Talibã proibem prática de artes marciais mistas (MMA) no Afeganistão
“Notou-se que este desporto é problemático ao abrigo da lei Sharia e que, em muitos aspetos, está em contradição com os ensinamentos do Islão. É por isso que foi tomada a decisão de proibir as artes marciais mistas no Afeganistão”, justificou o representante do governo talibã.
Esta ordem foi emitida pela polícia da moralidade, vinculada ao Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício (PVPV), após uma investigação sobre a conformidade desta modalidade com a lei islâmica, ou sharia: as autoridades entendem que o MMA é muito violento e acarreta probabilidades de causar ferimentos ou até mesmo a morte dos praticantes.
O MMA é um desporto de combate que combina as técnicas e regras de diversas disciplinas, desde a luta livre ao judo ou o boxe tailandês, permitindo pontapés, socos, joelhadas e cotoveladas, além de golpes no chão, estrangulamentos e chaves dentro de um recinto fechado.
O Afeganistão segue assim a política adotada em França, um dos últimos grandes países a proibir oficialmente o MMA.
Esta modalidade é muito popular no Afeganistão, que se apresentou com 11 atletas nos Jogos Olímpicos Paris-2024, quatro dos quais praticantes de artes marciais.
Regressados ao poder em 2021, os talibãs aplicam uma interpretação ultra rigorosa da lei islâmica, que aplicam na vida social e privada dos afegãos, com fortes limitações sobretudo para as mulheres, que se viram afastadas do desporto e dos estudos.
Em 22 de agosto foi promulgada uma nova lei de 35 artigos que visa "promover a virtude e prevenir o vício" e que, na prática, aplica novas restrições às mulheres, mas que também atinge os homens, agora impedidos de usar calções acima dos joelhos.