Seleção de tiro com arco no Mundial sem ambição olímpica deseja "experiência"
“Não havendo grandes hipóteses de termos classificações para os Jogos Olímpicos, no meu ponto de vista é ganharem um pouco mais de experiência em provas internacionais e verificar como conseguir progredir na carreira”, disse à Lusa o presidente da federação, Paulo Pinto.
Nuno Carneiro, Luís Gonçalves e Milana Tkachenko vão competir em recurvo, o arco olímpico, enquanto no arco composto Portugal vai estar representado por Rui Baptista, Nuno Simões e Gisele Sousa.
A seleção não se apresentará com equipas masculina ou feminina, já que são necessários três elementos de cada sexo para as completar, o que não acontece.
“As expectativas são para algo no meio da tabela, tendo em conta que não somos uns Estados Unidos em que os atletas são pagos para o serem. Vivemos no nosso portugalito em que as pessoas são competidores e profissionais noutras áreas. Entre 16.º e 30.º é já uma grande expectativa”, vincou.
Os mundiais de Berlim garantem as derradeiras escassas vagas para os Jogos “e depois só para Los Angeles2028”, recorda o presidente.
“Paris-2024 já está fechado. A nova direção da federação tem uma grande aposta, para Brisbane2032. Aquilo que estamos a apostar agora, nestas jovens esperanças que estão a ser formadas”, sublinhou.
Paulo Pinto, que lidera a federação somente desde março, assume que o tiro com arco português tem passado por “momentos complicados” e entende que as “confusões que existem na modalidade” têm impedido que o país esteja representado em Jogos Olímpicos, algo que aconteceu pela última vez em Pequim2008, por Nuno Pombo, igualmente elemento único em Sydney-2000 e Atlanta-1996.
O tiro com arco, que conta com “500 a 700 praticantes federados” em Portugal, precisa de “mais incentivos e apoios aos atletas” que, de momento, têm pago do seu bolso boa parte das despesas para competirem internacionalmente, “excetuando Nuno Carneiro, que tem sido apoiado pelo Comité Olímpico de Portugal”.
“Para ser diferente teríamos de arranjar um selecionador nacional, alguém para escolher os miúdos indicados para irem às provas. E era bom que os clubes se deixassem de rivalidades e apostassem na modalidade para haver harmonia e um trabalho de excelência”, concluiu.
Internacionais querem mais apoios
Os internacionais portugueses de tiro com arco lamentam o amadorismo e falta de apoios da modalidade, assumindo, a caminho dos mundiais de Berlim, que a presença em Paris-2024 só faz parte dos sonhos.
“No tiro com arco português não existem estágios, selecionador nacional, apoio monetário da federação, dos clubes… nada. Cabe a cada um. Somos amadores e assim sendo os resultados que temos já são bastante bons”, disse Nuno Carneiro à agência Lusa.
O atleta de 22 anos, que ainda assim tem sido o único a contar com a ajuda do Comité Olímpico de Portugal, assume que alimenta o sonho olímpico, contudo dificilmente será para Paris-2024: quanto ao futuro, acredita que só será mais risonho se terminarem as “politiquices na modalidade”, escusando-se a especificar.
“O meu objetivo para os mundiais de Berlim é ficar em 33.º, seria um bom resultado. Qualquer resultado, aceito. Vão estar as melhores equipas do mundo – cada uma com três atletas – pelo que esse seria um bom desempenho. Mas se for melhor também não me queixo...”, gracejou, sobre o evento que principia na segunda-feira.
Para tal, o estudante do primeiro ano de um mestrado na área da saúde e educação física tem de atingir a fase das eliminatórias – “já era uma vitória” – e aí afastar um ou dois adversários.
“Não tenho expectativa muito grande de medalhas, pois estamos a um ano dos Jogos Olímpicos. Estou em fase de preparação para o próximo ano, pois tive de mudar algumas técnicas e não é num ano que me vou conseguir adaptar. É continuar a treinar mais…”, admitiu.
Milana Tkachenko também vai competir no olímpico recurvo, sendo que a sua única meta é “fazer o melhor” que puder, já que, recorda, em Portugal os arqueiros não têm condições para acompanhar o nível competitivo dos profissionais de muitas outras nações.
“Em Portugal o tiro com arco parece uma atividade amadora, para os tempos livres. Ninguém tem os objetivos dos profissionais. É também um problema de mentalidade, que tem de mudar. E, claro, de apoios. Como no futebol, que no país parece o único desporto que funciona muito bem”, lamentou.
A atleta nascida há 36 anos na Ucrânia esteve muitos anos sem se dedicar à modalidade, à qual regressou após receber a nacionalidade portuguesa, quase uma década após se estabelecer no país, como fotógrafa e modelo.
Nuno Carneiro, Luís Gonçalves e Milana Tkachenko vão competir em recurvo, o arco olímpico, enquanto no arco composto Portugal vai estar representado por Rui Baptista, Nuno Simões e Gisele Sousa.