"Todos sabíamos que isto ia acontecer. Gostaríamos de estar enganados, para que a Taça Davis não morra, mas os ingredientes não eram, à partida, os corretos", sublinhu Arnaud Clément, antigo capitão da França na competição, em declarações à AFP.
Cinco anos depois da assinatura de um contrato de 3.000 milhões de dólares (mais de 2.700 milhões de euros), que se previa pedurar por 25 anos, a Federação Internacional de Ténis (ITF) colocou um ponto final no acordo com a Kosmos a 12 de janeiro, reassumindo as rédeas.
Ainda que as causas do "divórcio" não tenham sido tornadas públicas, uma fonte próxima do processo revelou que as duas partes não chegaram a entendimento no que dizia respeito a um novo acordo económico.
Na origem da ligação, estava a intenção da Kosmos em dar um novo impulso à Taça Davis, prova com mais de 100 anos. Para isso, Piqué e os seus colaboradores propuseram um formato inovador a partir de 2019.
Nessa altura, foi deixado para trás o formato tradicional, que previa a disputa de quatro eliminatórias entre fevereiro e dezembro, com jogos à melhor de cinco sets e duelos entre duas nações, nos quais a equipa local era apoiada por um público entusiasta, podendo, até, escolher a superfície de jogo.
A nova fórmula, que foi evoluindo nos seus poucos anos de implementação, não conseguiu convencer jogadores nem o público e, no ano passado, as bancadas com muitos lugares vazios, durante a fase de grupos da fase final, foram o símbolo desse mesmo desencanto.
Um fundamental apoio dos majors
O antigo formato seduzia muitos pelo ambiente das eliminatórias e pela paixão que estas geravam no país anfitrião, mas muitos jogadores queixavam-se que a Taça Davis os obrigava a um esforço significativo num calendário já por si sobrecarregado. Por isso, o projeto da Kosmos propunha uma fase final a realizar numa única semana e num único local, de forma a que se promovesse a atração dos grandes nomes na reta final do circuito mundial de ténis.
Neste momento, e depois da saída da Kosmos, não há muita informação sobre os planos para as próximas edições. Para já, a Taça Davis respira, aliviada com o apoio que vem recebendo.
"Os torneios de Grand Slam estão unidos no seu apoio à competição da Taça Davis", escreveram os organizadores dos quatro grandes torneios do circuito mundial, num comunicado difundido duas semanas depois do final da aventura Kosmos.
O grupo empresaria, por seu lado, indicou ter feito uma denúncia ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) por "rescisão injustificada" do contrato.
Por agora, conhece-se o formato da Taça Davis para 2023. Entre sexta-feira e domingo, disputam-se eliminatórias de qualificação em várias divisões.
Na elite, há 12 eliminatórias, das quais sairão 12 equipas que se juntarão, numa fase de grupos, a quatro seleções já qualificadas (Canadá e Austrália, como campeã e vice-campeã de 2022, respetivemente, bem como a Espanha e a Itália, que surgem como convidadas).
Jogos de qualificação da Taça Davis para a fase de grupos da primeira categoria
Portugal - República Checa, na Maia (terra batida coberta)
Croácia - Áustria, em Rijeka (piso duro coberto)
Hungria - França, em Tababanya (piso duro coberto)
Uzebequistão - Estados Unidos, em Taskhent (piso duro coberto)
Alemanha - Suíça, em Tréveris (piso duro coberto)
Colômbia - Grã-Bretanha, em Cota (terra batida)
Noruega - Sérvia, em Oslo (piso duro coberto)
Chile - Cazaquistão, em La Serena (terra batida)
Coreia do Sul - Bélgica, em Seúl (piso duro coberto)
Suécia - Bósnia, em Estocolmo (piso duro coberto)
Países Baixos - Eslováquia, em Groningen (piso duro coberto)
Finlândia - Argentina, em Espoo (piso duro coberto)
Os vencedores das eliminatórias qualificam-se para a fase de grupos de setembro, para a qual estão diretamente qualificados o Canadá, a Austrália, a Espanha e a Itália.