Nadal está de regresso: "Quero sentir que posso competir com qualquer um"
"Já passou um ano. Houve uma cirurgia, foi um longo período sem poder treinar a um nível decente", recordou o espanhol numa conferência de imprensa na Austrália, no domingo. "Para mim, saber como as coisas vão correr é um pouco imprevisível. A competição é diferente do treino".
Aos 37 anos, o antigo n.º 1 do mundo, com 22 títulos do Grand Slam, não joga em singulares desde que perdeu na segunda ronda do Open da Austrália, em 18 de janeiro de 2023, prejudicado por uma lesão na anca.
Após duas operações, meses de reabilitação e uma queda na classificação (é o 672.º do ranking ATP), Nadal recebeu um convite para entrar diretamente no quadro principal e diz que se sentiu bem durante os treinos em Brisbane.
Para já, no entanto, não se trata de projetar objectivos precisos, nem mesmo de confirmar se 2024, como já deu a entender, poderá ser a sua última época. Resta ver como se comporta o seu corpo, fustigado por lesões em 22 anos de competição, e voltar a desfrutar do jogo.
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"Estou consciente de que as coisas não vão correr bem, que é quase impossível que corram bem" em Brisbane, disse ao El Pais: "Não sou cabeça de série, tenho a idade que tenho", disse ao diário espanhol, acrescentando que iria fazer um balanço antes do Open de França, a sua casa em terra batida, onde já venceu 14 vezes.
O simples facto de voltar a jogar é uma primeira vitória para ele, que disse ter pensado em parar tudo, rodeado de dúvidas sobre se seria capaz de regressar.
"Se pensei em retirar-me durante esse período? Claro que sim. Será que faz sentido fazer tudo isto aos 37 anos?", disse aos jornalistas em Brisbane: "Quero sentir que posso entrar no campo e competir com qualquer um. No final, não importa se ganhei ou perdi, desde que tenha recuperado essa sensação..."
Um duelo de retornados
Entretanto, após uma ausência de 347 dias, voltou finalmente a jogar este fim de semana no torneio de pares. Em parceria com o seu compatriota e co-treinador Marc Lopez, com quem ganhou o ouro olímpico no Rio em 2016, perdeu logicamente para os especialistas australianos Jordan Thompson e Max Purcell por 6-4 e 6-4. Mas parecia bem-disposto e móvel em court, e o sorriso que iluminou o seu rosto ao sair da Pat Rafter Arena falou muito sobre o seu desejo.
O verdadeiro regresso será na terça-feira, nos singulares.
O sorteio escolheu-o para enfrentar outro jogador do circuito marcado por lesões, o austríaco Dominic Thiem, que ele derrotou duas vezes na final em Roland Garros, em 2018 e 2019.
O último dos seus 15 encontros (Nadal lidera 9-6) ocorreu no final da época de 2020, durante a fase de grupos do Masters. Thiem venceu em dois tie-breaks. Desde então, a carreira do ex-número 3 do mundo desfez-se, culpa de uma lesão no pulso direito que o fez cair para 352.º do mundo em meados de 2022.
O vencedor do US Open de 2020 foi subindo lentamente na classificação, regressando ao Top 100 (no início da época de 2024, ocupa o 98.º lugar do mundo), mas teve de se esforçar muito para sair da qualificação em Brisbane.
Contra o australiano James McCabe, chegou mesmo a estar muito perto da porta, perdendo por 2-6, 3-5, 0-40 num encontro interrompido pelo aparecimento de uma cobra venenosa no court.