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Piqué e a Kings League: "Criámos um contexto em que toda a semana acontecem coisas"

Miguel Baeza
Piqué com Djibril Cissé
Piqué com Djibril CisséKings League
Gerard Piqué deu uma entrevista ao Diario Marca e nela abordou temas como a Kings League, os seus outros projetos e o litígio que a Kosmos mantém com a Federação Internacional de Ténis.

Depois de encher Camp Nou com a Final Four do primeiro split da Kings League, Piqué está muito satisfeito com o desenvolvimento da segunda metade da época e com a estreia da Queens League: "O balanço é muito positivo, porque em termos de audiência mantivemos. Em relação à Queens League, ficámos surpreendidos com o nível de audiência que temos. Em média, seria um terço do que se vê na Kings League, que já é um produto mais consolidado. Na Kings League é muito mais fácil fazer coisas como trazer lendas do futebol. Na Queens, devido ao pouco impacto do futebol feminino, não há tantas lendas. Eu podia trazer a Marta, que é aquela que todos nós temos em mente, que é um símbolo no Brasil".

"Se for bem feito, temos muito a ganhar para passar ao nível seguinte, que teria de ser em 2024. Mercados diferentes para onde queremos ir, como queremos fazer...", antecipou, deixando claro que já está a pensar no próximo passo para o fenómeno desportivo que criou.

Pirlo foi o primeiro Jogador 14 da Kings League
Pirlo foi o primeiro Jogador 14 da Kings LeagueKings League

"Fizemos um acordo com a Mediaset para que eles transmitam o jogo do dia. O nosso dia de jogo é ao domingo, das quatro às dez. São seis horas e 12 equipas. Quisemos experimentar o jogo do dia no Cuatro para chegar a audiências que não são apenas da Twitch. De facto, a partir dos 50 anos, a Twitch pode ser uma barreira à entrada. Há muitos que não trocam a televisão tradicional", disse. "As audiências não são muito elevadas. Para nós, é um complemento para aumentar as audiências".

Futebol?

Quando questionados sobre a lotação esgotada de Camp Nou na sua primeira Final Four, foram feitas comparações com o futebol. Piqué foi questionado sobre as possibilidades de competir diretamente com a maior máquina económica desportiva do mundo: "Não gostamos que nos comparem com o futebol porque achamos que não somos o futebol. Penso que o mundo está a evoluir para produtos que têm mais a ver com entretenimento. Compreendo que o desporto sempre foi entretenimento, mas nós sempre o levámos para aspetos mais técnicos e táticos, para a parte física? O adepto quer ser entretido", afirma.

"Há pouco tempo para o entretenimento e estamos a competir com alguns produtos com mais ou menos capacidade. Os desportos tradicionais, e digo isto devido à experiência que tive com o ténis, vão ter dificuldade em atrair os jovens porque é difícil para eles fazer mudanças. Estão sob a alçada das federações e as federações tendem a não querer mudanças. E estamos a competir com séries de 40 minutos por capítulo", diz, reforçando o seu ponto de vista.

A Kings League surpreende sempre com novidades
A Kings League surpreende sempre com novidadesKings League

Mesmo que não sejam de futebol, o público obriga-os a procurar os estádios de futebol para acolher grandes eventos. A próxima fase final da Kings e Queen League será no Metropolitano, casa do Atlético de Madrid: "A fasquia é muito alta, mas gostamos do desafio. Vamos fazer algo de novo, certamente. Entendemos que o que acontece no relvado é importante, mas o que acontece fora dele é muito importante. Os programas que fazemos antes e depois dos jogos têm muitas vezes mais audiência do que a própria competição", afirma.

"Criámos um contexto em que durante toda a semana, durante 24 horas, as coisas estão a acontecer. Os nossos jogadores, que já são "estrelas", criaram o seu próprio canal na Twitch e fazem conteúdos todos os dias. O que as pessoas querem é conhecer os jogadores e, neste momento, é difícil conhecer um Pedri, um Gavi. Não se sabe como é que eles são porque não têm um canal na Twitch, não dão entrevistas", continua.

Expansão internacional

Um dos principais objetivos de Piqué é levar o formato da Kings League a outros países: "Há um mercado onde é natural que cheguemos e que é o México, aliás, estou aqui agora. Os nossos 50% de audiência são da América Latina, mas o México é o primeiro no ranking. Estamos a considerar fazer uma Liga para toda a América Latina, exceto para o Brasil", explica. " O Brasil é claramente um mercado interessante, porque o Futebol 7 é a bomba", acrescenta.

Acima de tudo, quer cuidar do seu produto e não distribuí-lo sem sentido:"Queremos fazê-lo bem e não ser como o McDonalds: dar um monte de licenças e deixar que outros o operem por nós. Queremos que a alma da concorrência seja respeitada e isso leva tempo. Preferimos crescer pouco a pouco e não estar de repente em 30 países. Quando tivermos várias Ligas, gostaria de criar uma competição internacional. Sabemos que chegará o momento de atacar um país tão importante como os Estados Unidos. Temos um plano, mas ele muda todos os dias", afirma.

Ronaldinho poderá presidir uma equipa da Kings League no Brasil
Ronaldinho poderá presidir uma equipa da Kings League no BrasilKings League

"O sonho seria ter 8, 9 ou 10 Ligas, não diria mais. Não queremos chegar a 30-40 ligas. Seria algo semelhante ao Masters 1000 do ténis, que são nove e são muito poderosos. E depois os melhores jogadores de cada país jogariam em competições internacionais, a nível europeu ou mundial", diz, muito entusiasmado.

Entre o espetáculo e a competição

Um dos principais atores da Liga são os presidentes das equipas. Foram eles que trouxeram o seu público para a mesa para que o projeto começasse bem. Estão a levar o projeto muito a sério e, por vezes, surgem faíscas entre eles devido ao que acontece no decorrer dos jogos.

"Tenho uma ótima relação com os presidentes. A maior parte deles não os conhecia e agora tenho uma relação pessoal, escrevem-me todos os dias porque precisam de coisas. Há momentos em que o tom se eleva um pouco, em parte é um espetáculo, mas também é verdade que é preciso cumprir certas regras e se eles vão longe demais é preciso dar-lhes uma bofetada", explicou.

"A Liga é privada e, por isso, não vai haver novos presidentes", afirma. "Fizemos uma lista de 11, para o caso de um não entrar, e todos os 11 disseram que sim. Isso obrigou-nos a ir à última hora buscar outro, que, por acaso, era o Iker. Eu estava em Pamplona e liguei-lhe, e ele veio em menos de 24 horas", explicou sobre os rumores de que Casillas se juntaria ao projeto.