Rúben Amorim: "Penálti? Pedro Gonçalves foi o único adulto na sala"
"Acima de tudo, é aumentar o nível. Conhecemos o relvado, em casa. Tem feito a diferença. Os jogadores sentem-se em casa. Fora, é diferente. O balneário diferente, mais frio, se calhar. Vamos defrontar uma equipa que joga bem, que nos complicou a vida nos primeiros 30 minutos da Taça da Liga. Temos de ter vitórias consecutivas. É importante cimentar", começou por dizer Rúben Amorim sobre a partida em Vila do Conde, antes de ser confrontado com o castigo de três jogos a Paulinho, do qual o Sporting já recorreu, perante a suspensão de apenas um jogo de Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, próximo adversário dos leões no campeonato, expulso diante do Marítimo.
"São coisas completamente diferentes. É bom não comparar as coisas. Não nos interessa o FC Porto. O contexto importa quando há castigos. Se não tiver o Paulinho, jogará outro", respondeu de pronto o treinador do Sporting, que foi instado a comentar a saída de Pedro Porro e se esse facto teve impacto negativo no balneário.
"Ao Esgaio motiva, tem mais espaço. Obviamente que eles sentem, mas também já houve uma preparação. Já toda a gente sabia que o Tottenham andava em cima do Porro, ele fala com os colegas. A saída do Matheus Nunes teve muito mais impacto no grupo na altura que foi. A do Porro estava mais preparada, teve impacto diferente. Da mesma maneira que perdemos outros jogadores, perdemos Porro e demos boa resposta. Jogamos de forma diferente agora. O Morita não joga da mesma maneira do que o Matheus. Descobrimos algo no Morita que até nos faz criar mais oportunidades de golo, e é isso que pretendemos. Sabemos que Esgaio e Bellerín não são tão fortes no um para um como o Porro. Se calhar ganhámos concentração defensiva. É olhar para o lado positivo. É preciso dois jogadores para fazer o mesmo? Um para fintar e um para cruzar? É isso que temos de entender. Não estamos dependentes de qualquer jogador. É uma baixa importante, custa, mas estaremos preparados", explicou Rúben Amorim que, quando confrontado com as imagens entretanto conhecidas do seu descontentamento quando viu Pedro Gonçalves assumir a marcação do penálti com o SC Braga, quando queria que fosse Ricardo Esgaio, levado pelos pedidos das bancadas de Alvalade, aproveitou para... pedir desculpa.
"O Pote foi o único adulto na sala, digamos assim. Mais do que eu querer demonstrar a minha autoridade, quero pedir desculpa, ele era o único que estava certo. Fiquei tão contente de ouvir o estádio a gritar o nome do Esgaio que me perdi... O Pote foi o único que exerceu o seu direito e responsabilidade. Às vezes sou tão emotivo, que quando ouvi gritarem Esgaio perdi a noção do momento e do jogo, exagerei. O Pote fez bem, ele é que tem de bater os penáltis, quando estiver 1-0 aos 90', é ele que vai agarrar a bola. Quando quiser passá-la, fá-lo. Quero pedir-lhe desculpa. Nem é uma reação de ficar chateado, perdemos oportunidade de criar ligação com os adeptos. Tenho de manter a cabeça fria mas o único que está certo é ele, peço-lhe desculpa", afirmou Rúben Amorim.
Diomande e Bellerín sim, Jovane... também
Depois, o treinador do Sporting elogiou os dois reforços contratados pelos leões neste mercado de inverno e confirmou que tanto Diomande como Bellerín seguem na convocatória para Vila do Conde.
"O Esgaio é muito saudável. Era impossível aguentar certas coisas se não fosse. Teve o apoio dos adeptos, mas sabe que vai ter de lutar pela titularidade. Há jogadores que jogam mais, vai haver jogos para toda a gente. As caraterísticas dos adversários contam muito. Trincão esteve doente e entrou outro na posição, Pote recuou para o meio-campo e adaptou-se graças à ausência de Morita... Não vai mudar nada em relação ao Esgaio. Bellerín é muito inteligente, já o conhecemos, percebe muito bem o jogo. Diomande... Estou cada vez mais confiante que fizemos um excelente negócio. É muito forte com bola, sem bola, e não escolheria outro. Tanto se falou do preço, mas estou confiante que está ali um grande jogador. Vão ser convocados", confirmou Rúben Amorim, que levantou a ponta do véu sobre o onze, com a confirmação de que Nuno Santos, em risco de falhar o clássico com o FC Porto caso veja amarelo, vai ser titular.
"Vamos jogar com tudo, obviamente. O avançado é importante não dizer, mas é o Nuno Santos e mais dez. Este é o nosso jogo mais importante, e claro que o Nuno Santos vai começar o jogo. Não quero dizer que é titular absoluto, mas para o que queremos, ele vai jogar e não vai haver qualquer tipo de poupança", defendeu o treinador do Sporting, escondendo então o jogo no que a ataque diz respeito. E aí, sem Paulinho, o assunto é invariavelmente Chermiti.
"Poderá jogar outro jogador ou o Chermiti. Não tem a ver com confiança, mas não digo porque muda completamente a abordagem do Luís Freire. Ele vai ter de perder tempo a ver os nossos jogos de várias maneiras. O Rio Ave joga muito bom futebol, muito aberto, quer ter a bola, e às vezes perde a bola porque quer sempre jogar desde o guarda-redes. Pode jogar com Boateng e Aziz... É difícil apanhar os médios quando estão muito abertos, fizemos isso no treino e é difícil tapar os espaços. Espero um jogo contra uma equipa que sabe jogar futebol e temos de cansar o Rio Ave, caso contrário eles cansam-nos a nós. A diferença no um para um vai ser importante, e aí temos de ter vantagem porque somos o Sporting. Se for preciso no aquecimento mais um sprint vamos ter de o fazer. É um treinador que ganhou em todos os escalões, e o que queremos é ganhar num campo muito complicado", explicou Rúben Amorim que, ainda sobre o mercado, abordou também a questão de Jovane Cabral, que viu o empréstimo ao Valladolid falhar por atraso na inscrição e confessou que o avançado até jantou em sua casa esta semana.
"O que me transmitiram é que o Jovane podia sair para jogar mais, não deu. Vai ficar connosco. Esta semana jantou em casa do treinador. Está tudo bem, falei com ele e ele tem de treinar bem. O Jovane é um jogador de nossa equipa, e se tiver de jogar vai jogar. Chermiti? A única maneira que sei gerir expectativas é que o Rodrigo foi opção, depois veio o Chermiti que esteve melhor... O Mateus Fernandes portou-se muito bem aqui, o Morita voltou, portou-se bem, Mateus voltou à equipa B. Quem for miúdo e estiver aqui sem espaço, vai à equipa B. Não há ilusões nenhumas. Os jogadores têm de fazer o trabalho de casa mas o trabalho é do treinador. Eles têm uma responsabilidade acrescida porque estamos a arriscar muito e eles têm de corresponder, e a verdade é que o Chermiti corre mais a cada treino. Depois parte da responsabilidade do treinador, do clube, dos pais... Chermiti já percebeu que ou trabalha sempre no limite, ou não tem hipótese. Eles falam com os colegas. Até agora, foi sempre superando as expectativas, e por isso continua na equipa principal", disse Rúben Amorim.