Reportagem: Campeonato do Mundo de Teqball com Ronaldinho, negócios e um recorde na Tailândia
"Eu jogava algo semelhante quando era jogador de futebol, numa mesa um pouco diferente", disse à AFP o campeão do mundo de 2002, que se tornou embaixador da modalidade.
Divertido e espetacular, o teqball está a ganhar popularidade, sobretudo entre os jovens, sob a imagem do antigo jogador do Barcelona com o seu toque de bola requintado. À volta de uma mesa com cantos curvados, dois jogadores ou dois pares enfrentam-se numa espécie de bola de ténis, sem poderem usar as mãos ou os braços.
Com movimentos em que o pé é levado acima da cabeça para bater ou servir, os teqers competem em elasticidade e destreza para ganhar jogos de dois sets. Criado na década de 2010 na Hungria, o teqball conta atualmente com mais de um milhão de jogadores, dos quais cerca de mil participam em competições internacionais.
"É a história de três húngaros que queriam continuar a jogar futebol sem lesões", explica Viktor Huszar, um dos inventores.
O empresário conseguiu estabelecer contacto com Ronaldinho através do treinador neerlandês Henk ten Cate, que passou pelo MTK Budapeste e pelo Barcelona como treinador adjunto.
Os inventores do desporto patentearam o design da mesa de bordas curvas, o que torna impossível a sua produção por outras empresas. "O desporto é um negócio", revela este homem que sonha com um Clássico entre o Barça e o Real Madrid em versão teqball.
Ao gosto de Neymar e Mané
O teqball seduziu várias estrelas da bola redonda, como Neymar e Sadio Mané, vistos nas redes sociais à volta da famosa mesa, que consideram um bom exercício para trabalhar a sua técnica. Até clubes profissionais aderiram ao movimento.
"No teqball, é preciso variar os toques. Os jogadores de futebol não gostam muito disso, não querem bater com o pé esquerdo quando são destros, ou mudar a parte do corpo, detestam isso", sorri Hugo Rabeux.
O pioneiro do teqball em França, de 34 anos, é um dos poucos que consegue viver do desporto, graças a uma dúzia de patrocinadores e aos prémios dos torneios.
"Se não se obtiverem bons resultados, não se pode viver disto", explica o antigo médio defensivo, que jogou no quinto escalão do futebol francês.
Realizado na capital tailandesa, com DJs e espectáculos de luz, o primeiro Campeonato do Mundo fora da Europa atraiu um número recorde de participantes, 211 - 80 dos quais mulheres - de 61 países diferentes, segundo os organizadores.
Algumas só recentemente descobriram o desporto, como Marie Letitia Togodne Yaoussou, dos Camarões, que se estreou quatro meses antes da competição.
Aterrou no teqball depois de uma primeira experiência no ténis de mesa: "Nunca tinha jogado futebol", confessa a jovem de 23 anos, que trabalha num gabinete de auditoria em Douala. Na cidade portuária, tem de treinar sozinha, na ausência de outros jogadores.
"Quando o desporto se desenvolver, as pessoas virão um pouco mais", conclui esperançosa.