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Reportagem Paris-2024: A Aldeia Olímpica é um mundo e Portugal vive lá dentro

Zona de descanso na Aldeia Olímpica
Zona de descanso na Aldeia OlímpicaAFP
O mundo que é a Aldeia Olímpica abriu-se esta terça-feira aos jornalistas, que puderam excecionalmente entrar no labiríntico epicentro de Paris-2024, onde Portugal ocupa cinco andares estampados com os sonhos da Missão nacional.

À entrada, troca-se a credencial por uma braçadeira, recebe-se um mapa com os principais pontos de interesse e parte-se à aventura, a solo, na maioria dos casos, com guia no caso da Missão portuguesa.

Numa Aldeia Olímpica que será depois transformada em habitação social, há pontes para atravessar o rio e não só, um salão de beleza, um posto de correio, um banco, uma creche, um centro de pesagem e até um ponto turístico, além dos imprescindíveis ginásios para treino dos atletas.

Logo à entrada, há bandeiras visíveis por todo o lado, numa viagem global que vai da Coreia do Sul ao Montenegro, com pulinhos à Polónia, Tunísia ou Azerbaijão, com a imponente China a preferir a outra margem do rio.

A Aldeia Olímpica é um mundo e contém o mundo, envolto nas músicas do momento, onde também está Portugal. O percurso até à residência nacional faz-se com paragens num supermercado, numa gigante loja de merchandising, situada mesmo ao lado da representação de um fabricante de telemóveis, que ofereceu um a cada atleta.

Ao lado do refeitório dos voluntários, está a gigante Alemanha, bem identificada com as suas cores, a fazer pandã com os tons da esplanada, onde os atletas podem beber uma cerveja - obviamente sem álcool -, em momentos de lazer extensíveis à Disconnection Bubble, um lounge para desfrutar de um café ou simplesmente relaxar, mas também à sala de jogos de arcada, patrocinada por uma conhecida marca de bebidas.

Pelo caminho, veem-se atletas de todos os países, maioritariamente a pé, mas também de bicicleta – há gratuitas disponíveis por toda a Aldeia, mas houve delegações que preferiram trazer a sua frota – e até há encontros improváveis, no caso com a maior referência olímpica desta edição dos Jogos, a ginasta norte-americana Simone Biles, acompanhada por uma verdadeira entourage que incluía uma operadora de câmara.

Pau Gasol na Aldeia Olímpica
Pau Gasol na Aldeia OlímpicaAFP

Foi junto ao restaurante que são seis em um e que funciona 24 horas por dia, tendo mesmo semáforos para indicar o nível de afluência, além de um menu consultável numa aplicação, que a Lusa se cruzou com Biles, vinda do maior edifício de todos, o dos Estados Unidos.

Para lá chegar, atravessa-se a sala da Comissão de Atletas Olímpicos do Comité Olímpico Internacional (COI), em pleno processo eleitoral, desembocando-se no verdadeiro bloco de apartamentos norte-americano, munido, por exemplo, de ginásio exclusivo, situado pertíssimo não só do restaurante mas também do centro de transportes, e decorado com fotos de grandes olímpicos nacionais, como o inevitável Michael Phelps.

Atrás do complexo dos Estados Unidos, está a avenida principal, alegrada pelas cores da Austrália, que deu guarida às Fiji no último andar e ladeou-se dos vizinhos da Oceânia, identificados pelo slogan Oceania Warriors (Guerreiros da Oceânia, na tradução para português).

É numa transversal ao albergue dos descontraídos australianos – até montaram mesas de esplanadas – que está Portugal, que tem como vizinhos os Países Baixos, o Japão, a Eslováquia e a Hungria, partilhando edifício com Colômbia e Kuwait.

A Missão lusa, que ocupa os cinco primeiros andares, recebe os atletas que chegam a cada dia com uma mensagem de boas-vindas personalizadas, uma simpatia prolongada até ao lounge, onde há um “miminho para todos”, como definiu a nutricionista Claudia Minderico.

“Para o caso de não quererem ir tomar um pequeno-almoço ou chegarem cansados de um treino e precisarem de fazer um pequenininho snack ou antes de ir dormir fazer um pequeno snack, nós temos tudo à disposição. Temos desde proteína de altíssima qualidade, que podem misturar em água ou misturarem no leite, para aumentarem a quantidade quer de vitaminas, quer de minerais, quer de proteína propriamente dita. Podem adicionar ainda alguns cereais com glúten, sem glúten, só de milho”, começou por explicar à Lusa.

Dispostos na mesa do lounge, há ainda ovos, frutos secos, hidratos de carbono em barras, polpas de fruta, “que podem ajudar numa recuperação ou servir para durante o treino, em vez dos géis”, também eles presentes, e ainda gomas, pastilhas de cafeína, multivitamínicas para combater a poluição, antistresse para “manter a frequência cardíaca tranquila” ou Gaba, para nos dias “de maior ansiedade os atletas conseguirem adormecer um bocadinho mais rápido”, enumerou a nutricionista da Missão portuguesa a Paris-2024.

Estes snacks podem, obviamente, ser acompanhados pelo famoso café português, de grão, “para ter o aroma”, por uma bebida de cereja amarga – “a nossa ginja” -, um "anti-inflamatório muitíssimo bom”, além de uma água aromatizada com menta, que “arrefece o sistema nervoso central”, notou.

Mais escondido, mas ao lado do lounge, está o consultório médico do diretor de medicina desportiva da Missão, José Gomes Pereira, concebido como uma verdadeira clínica onde, inclusive, se podem fazer pequenas cirurgias, e ligado por umas escadas à zona de fisioterapia.

Nos corredores estreitos – como estreitos são os quartos – há desenhos das crianças envolvidas no programa de Educação Olímpica do COP, com os mais personalizados a serem colocados nos quartos dos atletas, apresentados à Lusa pelo chefe de Missão, Marco Alves.

Além das já famosas camas, o principal ex-líbris nas redes sociais dos desportistas portugueses que já chegaram à Aldeia Olímpica – a Missão substituiu as de cartão instaladas pelo Comité Organizador, estando estas equipadas também com um colchão articulado -, há duas surpresas para todos os 73 apurados portugueses para Paris-2024, providenciadas pela Comissão de Atletas Olímpicos: um postal com uma mensagem individualizada, ilustrado com uma foto do destinatário em criança, e um colchão de ioga com a inscrição do nome e da frase preferida de cada um.

Ponto final na visita, é tempo de devolver a braçadeira e guardar o mapa, que será percorrido por mais de 10.000 atletas até 11 de agosto, último dia dos Jogos Olímpicos.

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