Estoril Open: Pedro Martínez contraria favoritismo de Ruud e está na final (1-2)
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Frente ao superfavorito, o espanhol, mero 77.º classificado do ranking, jogou o seu melhor ténis – e talvez mesmo o melhor ténis de todo o torneio – para sair vencedor de uma maratona de três horas e oito minutos, com os parciais de 6-4, 4-6 e 6-4, e somar o nono triunfo consecutivo.
Depois de perder apenas oito jogos nas duas rondas anteriores – ficou isento na primeira – hoje, Ruud encontrou finalmente um adversário que lhe deu luta, além daquela que ele deu a ele próprio: fez uma dupla falta no quinto jogo que o colocou com uma desvantagem de 15-30, evitou dois break-points com bons serviços, mas, ao terceiro, confiou demasiado no golpe de vista, a bola do valenciano foi completamente dentro e sofreu mesmo o ‘break’.
Muito confiante e consistente, Martínez falhou muito pouco, ao contrário do primeiro cabeça de série, hoje uma sombra daquilo que foi nas duas rondas anteriores durante o primeiro set. E nem é que Ruud não tenha tentado alterar o rumo do parcial, fazendo o espanhol correr no fundo do court, mas a estratégia não resultou, porque o agora finalista do Estoril Open esteve sobressalente.
O 77.º jogador mundial até se deu ao luxo de variar as pancadas, arriscando amorties, mais eficazes do que bonitos, que lhe valeram, contudo, a conquista do primeiro set, por 6-4.
O arranque do segundo parcial foi atrasado pelo drone do torneio, com o norueguês a sentir-se incomodado pelo aparelho e a pedir ao árbitro para retirá-lo - chegou mesmo a tentar atingir o aparelho voador com as bolas de jogo, arrancando gargalhadas e aplausos do público presente nas bancadas.
O episódio com o drone aparentemente descontraiu o campeão em título, que anulou dois break-points no primeiro jogo, e o nível do encontro melhorou consideravelmente, sobretudo devido ao novo fôlego do oitavo jogador mundial.
Ruud, de 25 anos, obrigou o espanhol, verdadeiramente inspirado, a salvar dois break-points no quarto jogo, mas só ao oitavo conseguiu quebrar o serviço do seu adversário, que lhe devolveu prontamente o break.
Com ambos os jogadores encostados ao fundo do court, e a protagonizar longas trocas de bola, a meia-final haveria de ter novo set, após o espanhol de 26 anos, num jogo de serviço para esquecer, entregar o 6-4.
Lutador, Martínez não estava disposto a ver interrompida a sua série vitoriosa – além dos quatro encontros que ganhou no Clube de Ténis do Estoril, somou cinco triunfos consecutivos rumo ao título no challenger de Girona – e, logo ao terceiro jogo, quebrou o campeão em título e embalou para a final do único ATP português.
E não ficaria por aí: com o primeiro cabeça de série a acusar o revés, mas também a queixar-se de problemas físicos, o tenista da Comunidade Valenciana voltaria a conquistar o break, para adiantar-se para 4-1.
O vice-campeão das últimas duas edições de Roland Garros pediu assistência médica, saiu do court e deixou o adversário sentado no banco, embrulhado numa toalha, para evitar arrefecer na noite já gélida no Clube de Ténis do Estoril.
Nem a paragem perturbou o espanhol, que avançou para o 5-1, mas acusou a pressão de fechar o encontro: desperdiçou um match point no sétimo jogo, outros dois no oitavo, no qual foi quebrado, e só quando serviu para fechar com 6-4 é que não deu hipótese ao norueguês, conseguindo a melhor vitória da carreira (é a primeira frente a um top 10 mundial).
O agora finalista do único torneio ATP português conseguiu vingar-se finalmente da final perdida para Ruud em Kitzbühel, em 2021, e vai no domingo, frente ao polaco Hubert Hurkacz, 10.º jogador mundial, procurar o segundo título da carreira, após o conquistado no torneio de Santiago, em 2022.