A antiga futebolista fez ouvir a sua voz pela primeira vez num artigo publicado pelo The Athletic na sexta-feira.
A antiga defesa e capitã da equipa feminina do Fulham alega ter sido agredida duas vezes na casa dos 20 anos por Al-Fayed, que foi proprietário do clube entre 1997 e 2013. Os factos terão ocorrido nos escritórios do empresário nos armazéns Harrods, de que era proprietário.
O bilionário egípcio, que morreu em agosto de 2023, aos 94 anos, começou por chamar a jogadora ao seu gabinete, explicando que os seus filhos queriam falar com ela sobre futebol como pretexto. Durante a entrevista, obrigou-a a sentar-se ao seu colo, acariciou-a e tentou beijá-la.
No segundo encontro, Al-Fayed tentou beijá-la novamente à força, deslizando a mão do seu rosto para a sua cintura, antes de ela se conseguir libertar e fugir do escritório.
Gibbons explicou que não comunicou o incidente na altura para não pôr em risco o futuro da sua equipa: "Senti uma enorme responsabilidade sobre os meus ombros porque tínhamos acabado de nos tornar profissionais", disse.
"Tudo dentro de mim gritava 'Ronnie, tens de te ir embora', mas eu não podia, porque teria sido responsável pela perda do emprego de todas aquelas mulheres e pela queda do Fulham Ladies", continuou.
"O que a antiga capitã do Fulham, Ronnie Gibbons, foi obrigada a suportar às mãos de Mohamed Al-Fayed é mais um exemplo horrível dos abusos terríveis cometidos com a ajuda e a cumplicidade das empresas de que era proprietário", reagiu a Justice for Harrods Survivors.
A equipa de advogados, que representa mais de uma centena de mulheres que acusam Al-Fayed, anunciou novas revelações sobre o clube londrino "na próxima semana".
"Condenamos absolutamente todas as formas de abuso. Ainda estamos a apurar se alguém no clube é ou pode ter sido afetado por Mohamed Al-Fayed de alguma forma, como foi recentemente noticiado na imprensa", reagiu o Fulham em comunicado.
Após a transmissão de um documentário da BBC em setembro, multiplicaram-se os testemunhos de mulheres que acusam o milionário de violação e agressão sexual. Mais de 200 mulheres estão envolvidas, de acordo com o Harrods.