se abater pela chuva. "Sinto uma adrenalina enorme. É muito emocionante", disse Selene Martinez, que tinha viajado do México para a cerimónia.
As longas filas de espera formaram-se nos pontos de acesso ao longo do Sena horas antes do início do desfile.
Depois de passarem por scanners e pontos de controlo, os primeiros a chegar descobriram os numerosos palcos flutuantes instalados no canal do rio e as pontes que foram enfeitadas com bandeiras e com as cores rosa e púrpura dos Jogos.
"O ambiente é muito amistoso", disse o francês Jean-Yves Herve, de 75 anos, que assistiu ao espetáculo com a sua neta.
"Há muitos estrangeiros, estamos a gostar. É bom para a França".
A cerimónia contou com uma enorme operação de segurança, com um perímetro de segurança montado ao longo das duas margens do Sena.
A cerimónia foi guardada por 45.000 polícias e paramilitares e outros 10.000 soldados e 22.000 seguranças privados completaram a operação de segurança.
Atiradores da polícia foram colocados em pontos de observação ao longo do rio, que é dominado por centenas de edifícios.
As forças de segurança francesas estão em alerta máximo para evitar que ataques terroristas estraguem o início dos primeiros Jogos Olímpicos em Paris em 100 anos, enquanto os atos de sabotagem por parte de potências estrangeiras hostis eram também um risco conhecido.
As autoridades francesas recusaram-se a comentar a identidade dos responsáveis pela sabotagem ferroviária, que parecem ter um conhecimento sofisticado da rede.
Afetou 800.000 passageiros e impediu alguns serviços do Eurostar de atravessar o Canal da Mancha, impedindo os adeptos britânicos de assistir aos Jogos Olímpicos.
Os anarquistas franceses de extrema-esquerda têm um historial de ataques incendiários contra a rede ferroviária.
As suspeitas podem também recair sobre a Rússia, que o Presidente francês Emmanuel Macron afirmou no passado estar a planear atacar os Jogos.