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Rui Costa: "Desde o princípio que o Enzo não mostrou vontade de ficar no Benfica"

Rui Costa disse ainda que "não se bate no peito só quando interessa"
Rui Costa disse ainda que "não se bate no peito só quando interessa"SL Benfica
O presidente do Benfica esteve na tarde desta quinta-feira a comentar o mercado de transferências de Inverno das águias, com especial enfoque no negócio de Enzo Fernández com o Chelsea. À BTV, Rui Costa explicou ainda a falta de substituto para colmatar a ausência do argentino e assegurou que os guarda-redes Vlachodimos e André Gomes estão perto da renovação.

Balanço do mercado: "A ideia foi continuar o projeto de reduzir o número de ativos dos últimos anos, entre jogadores do plantel e emprestados. Começámos a época com 65 ativos - um número exagerado - e temos agora 37 ativos. Tivemos uma redução de 28 jogadores desde o início do ano. Quisemos menos quantidade e mais qualidade. Reduzir jogadores do plantel era outro objetivo. Começámos com 30, não queríamos mais de 24/27 jogadores. Resumindo, conseguimos fazer em duas janelas de mercado o que estava planeado para três quatro".

Brooks"O Brooks chegou no último dia do mercado, quando o António não era o António, Morato, João Víctor e Lucas Veríssimo estavam lesionados. Podem perguntar porque fomos buscar o Brooks. Fomos buscá-lo no último dia porque íamos entrar na Champions apenas com Otamendi e António Silva. Precisávamos de precaver essa posição. Não podíamos ir só com dois centrais, um deles um miúdo que na altura ainda não tinha mostrado. Estou muito grato à disponibilidade que mostrou, não teve a utilização que esperava porque o António agarrou o lugar e não o largou mais. Dois meses depois, tínhamos seis centrais a trabalhar, o que não dava para continuar. Daí a chegada e saída pouco depois de entrar. O João Victor também foi emprestado, mas com ideia de voltar".

Guedes"O Gonçalo Guedes não estava na equação. Não esperávamos poder voltar a ter em casa o nosso Gonçalo Guedes. Surgiu a possibilidade de ele sair do Wolverhampton e percebemos que podíamos lutar por ele. Precisámos de ir buscar um avançado e um extremo, o Casper Tengstedt e o Andreas Schjelderup, e foi aí que apareceu o Guedes. O negócio foi feito em dois dias, mérito para ele que tinha propostas de outros campeonatos, mas não hesitou e quis voltar a casa. Foi uma carta fora do baralho, pode jogar em várias posições, é da casa, tem imensa vontade de jogar no Benfica e não pensámos duas vezes também".

Escandinavos no Benfica: "Fui colega de três jogadores desse mercado. Resultou sempre no Benfica. É um mercado com muito talento, com uma geração de muito talento. Tivemos esse exemplo com o Aursnes. Ainda não foram utilizados, mas eles estavam em pausa de campeonato. Daí estarem a demorar mais a entrar na equipa, estão a fazer uma mini pré-temporada".

Balanço financeiro: "Se retirarmos o Enzo, porque não estava contabilizado, percebemos que não gastámos de forma exagerada no mercado de Inverno. Estamos a usar todos os critérios necessários para ter um equilíbrio desportivo e fincanceiro, mas sempre apontando à parte desportiva. Não sou nenhum louco para levar o Benfica a uma falência financeira".

Enzo"Tudo foi feito para que essa venda não se efetuasse. Estou de consciência tranquila e triste por ter perdido o jogador. Fiz o melhor para o Benfica dentro das linhas do processo. Desde o primeiro dia que tentámos não vender o jogador. Tentámos de tudo para não fazer esta venda. Desde o princípio que o Enzo não mostrou vontade de ficar no Benfica. O valor da cláusula é o compromisso entre clube e jogador para que, chegando uma proposta, o jogador possa dizer se quer continuar ou sair. O Chelsea acabou por trazer o valor da cláusula, nós temíamos isso, mas depois desistiu e acabou por voltar a dois dias e meio de fechar o mercado. Em todo este processo o jogador demonstrou que não queria ficar no Benfica e nós demonstrámos que íamos fazer tudo para que ele ficasse no clube. Foi feita uma proposta de melhoria de salário. Metade da proposta do Chelsea era inviável para nós. Nós percebemos que estes clubes tenham a capacidade de aliciar o jogador de forma tranquila. Nós - Portugal - temos dificuldade em acompanhar essas propostas. Tentámos mostrar-lhe que, ficando no Benfica até final da época, ia aparecer o Chelsea e outros clubes".

Vontade de Enzo: "Até aqui tudo é compreensível, mas nunca conseguimos chegar a ele. O valor da cláusula não obriga a que tudo seja pago no imediato. O Enzo foi muito incisivo a sair do Benfica desde que teve os valores em cima da mesa. Na primeira fase tudo se esfumou e o Enzo aceitou plenamente a vontade de ficar. Quando a proposta voltou a nascer, o Enzo ficou intransigente. Insistimos, mas não mostrou abertura. Tentámos que ele ficasse até final da época sem perder um tostão. No dia 31 coloquei em cima da mesa a proposta de o Chelsea o comprar já e ele ficar até ao Verão. Acontece que o jogador, mesmo assim, não quis continuar no Benfica. É aqui que a coisa muda. Uma coisa é respeitar o facto de o jogador estar a perder um contrato enorme, outra é fazer com que ele não perca um euro. É aqui que eu mudo e os benfiquistas têm de mudar comigo. É aqui que eu penso que este jogador não poderia jogar mais no Benfica".

