Pauleta partilha relvado com Zidane e Giresse no centenário do antigo estádio do Bordéus
Quase todos os grandes nomes dos Girondins estarão presentes, desde Giresse, o "pequeno príncipe de Lescure", o emblemático capitão que disputou mais jogos e marcou mais golos no estádio, até Zidane, que se distinguiu durante quatro épocas, com o legado da vitória do Bordéus sobre o AC Milan (3-0), na Taça UEFA em 1996, ainda fresco na memória de todos os adeptos.
"Este estádio ainda está aqui, ainda está vivo, com a sua história, este arco majestoso, que vamos tentar realçar neste aniversário", disse Giresse, agora com 71 anos.
O atual estádio foi construído em 1938 no local do Parque Desportivo de Lescure, que celebra o seu centenário, antes de ser rebaptizado Estádio Chaban-Delmas em 2001. A sua particularidade reside no facto de não ter pilares, um estilo inovador na época.
O estádio acolheu cinco Campeonatos do Mundo - futebol (1938, 1998), râguebi (1999, 2007), rugby union (1954) -, finais do campeonato francês de râguebi, uma final da Taça UEFA, bem como dezenas de finais da Volta à França, quando ainda tinha um anel de velódromo.
"Pelé e Diego Maradona jogaram aqui, e há poucos estádios em França que se podem gabar disso", sublinhou Giresse.
Juve, Milan, a apoteose das emoções
Mas o estádio, classificado como monumento histórico e que é atualmente a casa da equipa de râguebi Union Bordeaux-Bègles, continua historicamente associado aos Girondins, que se mudaram para o reluzente Matmut Atlantique, no norte de Bordéus, em 2015.
Para prestar homenagem ao seu antigo estádio, os Ultramarines compuseram uma canção à sua glória e marcharam sob a bandeira "Adieu Lescure" em 9 de maio de 2015.
Dois jogos europeus marcaram a sua história: o primeiro, a segunda mão das meias-finais da Liga dos Campeões da UEFA contra a Juventus de Michel Platini, em abril de 1985, quando um recorde de 40.211 espetadores se deslocou para ver a equipa de Giresse vencer por 2-0, insuficiente após a derrota por 3-0 em Piemonte.
Um mês depois, na final, os tifosi de Turim viveram o inferno de Heysel em Bruxelas (39 mortos e quase 500 feridos) com os hooligans do Liverpool.
Em março de 1996, os resultados inverteram-se nos quartos de final da Taça UEFA contra o AC Milan de Franco Baresi, Paolo Maldini e George Weah, que venceu por 2-0 na Lombardia, mas foi eliminado na segunda mão (3-0) pelo trio Lizarazu-Dugarry-Zidane.
O túnel de todos os fantasmas
O Parc Lescure também se caracteriza pelo seu longo túnel (150 metros) que separa os balneários do relvado. Inclinado, mal iluminado no início, sem rampa para se apoiar com chuteiras, muitos adversários dos Girondins sentiram-se intimidados e perderam a coragem ao passar por ele. Houve tensão, lutas e derramamento de sangue.
"Os que vieram cá falam do túnel. Lá dentro, havia um pouco de psicologia, tentávamos provocar os nossos adversários para os desestabilizar. Vale o que vale, mas existia", sorri Giresse.
Em 2015, depois da saída do futebol do estádio, um projeto de reestruturação imobiliária e comercial quase desfigurava o local, antes de uma mobilização dos habitantes e representantes locais ter feito oposição.
Na terça-feira, Élie Baup e Gernot Rohr terão a honra de orientar uma equipa intergeracional que conta com Marius Trésor, Bixente Lizarazu, Christophe Dugarry, Lilian Laslandes, Pauleta, Rio Mavuba, Yoann Gourcuff, Marouane Chamakh e ainda o uruguaio Diego Rolan, autor dos dois últimos golos do Girondins no estádio em 2015.
Do lado oposto, o Variétés Club de France apresentará quatro campeões mundiais, Robert Pirès, Christian Karembeu, Laurent Blanc e Fabien Barthez, além do ex-tenista Yannick Noah, dos jogadores de rúgbi Dimitri Yachvili e Yoann Huget e dos comediantes Paul Mirabel e Redouane Bougheraba. As receitas do evento reverterão a favor de causas sociais.