“Não houve qualquer tipo de diagnóstico de problemas neurológicos. Tenho um histórico de concussões desde há algum tempo e fui aconselhado a parar por precaução. Estou bem em termos neurológicos”, garantiu à agência Lusa o centro da seleção portuguesa.

O Oyonnax, clube do Top 14 francês em que Bettencourt jogou nas últimas cinco temporadas, anunciou “com emoção” o final da carreira do jogador devido a concussões cerebrais.

O jogador formado no CDUP insistiu que “não foi uma decisão fácil”, mas admitiu que era “a mais lógica” a tomar e fez questão de “não passar uma imagem do râguebi como um desporto perigoso”, porque, garantiu, “não é nada disso”.

“Terá sido muito por azar meu, por dificuldades técnicas ou um histórico de lesões nos ombros que fizeram com que, tecnicamente, arriscasse mais com a cabeça. Faz parte de um desporto de contacto, mas a maior parte dos jogadores não têm os antecedentes de concussão que eu tenho”, frisou o internacional português.

A decisão, de resto, “já estava tomada há dois ou três meses”, mas só hoje foi oficializada, explicou o jogador.

“A última que tive em jogo foi contra a Geórgia, na final do Rugby Europe Championship. Depois tive mais uma num treino, sem muito nexo, e na altura vi um especialista que me aconselhou a parar”, revelou Bettencourt.

Por isso, continua a ser seguido pelos médicos do clube, mas insiste que está “muito tranquilo” em relação ao futuro.

“Felizmente há bons neurologistas especializados nesta área em França e agora não há nada que possa controlar. É continuar a ter um estilo de vida saudável, viver a minha vida normalmente, vigilante e esperar que não surja qualquer problema”, assumiu.

Para já, o autor do primeiro ensaio de Portugal no encontro com a Austrália, no Mundial de França2023, não tem grandes planos para o futuro, exceto “aproveitar o verão”, algo que “quase nunca é possível para um jogador de alta competição” e, brevemente, “retomar os estudos na área de gestão”.

“Inicialmente foi um pouco duro, porque jogar râguebi sempre foi uma coisa que gostei de fazer, faz parte da minha identidade. Mas faz parte. Para qualquer atleta é sempre duro o dia em que percebe que tem de parar, seja por que motivo for. Tenho a sorte de ter amigos, família e um clube que me apoiam imenso. Não é nenhum drama”, concluiu.

Formado no CDUP, o autor do primeiro ensaio de Portugal na derrota frente à Austrália (34-14), no Mundial de França2023 chegou ao Oyonnax em 2019, após passagens por Clermont, Carcassone e Newcastle Falcons (Inglaterra).

Pedro Bettencourt estreou-se pela seleção portuguesa de râguebi em 09 de novembro de 2013, em Lisboa, frente às Fiji (derrota por 36-13), curiosamente, o mesmo adversário frente ao qual viveu um dos pontos mais altos da carreira, quase 10 anos depois, no primeiro triunfo de sempre de Portugal num Mundial, por 24-23.

Após a participação no França2023, Pedro Bettencourt alinhou mais duas vezes pelos ‘lobos’, no Europe Championship 2024, frente à Polónia e na final com a Geórgia, que Portugal perdeu por 36-10.

No Mundial de França2023, ficou de fora no encontro de estreia, frente ao País de Gales (derrota por 28-8), mas foi titular nos três encontros seguintes, frente a Geórgia (18-18), Austrália (derrota por 34-14) e Fiji (vitória por 24-23).