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Síntese Paris-2024: Filipa Martins arriscou sonhar e deu a maior alegria, Marchand e Biles em destaque

Atualizado
Final inédita na ginástica portuguesa
Final inédita na ginástica portuguesaLUSA
Filipa Martins escreveu uma nova página de história, ao tornar-se na primeira portuguesa a chegar a uma final da ginástica artística em Jogos Olímpicos, numa segunda jornada plena de surpresas e nem sempre positivas para a Missão nacional em Paris-2024. No resto do torneio, o nadador francês Léon Marchand atestou o estatuto de recordista mundial dos 400 metros estilos com um triunfo categórico e a campeoníssima ginasta Simone Biles regressou ao palco olímpico.

Portugueses

Na sua terceira presença olímpica, a ginasta de 28 anos viu recompensada a ousadia de ter arriscado um (bem-sucedido) Yurchenko com dupla pirueta no cavalo, terminando na 18.ª posição a qualificação, liderada pela inevitável Simone Biles, com 59.566 pontos.

Neste momento, estou um bocadinho emocionada ainda. Acho que hoje, aqui, fizemos algo que nunca imaginámos fazer na vida, na ginástica portuguesa. Acho que nos superámos a todos os níveis e estou superorgulhosa do nosso trabalho”, salientou, depois de ter completado a sua qualificação, sem saber ainda que estaria na final.

Filipa Martins somou 53.166 pontos, com 14.133 nos saltos, 13.800 nas paralelas assimétricas, a sua especialidade, 12.633 no solo e 12.600 na trave para fazer história, ela que é uma pioneira na modalidade em Portugal.

Depois de ter sido 37.ª no Rio-2016 – a melhor classificação de sempre de uma portuguesa – e 43.ª em Tóquio-2020, a ginasta natural do Porto, de 28 anos, assegurou uma das 24 vagas na final olímpica, marcada para quinta-feira, às 18:15 locais (17:15 em Lisboa).

A jornada até tinha começado com uma má notícia para as cores nacionais – o estreante nadador João Costa fez apenas o 32.º tempo nas eliminatórias dos 100 metros costas e falhou o acesso às meias-finais – e com outras duas surpresas: uma boa, a vitória de Fu Yu frente à sul-coreana Jihee Jeon (14.ª), por expressivos 4-0, na primeira ronda de singulares femininos no ténis de mesa, e outra inusitada, a chamada do tenista Francisco Cabral para o torneio de singulares.

Há mais de dois anos que o portuense de 27 decidiu abdicar de jogar singulares para se concentrar nos pares, uma opção que o tornou o número um nacional da variante e que lhe abriu a porta para estes Jogos Olímpicos.

No entanto, a desistência de última hora do australiano Alex de Minaur, nada mais nada menos do que o sexto classificado do ranking ATP, proporcionou uma oportunidade única e irrecusável a Cabral: a de, na sua estreia olímpica, defrontar o alemão Jan-Lennard Struff na primeira ronda de singulares.

Assim, o português que nem consta no ranking de singulares entrou em court, no complexo de Roland Garros, para defrontar o 34.º classificado da hierarquia mundial, com o desfecho a ser o previsível: perdeu por duplo 6-2, em uma hora e dois minutos.

Nem cinco minutos depois, o seu amigo Nuno Borges seria eliminado exatamente pelos mesmos parciais, pelo argentino Mariano Navone (36.º). Esperava-se mais do maiato, número um nacional de singulares e 42.º jogador mundial, sobretudo porque há precisamente uma semana conquistou o seu primeiro título ATP, ao sagrar-se campeão em Bastad.

Os dois voltariam, depois, a pisar a terra batida parisiense, para se aliarem nos pares, e redimirem-se dos desaires anteriores, com um triunfo de garra frente aos irmãos gregos Petros e Stefanos Tsitsipas.

Depois de perderem o primeiro set, Borges e Cabral voltaram a mostrar toda a sua sintonia para garantirem a reviravolta no marcador e o acesso à segunda ronda, com uma vitória por 3-6, 6-3 e 12-10.

Na segunda ronda, mas do torneio de singulares femininos de ténis de mesa, está também Fu Yu, a mais veterana entre os atletas da Missão lusa, que este domingo protagonizou uma surpreendente vitória sobre Jihee Jeon. Aos 45 anos, a mesatenista lusa, 80.ª classificada do ranking mundial, contrariou o favoritismo da sul-coreana, impondo-se por 11-7, 11-4, 13-11 e 11-9.

O mesmo não aconteceu, contudo, com Tiago Apolónia (66.º), que não conseguiu inverter o seu historial frente a Qiu Dang (11.º), somando a sexta derrota em outros tantos encontros frente ao alemão – o mesatenista português perdeu por 2-11, 11-3, 11-2, 11-6 e 12-10.

