Ainda jovem, teve o privilégio de jogar na Bélgica, antes de se mudar para o Reino Unido. Infelizmente, sofreu uma grave lesão na virilha e foi obrigado a retirar-se aos 20 e poucos anos.
Ofei tinha fissuras na virilha e podia ser operado ou deixar de jogar. O então veloz extremo optou pela segunda opção e pôs fim a uma carreira muito prematura e cheia de promessas. Após anos de trabalho árduo e investimento, foi um final bastante dececionante para alguém apaixonado por futebol desde o nascimento. O seu falecido pai, Eric Asiedu, que era carinhosamente chamado de "Big Boss", trabalhou no ecossistema do futebol e passou quase dez anos como responsável de equipamentos da equipa de juniores do Chelsea.
Ofei aproveitou as ligações do pai ao futebol e os seus conhecimentos sobre o jogo, passando rapidamente a ser olheiro antes de mudar para treinador.
"Conheci um par de agentes que estavam interessados em fazer negócios na Bélgica. Por isso, comecei a fazer trabalhos para eles, mas descobri imediatamente que este trabalho de agência e de olheiro não era para mim. Depois comecei a treinar com estágios no Chelsea e em vários clubes antes de finalmente conseguir um emprego no Sporting Lokeren. Em cerca de quatro anos, trabalhei com os sub-8, sub-12, sub-15, sub-18, sub-19 e sub-23, onde fui treinador principal. Infelizmente, o clube entrou em falência e foi despromovido", conta em entrevista exclusiva ao Flashscore.
Mais uma vez, Ofei teve de mudar de ares e escolheu Portugal como destino seguinte, onde foi treinador do Lusitano Ginásio Clube.
"Fui para Portugal como treinador principal na terceira divisão. Estivemos muito bem durante uma época e depois, por razões familiares, tive de regressar à Bélgica. Treinei os sub-18 do Antuérpia e fui treinador adjunto dos sub-21. Depois, recebi o convite para trabalhar para a Associação de Futebol do Gana na direção técnica como gestor de alto rendimento".
"Esta função significa que sou responsável por todas as seleções nacionais de juniores. Nos últimos dois meses, fui nomeado treinador principal da equipa sub-20 do Gana, o que perfaz quase 14 anos de experiência como treinador, desde as camadas jovens até ao futebol sénior".
Depois de vencer a Taça das Nações Africanas de Sub-20 (AFCON) em 2021, o Gana não conseguiu repetir o mesmo sucesso, uma vez que o desempenho da equipa se deteriorou. Os "Satélites Negros", como é conhecida a equipa sub-20 do Gana, perderam para a Nigéria no torneio sub-regional da WAFU e, como resultado, não conseguiram qualificar-se para a AFCON sub-20 de 2023. A equipa encerrou um ano desastroso depois de ter sido eliminada na fase de grupos do Campeonato Masculino da Zona B da WAFU, na Costa do Marfim. Ofei admite que o momento ainda é propício para que ele tenha um impacto.
"Acho que foi o momento certo, porque fiz tudo o que podia fazer ao mais alto nível na Europa no que diz respeito ao futebol juvenil europeu. O próximo passo foi vir para o Gana e ajudar a GFA enquanto trabalhava com a seleção sub-20. Tive muitas oportunidades na Europa e poderia ter ido para o Club Brugge, mas escolhi o Gana porque é o meu país e eu queria ajudar".
"É difícil para mim olhar para tão longe e não seria sensato. É claro que tenho de ter objetivos e aspirações, mas penso que agora tenho de me concentrar nos satélites negros. O principal objetivo é o apuramento para o Campeonato do Mundo Sub-20 de 2025".
Ofei já começou a reunir o plantel para tentar reescrever a história. Trinta e nove jogadores foram convidados a começar a acampar em setembro. Desde então, a equipa tem vindo a disputar uma série de amigáveis enquanto percorre o país.
A jornada para reformular o futebol ganês não começou apenas para Ofei. Ele participou do minucioso processo de desenvolvimento da filosofia do futebol nacional de Gana - um livro que descreve o DNA do futebol do país.
"Eu fiz parte do processo. Trabalhei na direção técnica e isto é algo que temos de integrar. Como treinador de alto rendimento, as equipas jovens são da minha responsabilidade e tenho de me certificar de que todos temos o mesmo estilo de jogo ou a mesma filosofia e princípios de jogo. Isto também ajuda na transição das equipas jovens para a equipa principal".
Ofei descreve a sua filosofia como "controlar o jogo com e sem bola, compreender o espaço-tempo, ter consciência, tomar a decisão certa, colocar as posições certas e dominar e ditar o jogo".
O seu mentor é José Mourinho, mas acrescenta que "sou um treinador mais técnico". Há algumas semelhanças, pois ambos se retiraram relativamente cedo do futebol para se dedicarem ao treino. Para Ofei, todo o treinador de nível mundial já foi um treinador de jovens. Atualmente, está numa jornada de ascensão para levar as seleções jovens do Gana de volta ao topo do continente.