Ricardo Machado tem expectativas elevadas para manter canoagem no topo
Na cerimónia de posse, o até agora vice-presidente e responsável pelo Alto Rendimento da FPC, que sucede a Vítor Félix, que cumpriu três mandatos, demonstrou-se confiante na possibilidade de alcançar os mesmos sucessos, reconhecendo, no entanto, o patamar elevado a que a modalidade chegou.
“As expectativas partem de um patamar muito elevado. A canoagem, nos últimos anos, afirmou-se como uma modalidade com muitos sucessos desportivos e, portanto, sabemos que a fasquia está elevada. As pessoas esperam de nós sempre medalhas e resultados de relevo. Esse será sempre o nosso maior desafio, manter o nível de resultados desportivos, que é o nosso grande elemento diferenciador da modalidade”, referiu o novo presidente, em declarações à agência Lusa.
Ricardo Machado admitiu ainda a necessidade de manter a aposta na formação, para conseguir alcançar, com sucesso, a renovação da atual geração de canoístas.
“Temos de fazer a renovação desta geração. Temos uma geração de atletas excecionais, que não é fácil de renovar. Não é fácil substituir um Fernando Pimenta, um João Ribeiro, uma Teresa Portela. O nosso principal desafio para os próximos anos é fazer a renovação, integrar novos atletas para poder substituir, quando eles um dia decidirem que já não têm condições para se manter no nível que pretendem e possamos ter outros atletas que lhes sigam o exemplo e, portanto, continuarem a dar as alegrias que eles deram até agora”, vincou.
O novo presidente da FPC lamentou que “a sustentabilidade financeira seja um problema geral das pequenas federações desportivas”.
“A nossa modalidade, apesar do crescimento que tem tido nos últimos anos – crescemos quase 50% na última década –, é uma modalidade de média dimensão em termos de atletas. O nosso fator diferenciador é a qualidade e aquilo que nós temos é um constrangimento constante de, apesar de termos atletas com grande potencial, não temos condições para eles poderem evoluir e poderem ser o tal futuro da modalidade que nós precisamos e que o país precisa”, explicou.
Sem prometer “fazer omeletes sem ovos”, Ricardo Machado advertiu que “é preciso um bocadinho mais com que aquilo que há”.
“Quando falo do financiamento, é óbvio que uma parte é do Estado. A FPC é um mero intermediário do Estado para assegurar essa oferta desportiva. Mas também do privado. A FPC tem muita dificuldade em conseguir patrocínios e apoios privados que ficam em duas modalidades, que secam tudo à volta e que não permitem distribuição mais equitativa para as outras”, lamentou.
Ricardo Machado comentou ainda a correção feita pelo Governo aos valores da despesa com o desporto prevista no Orçamento do Estado para 2025 para 54,5 milhões de euros, depois de ter anunciado 42,5 ME na proposta entregue na quinta-feira, na Assembleia da República.
"Ontem encarámos aquela notícia com muita surpresa e, hoje, pelo contrário, ficámos satisfeitos que tenha havido este engano e que tenha sido corrigido. É óbvio que estes 8% são de saudar, e agradecemos, mas são insuficientes e há um caminho que é preciso fazer. A Cultura este ano conseguiu 20% do Orçamento do Estado. Temos de nos comparar com a Cultura e exigir o mesmo tratamento para o desporto”, rematou.
No passado dia 29 de setembro, Ricardo Machado foi eleito presidente da FPC para o ciclo olímpico de Los Angeles2028, após liderar a lista única candidata à eleições à sucessão de Vítor Félix.
O vice-presidente responsável pelas seleções dos últimos ciclos olímpicos foi eleito com 50 votos, num colégio eleitoral com a plenitude de 100 no total.
Desde 2012 na FPC, primeiro na equipa de Mário Santos, agora diretor-geral das modalidades do FC Porto, Ricardo Machado foi o vice-presidente para as seleções nos mandatos de Félix.
Entre as suas prioridades estão a sustentabilidade financeira da FPC, a alteração aos regulamentos, a renovação das seleções nacionais e a tentativa de levar a Los Angeles2028 o maior número de canoístas possível, assumindo o desejo de levar dois K4.