Paris-2024: João Matias “muito feliz” por Iúri Leitão, um “fora de série”
“Manter o foco nestas três horas no velódromo e fazer a corrida de excelência que fez está ao nível de poucos. Ele é um fora de série”, afirmou João Matias, ciclista da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, em declarações à Lusa.
Leitão concluiu hoje o omnium com 153 pontos, atrás do francês Benjamin Thomas (164) e à frente do belga Fábio van den Bossche (131), dando a segunda medalha à Missão portuguesa em Paris2024, depois do bronze da judoca Patrícia Sampaio em -78 kg.
O vianense, de 26 anos, conquistou a primeira medalha para Portugal na pista e a segunda da história do ciclismo português em Jogos Olímpicos, depois de Sérgio Paulinho ter sido segundo na prova de fundo em Atenas-2004.
Companheiro de anos na ‘família’ do ciclismo de pista, na qual Matias, de 33 anos, se insere desde há muito, viu no concurso olímpico “algo de especial”.
“Levamos já muitos anos a trabalhar para um apuramento olímpico, para crescer na pista. Depois de mais de 60 medalhas, tanto trabalho, como disse o selecionador (Gabriel Mendes), conseguirmos o primeiro apuramento olímpico e logo a seguir uma medalha...”, disse, sem completar por ainda estar algo “sem palavras, em choque” com a prata do companheiro.
Viu em Leitão um ciclista que “lutou pelo ouro até ao fim” e o deixou “muito feliz”, não só “pelo Iúri, pelo atleta de excelência que é, como pelo grupo todo da seleção de pista”.
Analisando uma corrida que “foi quase perfeita”, nota o desempenho menos bom na eliminação, uma vertente que conhece bem, ao ponto de ter sido vice-campeão da Europa em 2021.
“Com o barulho, certamente não se deu conta da campainha. Houve muitas relegações, algumas decisões que me pareceram erradas. (...) Ele tinha força para mais”, analisou.
Ainda assim, esta corrida traz uma alegria muito pretendida a Portugal mantendo “a ambição e o objetivo traçado” para a corrida de Madison, em que o campeão do Mundo de omnium se junta a Rui Oliveira, quer para o omnium feminino de Maria Martins, pioneira na pista para Portugal depois de ter conseguido um diploma em Tóquio2020.
“O que vai mudar é o peso que têm em cima dos ombros, bem como a motivação. A primeira conquista é sempre a que custa mais. A partir desse momento, o resto sai com muito mais fluidez. Tenho a certeza que tanto a Maria Martins como o Rui Oliveira vão sentir tranquilidade na bicicleta”, revelou João Matias.
Segundo o ciclista minhoto, juntar o vice-campeão olímpico de omnium a Rui Oliveira deixa este último, também “um dos melhores do mundo”, numa posição “supertranquila, por ter um parceiro de alto nível”.
“É uma dupla em que acredito para atingir muito mais do que o objetivo dos oito primeiros, bem como a ‘Tata’”, projetou.