A disputar os seus quintos Jogos Olímpicos, Apolónia encerrou a jornada lusa em Paris-2024, pouco depois de Yolanda Hopkins, quinta em Tóquio-2020, ter assegurado a passagem aos oitavos de final no surf.

Em Teahupo’o, na Polinésia Francesa, a mais de 15.000 quilómetros da capital francesa, a algarvia superou a segunda ronda, com modestos 4,67 pontos (3,67 e um), mas suficientes para bater a neozelandesa Saffi Vette, que não foi além de 1,27 (0,67 e 0,60).

Hopkins ficou, no entanto, como representante única no surf, já que Teresa Bonvalot foi novamente derrotada por Shino Matsuda, com quem já tinha perdido na primeira ronda. Este domingo, na repescagem, a portuguesa somou 6,84 pontos (3,67 e 3,17), insuficientes para superar os 9,77 (7,67 e 2,1) da japonesa.

Também terminou a jornada olímpica de Manuel Grave, que caiu na prova de cross do concurso completo e foi eliminado, e da ciclista Raquel Queirós, 29.ª no cross country olímpico.

Global

Quase um ano depois de ter bisado nos Mundiais de Fukuoka, no Japão, quebrando o mais antigo máximo mundial em vigor na natação pura (4.03,84 minutos) - definido pelo lendário norte-americano Michael Phelps nos Jogos de Pequim-2008 - Marchand selou uma nova marca olímpica (4.02,95) sem ter concorrência à altura na capital do seu país.

O japonês Tomoyuki Matsushita, a 5,67 segundos, e o norte-americano Carson Foster, a 5,71, perfizeram o primeiro pódio olímpico do gaulês, de 22 anos, que melhorou o sexto lugar de Tóquio-2020, apesar de ter ficado a 45 centésimos do melhor registo de sempre.

A obtenção de novos recordes mundiais continua alheada das finais da natação, numa segunda jornada em que o italiano Nicolò Martinenghi triunfou tangencialmente nos 100 metros bruços (59,03 segundos) e inviabilizou o terceiro ouro seguido do britânico Adam Peaty (59,05), que repartiu a prata com o norte-americano e campeão mundial Nic Fink.

Os Estados Unidos assistiram também à vitória de Torri Huske nos 100 mariposa (55,59) sobre a compatriota e recém-recordista Gretchen Walsh (55,63) e a chinesa Zhang Yufei (56,21), ressaltando como único país a bater a dezena de medalhas (12) em Paris2024.

A Team USA prossegue na terceira posição do medalheiro, com três ouros, menos um face à Austrália, cujo único êxito no segundo dia de provas foi assegurado pela canoísta Jessica Fox em K1, mas seria insuficiente para evitar a colagem do Japão na liderança.

Com apenas um ouro e um bronze na véspera, os nipónicos aproveitaram os triunfos da skater Coco Yoshizawa, do judoca Hifumi Abe ou do esgrimista Koki Kano em espada e igualaram as quatro vitórias dos australianos, que perdem em metais (seis contra sete).

Yoshizawa, de 14 anos, venceu a prova de street, que teve a compatriota Liz Akama, de 15, como vice e eternizou a brasileira Rayssa Leal, com 16 anos, seis meses e 24 dias, como a mais nova a repetir pódios em duas Olimpíadas, volvida a prata em Tóquio-2020.

Já Hifumi, detentor de quatro cetros mundiais, revalidou o título olímpico na categoria de -66kg, apenas ensombrado pelo choro compulsivo da irmã e também tetra mundial Uta, que foi eliminada cedo em -52 kg pela líder do ranking e nova campeã, a uzbeque Diyora Keldiyorova, desfazendo a condição de invencível que repartia com o irmão desde 2019.

No tiro com arco, a Coreia do Sul reforçou um reinado de 36 anos e 10 títulos no evento por equipas femininas, mas necessitou de um dramático desempate frente à China (5-4) para segurar uma das sequências de imbatibilidade mais extensas em Jogos Olímpicos.

O tiro com pistola a 10 metros, nos dois géneros, e o ciclismo cross-country, na vertente feminina, somaram novos campeões num dia solarengo em Paris - por oposição à chuva constante desde a Cerimónia de Abertura -, enquanto Simone Biles regressou com furor.

Três anos depois de ter intercalado um bronze em Tóquio-2020 com várias desistências, assumindo publicamente a sua incapacidade para competir e liderando o debate sobre a saúde mental dos atletas, a norte-americana apurou-se sem problemas para as decisões dos concursos completos individual e coletivo, tal como das provas de salto, trave e solo.

Simone Biles, de 27 anos, deu espetáculo perante uma plateia de ilustres, indiferente a algumas questões físicas, que a levaram a disputar parte das qualificações com a perna esquerda enfaixada, e procura reforçar um dos palmarés gímnicos mais ricos, com sete medalhas olímpicas (quatro de ouro) e 30 mundiais e cinco elementos em nome próprio.

A corrida pelas medalhas
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