Robin Dolpierre foi um dos árbitros mais emblemáticos do boxe francês, mas deveria ter ponderado os seus comentários nas colunas do L'Equipe, após a vitória de Tony Yoka, por decisão dividida, sobre Ryad Mehry.
"Yoka precisava de ajuda, mas a sua cabeça foi empurrada para debaixo de água. Como é que ele pode agora voltar depois de três derrotas? Em Inglaterra, num combate como este, o pugilista local teria ganho. Quando vi o Yoka quase a chorar depois de anunciado o resultado, fiquei com o coração magoado. Podíamos, pelo menos, ter-lhe dado um empate", afirmou.
"É claro que ele foi derrotado por pouco. Sei que ele não fez muito, que trabalhou numa jogada. Mas em França, isso vale um empate. De facto, quando o locutor anunciou o resultado, o próprio Merhy ficou surpreendido por ter ganho. Quantos franceses já vi serem roubados no estrangeiro e ninguém se importa. Mas nós não somos capazes de ajudar um pugilista. Temos medo do público, de tudo. Fizemos mais mal ao boxe do que se lhe tivéssemos dado a vitória. Eu mantenho o que digo. Acha que se o promotor de Yoka tivesse sido Michel Acariès e não Jérôme Abiteboul, dois juízes teriam dado a vitória a Merhy? Concordo, os juízes não estão lá para ajudar", continuou Dolpierre.
"Mas Yoka será um dia um grande campeão, mesmo que eu não saiba quando. E hoje, ele precisava de ajuda. Uma derrota não teria mudado nada para o belga, que vai descer para os super-pesados (-101 kg), porque ele próprio diz que não é um verdadeiro peso pesado. Então, para que é que serviu o nocaute de Yoka?", questionou.
Dominique Nato, presidente da FFB, discordou fortemente destes comentários e aceitou a demissão de Dolpierre.