Sanchez Vicario, 51 anos, e o seu ex-marido, Josep Santacana, são acusados de esconder ativos para evitar o pagamento de uma dívida de 7,6 milhões de euros ao Banque de Luxembourg, incluindo juros, disseram os promotores.
Os dois, que se divorciaram em 2019, negam as acusações. Podem agora enfrentar até quatro anos de prisão e milhões de euros em danos se forem condenados.
Sem conhecimento
"Eu fiz o que ele me disse para fazer porque sou uma jogadora de ténis, não tenho conhecimento de bens ou empresas ou qualquer coisa. Confiava no meu marido", disse ao tribunal de Barcelona, por vezes a soluçar.
Só mais tarde é que se apercebeu da gravidade da situação e confrontou o marido, que "reconheceu os factos". A jogadora disse ao tribunal que já tinha pago cerca de 1,9 milhões de euros ao banco e que tinha concordado em pagar metade dos seus rendimentos.
Sanchez Vicario foi a primeira jogadora espanhola a atingir o topo do ranking do ténis feminino. Ganhou três vezes o Open de França e três vezes o Open dos Estados Unidos em singulares, antes de se retirar em 2002. Numa entrevista ao diário El Pais, no domingo, disse que o seu erro foi "apaixonar-se" e confiar no marido. Disse também que não tinha dinheiro para sustentar os filhos e que dependia do apoio financeiro dos amigos.
Sem responsabilidade
No entanto, Santacana disse ao jornal La Vanguardia, em entrevista publicada esta terça-feira, que ele não era responsável e que o erro de Sanchez Vicario não foi ter-se apaixonado por ele, mas sim não ter pago os seus impostos e não ter prestado contas à sua família.
"Só espero que a verdade seja dita e que isto acabe", disse Santacana aos jornalistas à porta do tribunal, onde ainda não foi ouvido. O seu advogado não quis comentar. Sanchez Vicario foi condenado pelo Supremo Tribunal em 2009 a pagar uma multa de 5,2 milhões de euros por fraude fiscal.
A sentença abrangeu o período entre 1989 e 1993, altura em que Sanchez Vicario vivia em Espanha e não em Andorra, como tinha declarado, de acordo com o veredito. Depois de o casal ter transferido os seus bens para o Banque de Luxembourg, o Estado espanhol acabou por cobrar o dinheiro ao banco através de um acordo de garantia.
O banco acusou o casal de nunca ter honrado a sua dívida e de ter escondido o seu património. Em 2014, num processo civil, um tribunal espanhol deu razão ao banco, mas o dinheiro nunca foi pago, pelo que o banco recorreu ao tribunal penal.