Depois de passar por Áustria, China e Países Baixos, além da Alemanha onde nasceu, Roger Schmidt embarcou numa aventura neste início de temporada. O treinador de 55 anos rumou ao Benfica e teve um arranque repleto de sucesso já que as águias são, a par do PSG, uma das duas equipas dos principais campeonatos europeus que ainda não conheceram a derrota.
Convidado a falar na cimeira do Thinking Football, organizado pela Liga, Roger Schmidt mostrou-se satisfeito com a decisão de rumar a Lisboa depois de dois anos no PSV.
“Já conhecia algumas coisas, porque defrontei equipas portuguesas nas provas europeias e nunca foram jogos fáceis. Quando vou trabalhar para um país novo, normalmente interesso-me pela cultura futebolística, e geral, do local para onde vou, é um dos atrativos de trabalhar no estrangeiro. A primeira coisa que fiz foi conseguir informações do clube, dos jogadores, da mentalidade de cada um e a forma como trabalham. Depois sim, fui analisar os nossos adversários e à medida que os jogos vão passando torna-se mais fácil ir percebendo algumas coisas”, disse, deixando um desabafo: “Senti-me muito bem recebido, vir trabalhar para Portugal foi uma das melhores decisões na minha vida”.
Após os primeiros meses a disputar a Liga, o treinador do Benfica reconheceu que existe muito potencial para crescer.
“Este é um campeonato difícil, comparando com outros em que já trabalhei. Cada partida representa um desafio e existem algumas equipas que nos conseguem surpreender no que toca à abordagem. Em termos defensivos acho que a grande maioria dos clubes é bem organizado”, disse, antevendo um futuro bom para as cores portuguesas: “É incrível para um país com 10 milhões de habitantes. Vai continuar a melhorar, este ano já houve a possibilidade de ter três equipas na fase a eliminar da Liga dos Campeões, por isso é bastante positivo. Existe muito potencial e o futebol português está a caminhar na direção certa”.
"É uma filosofia do Benfica"
A passagem de Roger Schmidt do Benfica fica, para já, associada à ascensão de António Silva. As lesões de Morato, Lucas Veríssimo e João Victor levaram o alemão a apostar no jovem central que, então com 18 anos, pegou de estaca ao lado de Otamendi e mereceu a convocatória para ir ao Mundial-2022.
Questionado sobre a aposta nos jovens, Schmidt reconheceu que faz parte do ADN das águias.
"É uma filosofia do Benfica desenvolver jovens para chegarem ao plantel principal e, se forem bons o suficiente, vender e obter algum retorno financeiro para manter a equipa competitiva nas competições europeias. Acho que é uma boa filosofia porque traz valor acrescentado ter jogadores da formação na equipa principal. É uma forma de identificação para o clube e também para os adeptos se ligarem mais à equipa. No Benfica, todos querem ver os jovens da formação na equipa principal, alguns, não podem ser todos. Se queremos chegar a fases mais avançadas da Liga dos Campeões não podemos jogar apenas com miúdos da formação. Seria difícil. Mas ter alguns é positivo e também me agrada. Acho que esse devia ser um objetivo de todos os clubes. Alguns não o conseguem fazer. Mas para o Benfica, como outros clubes em Portugal e na Europa, é um sinal forte da cultura do clube. Essa é uma das qualidades que também me levou a querer vir para trabalhar com estes jovens jogadores", concluiu.