Pepe: "Queria acabar a minha passagem no FC Porto com um título"
Agradecimentos: "Não quero deixar de agradecer também a todos os presidentes que apostaram e acreditaram em mim. A todos os funcionários de todos os clubes onde joguei, que são a alma e a essência dos clubes e da Seleção. Quero agradecer também a todos os meus companheiros, aos meus treinadores que me fizeram crescer e competir diariamente. A todos os adeptos que são a alma do futebol e dos clubes. Quero também deixar um agradecimento ao Jorge Mendes, à Gestifute e à Polaris por me acompanharem nessa jornada. À minha mãe que foi essencial nessa minha trajetória, por ter-me deixado voar para o meu sonho, que era ser jogador profissional de futebol. A todos os meus amigos e a todos os meus familiares. À minha mulher que foi o lar, na minha ausência. Aos meus filhos por acreditarem em mim, por serem um apoio fundamental na minha vida, por terem dado apoio também quando eu saía de casa para poder jogar e estar fora. Foram certamente o apoio que precisava para ir de consciência tranquila. Agradecer a todos no fundo, deixar um abraço de gratidão a todos vocês".
FC Porto: "O que é que eu retenho? A minha primeira passagem, quando fui ao escritório do FC Porto, nas Antas, e o presidente abre a cortina, levanta os estores e diz: ‘Aquela ali vai ser a tua casa, Pepe. Bem-vindo, espero que tu sejas muito feliz no FC Porto. A tua felicidade vai ser a nossa felicidade’. Retenho essas palavras do presidente, os jogos que fiz no Estádio do Dragão. Foi muito especial, porque foi o clube que me deu visibilidade na Europa. E tive oportunidade de ir para o Real Madrid. Já na minha segunda passagem pelo FC Porto fui recebido novamente com enorme carinho dos adeptos, das pessoas do clube, por quem tenho imenso carinho, os títulos que ganhei… Tive no meu último percurso no FC Porto um staff técnico que ajudou-me muito a continuar a ter esse gostinho pelo futebol, por acordar e me sentir privilegiado por poder fazer aquilo que eu mais amo. E os títulos que voltei a ganhar pelo clube. Quando decidi voltar, decidi voltar para o meu clube, que é o FC Porto, para poder continuar a dar alegrias aos adeptos"
Real Madrid: "É difícil descrever porque acaba por ser um momento especial passar 10 anos no maior clube do Mundo. Lembro-me do primeiro dia que cheguei a Espanha e do quão feliz que estava. As pessoas que estiveram nesse processo contentes com a minha felicidade. Uma aventura que decidi tomar, arrisquei, saí ao fim de 10 anos com cabeça levantada. 10 anos que me projectaram para o Mundo de futebol"
Despedida na Taça de Portugal: "A minha sensação nesse último jogo, uma competição tão bonita como é a Taça de Portugal, uma competição da essência do que é o futebol português, queria muito ganhá-la. Conversas em privado com o treinador, dizia-lhe que era muito importante ganharmos essa Taça de Portugal. Eu sentia, sabia que ia ser o meu último jogo e título pelo clube e eu acho que foi merecido, porque acabar com um título e ser a Taça de Portugal, prova que representa a essência do povo português, o que é a cultura do futebol português. quando as pessoas se juntam no Jamor, a passar o dia com os familiares, os amigos, um dia de festa, de comemoração. Queria muito dar essa alegria aos adeptos portistas, porque queria acabar a minha trajectória no FC Porto com esse título e fiquei muito feliz."
Títulos conquistados: "O que me deu mais prazer de ganhar pelo FC Porto? Todos. Não consigo escolher um, mas vou escolher um momento que me marcou muito: o meu regresso. Decidi voltar para o FC Porto quando muita gente dizia: ‘Estás louco, tens outros clubes para poder ir, outras propostas. Porque vais voltar para o FC Porto? Fica mais dois anos fora de Portugal’. Eu decidir voltar porque eu queria sentir novamente essa atmosfera, esse ambiente do Dragão, de poder estar numa cidade que me deu muito. Agradeço muito ao Porto porque me deu a minha mulher, que por sua vez me deu os três filhos que eu tenho. Fui tão feliz na minha primeira passagem pelo FC Porto. Toda a gente dizia que a primeira passagem foi muito boa, que se calhar seria muito mais difícil voltar a superar a primeira passagem. Demonstrei mais uma vez que, com os títulos, o meu trabalho, muito sacrifício, junto com os meus adeptos, consegui alcançar grandes objetivos. Não só a título pessoal, mas também a coletivo"
Seleção Nacional: "Vou recordar para sempre o momento em que anunciei que estava disponível para representar Portugal. No jogo com o Vitória FC, eu já tinha vindo a falar com a minha família. Se calhar apanhei muita gente de surpresa, mas era o meu sentimento, o de poder chegar a esse momento e vestir a camisola de Portugal, no estádio onde tive os meus primeiros minutos. Quando me estreei pela Seleção Nacional foi um turbilhão de emoção. Foi o assumir de um compromisso que tenho até ao dia de hoje com a minha equipa , sempre colocando o interesse de Portugal em primeiro lugar e lutando por aquilo que ia representar aos portugueses, que era ser humilde dentro de campo, respeitar os adversários, trabalhar ao máximo e dar o meu melhor em todos os jogos para poder honrar as cores de Portugal."
Ser português: "Definir o que é ser português? Humildade. Gratidão. Genuíno. Ser português é para mim um orgulho imenso. Sei que não nasci em Portugal, mas considero-me português, porque sou muito grato ao que Portugal me deu. De coração. O que tentei retribuir aos portugueses foi fazendo aquilo que melhor sei, jogar futebol, consegui dois títulos pela Seleção portuguesa, que me enchem de orgulho, que me fazem ver que a minha luta é lutar por Portugal, foi uma luta que me deu recompensa, que pude retribuir aos portugueses pelo que me deram, de me terem aberto a porta de Portugal, de me darem a oportunidade de poder jogar, de poder defender as cores de Portugal"
Lágrimas no Euro-2024: Foi de impotência, porque eu acreditava muito que íamos ganhar esse Europeu. Sonhava que ia ganhar pelo grupo que tínhamos, pelos jogadores que tínhamos. Eu como mais velho, sentia a paixão que os meus companheiros tinham. O trabalho deles foi incrível. Foram lágrimas de impotência, de não corresponder aos portugueses que também queriam muito. A expectativa que criaram. E também saber que era o meu último jogo, que não ia pode ter outra oportunidade de lhes dar alegria. Portanto, pelo que foi o meu objetivo quando me naturalizei, sabia que aquele momento ia terminar, não ia ter outra oportunidade de dar alegrias a eles, ao nosso povo, foi essa a impotência que senti. Tentar descrever em palavras é difícil, mas agradeço a todos os portugueses que acreditaram na nossa equipa. Nós, jogadores, dizíamos que tínhamos grande seleção, ambiente, espírito, todas as condições para ganhar esse europeu. Também tive oportunidade de falar depois desse jogo e disse: ‘o futebol é isto’. Quatro dias atrás tínhamos dado uma alegria enorme nos penáltis, quatro dias depois levou-nos esse sonho, a mim principalmente, de poder dar uma alegria ao povo que me deu tanto na minha última competição. As lágrimas foram por essa impotência".