Ia colocar em causa a estabilidade da equipa? "Completamente. É aqui entra o adepto, o presidente e o homem de balneário que eu sempre fui. Eu como adepto não queria mais este jogador e não queria este jogador dentro do balneário. Como presidente ele não podia continuar. Decidi que ele tinha de sair. Quando se está comprometido com o projeto, não se bate no peito quando interessa. Isso qualquer um pode fazer. Em Arouca jogámos sem Enzo e tínhamos de fora outros jogadores. Perdemos um grande jogador? Sim, mas não vou ficar a chorar por um jogador que não quer representar o Benfica. O nosso caminho é para a frente e não para trás. Fui criado no Benfica a saber honrar a camisola do Benfica. No Benfica - isto vale até para a formação - só estarão jogadores que tenham orgulho em representar o clube".

Contornos do negócio: "O pagamento é parcelado. O pagamento não tem de ser a pronto nos valores das cláusulas. Insistimos em transformar as prestações numa almofada financeira e por isso exigimos uma verba que chasse aos 120 milhões. Nunca abdicámos dese objetivo. O negócio fez-se quando chegámos a essa verba. Tira-se aos representantes os quatro milhões de euros e daí resultam os 121 milhões. Chegámos ao que queríamos e ele saiu cinco milhões e meio de euros acima da cláusula. Não foi por acaso que este negócio foi ao limite do tempo. Fizemos de tudo para manter o Enzo".

Pagamento dos custos de intermediação: "Os clubes lá fora são geridos por donos e os donos fazem aquilo que querem. Cá, como os clubes têm presidentes eleitos pelos sócios, há sempre essas questões. Não se consegue trazer um jogador com muito mercado, como o Enzo. Há mais casos assim e em todo o futebol mundial. Quando se assina com um jogador deste gabarito não se consegue fazê-lo sem dar ao agente um mandato de venda. É aqui que eles vão buscar lucro. Não se consegue uma transação destas sem um mandato de exclusividade aos agentes. Esses 10% têm de ser pagos. Isto não é só com o Benfica, é global, com todas as equipas do mundo. Nós reduzimos a verba de 3% do pagamento aos agentes, daí a tal verba dos 125 milhões de euros. Em vez de pagarmos 10%, nós pagámos apenas 6,5% aos intermediários".

Falta de substituto: "Já demos provas de que estamos prontos para todas as situações. Merecemos esse mérito. Esta situação nasce na última semana de dezembro. Estivemos sempre prontos para todas as posições de campo. A ideia é nunca prescindir dos jogadores mais utilizados e influentes do plantel. Quando fizemos a análise das entradas, não pensámos em nenhum médio-centro. Estamos a falar de um valor que chegou a dois dias de fechar o mercado. A 10 horas de fechar o mercado, o Enzo ainda podia ficar no Benfica. Tomámos a posição de lutar pelo Enzo até ao fim e esse argumento não valeu de nada. O jogador que valesse 10 milhões passava a valer 50 milhões por perceberem a urgência de contratar a dias de fechar o mercado. Não havendo a possibilidade de trazer os nossos alvos, não valia a pena trazer outro jogador. É com estes jogadores que vamos chegar ao título".

Empréstimos: "A intenção com João Victor, Paulo Bernardo e Henrique Araújo é a mesma. Não queremos que nenhum jovem interrompa o seu crescimento. Todos estávamos à espera de uma maior utilização do Henrique, ele não teve, e se continuasse estaria a interromper a sua evolução. À semelhança do que fizemos com o Florentino, queremos que eles percebam que têm de rodar para terem minutos e competição. Eles saíram para perceberem como é bom estar no Benfica. O barómetro é o Florentino, como foi o Rui Costa no passado. O Henrique é capaz de ser o empréstimo que mais preocupa os sócios, mas escolhemos um campeonato em que ele vai crescer muito, se conseguir manter a regularidade. O Paulo vai estar a jogar no campeonato português e o João Victor vai para França porque ia ter poucas oportunidades para jogar e vai adaptar-se ao futebol francês. Seferovic é diferente, não estava a ter a utilização que queria na Turquia e agora vai para Espanha, onde esperamos que tenha mais utilização".

Dupla renovação: "Temos praticamente fechadas as renovações do Vlachodimos e do André Gomes".

André Almeida"Será sempre um dos nossos. Esteve presente nos últimos 15 títulos do clube e merece o respeito de todos nós. Nem sempre foi compreendido, mas será sempre um dos nossos. Depois da lesão teve pouca utilização, este ano não teve nenhum minuto. O contrato acabava no final da época e dDando-lhe a rescisão no último dia de mercado, pode escolher um novo clube. Aconteceu para lhe dar a possibilidade de prosseguir a carreira".