O recordista francês dos 800 metros (1:42.53), de 31 anos, que foi operado a um tendão da coxa direita há um ano, sofreu uma recaída e foi obrigado a parar em abril passado.
"Depois da operação, o tendão devia estar melhor, tinha-me dado uma energia renovada, esperança e vontade, mas esta recaída quebrou esse ímpeto", disse o atleta ao diário desportivo.
"Esforcei-me muito para voltar ao bom caminho nos últimos meses. Estive duas ou três semanas em Arcos de Valdevez, em Portugal, onde os meus pais têm uma casa. Comecei a nadar todos os dias e fiz muitos progressos. E tentei correr, mas senti logo dores quando acelerava um pouco", continuou.
"Ser atleta já não me dá prazer. Há qualquer coisa que não é saudável neste tendão. Os dias estão a passar, os Jogos estão a chegar e, a este ritmo, nunca lá chegarei", lamentou o francês.
Campeão do mundo em Londres em 2017, Pierre-Ambroise Bosse é também pentacampeão francês e duas vezes medalha de bronze nos Campeonatos da Europa (2012 em Helsínquia e 2018 em Berlim).
Terminou em terceiro lugar no Campeonato de França de 2022, depois de ter terminado em sexto lugar no Campeonato Europeu Indoor de 2021, em Torun (Polónia). A sua última competição foi em julho de 2022, no meeting de Nancy, onde terminou em oitavo lugar.
"Difícil de admitir"
Em 2019, Pierre-Ambroise Bosse foi multado em 1.000 euros por uma violenta luta numa noite em agosto de 2017, durante a qual ficou gravemente ferido no rosto, resultando no fim prematuro da temporada.
De facto, desde a conquista do título mundial, Bosse nunca mais recuperou o estado de graça daquela noite mágica em Londres, em agosto de 2017. Das lesões às mudanças de treinador, passando pela luta no bar, a sua imagem ficou gravemente manchada e a sua moral muito afetada. No final de 2020, chegou mesmo a perder o seu fornecedor de equipamento (Puma).
Antes do seu título mundial, o nativo de Nantes (1,85m, 68kg) tinha terminado fora do pódio (4.º) nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016, mas foi eliminado antes da final em Tóquio, em julho de 2021.
Com o coração pesado, PAB nunca realizará o seu sonho olímpico. Quando se apercebeu de que o seu corpo não lhe permitiria competir em Paris, o atleta admite que "passou dias na cama".
"Já não saía, não fazia desporto. Interiorizei muita coisa", continua.
"No início, não me atrevia a contar às pessoas que me eram próximas porque não as queria perturbar. O sonho da minha mãe era que eu fosse aos Jogos de Paris. É difícil admitir que a carreira está a chegar ao fim", conclui.