Sapporo suspende candidatura olímpica depois de escândalo nos Jogos de Tóquio
A decisão surge numa altura em que os procuradores continuam a investigar a alegada corrupção, incluindo uma possível fraude, na competição de verão que decorreu em Tóquio no ano passado, depois do adiamento da data original por culpa da COVID-19.
"À luz do caso relacionado com Tóquio, foi determinado que temos de conceber uns Jogos limpos", disse à AFP Akifumi Kudo, funcionário local que trabalha na candidatura municipal.
Sapporo era tida como a favorita para acolher os Jogos de inverno pela segunda vez, à frente das cidades de Salt Lake e Vancouver, mas o escândalo da corrupção parece ter influenciado a proposta.
Katsuhiro Akimoto, Presidente da Câmara Municipal de Sapporo, disse na terça-feira que a cidade precisava de tempo para elaborar fortes medidas anti-corrupção e ganhar o apoio do público, dada a incerteza que paira sobre o evento do ano passado.
"Em vez de apenas concorrermos ao objetivo e fecharmos os olhos ao que nos rodeia, concluímos que a nossa prioridade deve ser clarificar quaisquer preocupações ou dúvidas que o público tenha", explicou.
"Vamos rever e publicar o nosso plano operacional para os Jogos, enquanto confirmamos a vontade das pessoas", acrescentou, assegurando que Sapporo continua comprometida com a candidatura.
A cidade espera finalizar um novo plano para os Jogos na primavera e, depois, levar a cabo uma sondagem de âmbito nacional para avaliar o apoio, apontou Kudo.
No início do mês, o governador de Hokkaido, ao qual pertence a cidade de Sapporo, alertou que a candidatura tinha ficado "difícil". "Quando se consideram uma série de problemas relacionados com os Jogos Olímpicos de Tóquio, fica difícil construír um ímpeto no contexto atual das coisas", vincou Naomichi Suzuki.
Haruyuki Takahashi, antigo executivo dos Jogos de Tóquio, foi detido pelas autoridades por suspeitas de aceitar subornos em troca de ajuda a várias empresas para que se tornassem patrocinadoras oficiais do evento.
O escândalo envolveu a empresa que produziu versões de brinquedos das mascotes dos Jogos, bem como um retalhista de fatos, uma editora e grandes agências de publicidade.
O antigo primeiro ministro Yoshiro Mori, que se demitiu da presidência de Tóquio-2020 na sequência de comentários sexistas, mostrou-se disponível para ser interrogado pelos procuradores em setembro.
Já durante o mês de dezembro, o Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou a decisão de adiar a seleção da sede dos Jogos de inverno de 2030, alegando preocupações sobre o impacto das alterações climáticas. Esta escolha estava inicialmente prevista para o outono de 2023.