Primeiro dirigente a contratar Rúben Amorim diz que o treinador sempre foi "especial"
“Se eu vi que ele era diferenciado, sim, isso dava para ver. Agora que, passados menos de sete anos ele estaria no Manchester United, eu acho que ninguém conseguia imaginar que fosse assim tão rápido. Tem sido uma ascensão meteórica. A pulso, passando por vários patamares”, afirmou Carlos Pires, em declarações à agência Lusa.
Na época 2018/19, o atual agente de jogadores era diretor desportivo do Casa Pia, então no Campeonato de Portugal - o terceiro escalão à data -, tendo sido o responsável por contratar Rúben Amorim para treinador, dois anos após o antigo médio ter colocado um ponto final na carreira de jogador, em 2016, no Al-Wakrah, do Catar.
“Se me perguntarem se na primeira vez que me sentei com ele achei logo que ele seria especial, confesso que sim”, reforçou Carlos Pires.
Na altura, tratou-se de uma “aposta arriscada”, uma vez que Amorim não tinha experiência como treinador.
“Apostar em alguém que não tinha sequer dado um treino foi uma aposta de risco, mas correu bem. Correu para o Rúben, correu para mim e correu bem para o Casa Pia, que nesse ano atinge, no final da época, os campeonatos profissionais. Foi bom para todos”, recordou.
Essa subida de divisão aconteceu já sem Amorim no banco dos lisboetas, uma vez que o antigo médio deixou o clube em janeiro de 2019, após uma polémica decisão da Federação Portuguesa de Futebol. O organismo suspendeu o ex-jogador por três meses e multou o emblema casapiano, por considerar que o então "técnico estagiário" estava impedido de dar indicações para dentro de campo, face à ausência de habilitações para orientar uma formação daquele escalão.
Carlos Pires aponta a “forma de trabalhar”, a “maneira de lidar com as pessoas” e o “carisma” como os elementos para o sucesso do técnico.
“É muito mérito dele. Ninguém lhe deu nada. Ele começou por baixo. Esteja onde estiver, fez sempre bons trabalhos e tem conseguido subir patamares e agora vai para o patamar mais alto que existe”.
O antigo diretor desportivo compara a situação atual do Manchester United com a do Sporting em 2020, quando Rúben Amorim assumiu a liderança técnica dos leões, proveniente do SC Braga.
“Eu vejo o Manchester United um pouco como via o Sporting na altura. Na altura, muita gente acharia que o Sporting seria um cemitério de treinadores, porque tinha sido assim nos últimos anos. O United, num nível diferente, está numa situação idêntica”, referiu à Lusa.
Por isso, defendeu Carlos Pires, assumir o comando dos red devils nesta fase é um “projeto à medida” de Rúben Amorim.
“Acho que, acima de tudo, é bom para o Manchester United também porque me parece a mim que é um projeto à medida do Rúben. Tem tudo para correr bem. É um risco, é sempre um risco, mas o Rúben também gosta do risco. Parece-me ser um projeto que é a cara dele”, concluiu.
Depois do Casa Pia, Rúben Amorim, de 39 anos, passou pelo SC Braga, antes de rumar a Alvalade, onde conquistou dois campeonatos nacionais, duas Taças da Liga e uma Supertaça.
Em Inglaterra, viverá a sua primeira experiência internacional como treinador, depois da passagem pelo Catar enquanto jogador.