Ténis: Bolas do ATP Finals enlouquecem os grandes nomes do ténis
É o tema que incendeia os pós-jogo do ATP Finals: a qualidade das bolas utilizadas ao longo do ano no circuito. Não se passa uma única conferência de imprensa em Turim sem que o assunto - um tema recorrente no circuito, tal como a velocidade das superfícies em que se joga - seja abordado pelos jogadores.
A ATP tem um acordo de parceria com a Dunlop desde 2019, prolongado no ano passado até 2028, mas as bolas do fabricante japonês só são usadas "por quase metade dos torneios do circuito, incluindo quatro Masters 1000 e o ATP Finals", disse o organismo que supervisiona o circuito masculino.
"Zero prazer"
Os organizadores de torneios podem ter os seus próprios fornecedores, como é o caso dos quatro torneios do Grand Slam, que consomem mais de 50.000 bolas por ano e proporcionam aos fabricantes a tão desejada exposição entre os amadores.
O Open da Austrália é fornecido pela Dunlop, o Open de França e o Open dos Estados Unidos pela norte-americana Wilson, enquanto Wimbledon tem parceria com a britânica Slazenger.
"Quando temos uma série de quatro torneios no mesmo continente, podemos ter quatro fornecedores de bolas diferentes, o que pode tornar as coisas difíceis, é um grande desafio", resumiu Casper Ruud após a vitória retumbante sobre Carlos Alcaraz (6-1, 7-5).
O mais franco sobre o assunto é o número 4 do mundo Daniil Medvedev que, recentemente em Xangai, fingiu cuspir numa bola e limpar o rabo com outra.
"Todos os dias, nos últimos dois ou três anos, tenho tido este problema (com as bolas), todos os treinos, todos os jogos são uma luta, não sinto qualquer prazer quando estou em campo", afirmou o russo após a derrota frente ao norte-americano Taylor Fritz (6-4, 6-3).
"O problema é geral e não se limita a um único fornecedor: a qualidade das bolas deteriorou-se, tornaram-se mais lentas, não duram tanto tempo, mudam de um lote para outro, têm mais cotão", acrescentou Zverev após a vitória sobre Andrey Rublev (6-4, 6-4).
Redução de custos
O alemão, que é membro do Conselho de Jogadores da ATP, afirma ter efetuado uma pesquisa, discutido o assunto com os fabricantes e chegado a conclusões. " Devido à pandemia de COVID-19, os fabricantes tentaram reduzir os custos de produção e estão a utilizar uma borracha diferente que torna as bolas 30 a 60% mais lentas", afirmou.
"Devido a este novo material de base utilizado, o ar e a pressão não ficam na bola, este ar e esta pressão diminuem drasticamente ao longo das trocas", continuou o recente vencedor do Masters 1000 de Paris.
Como é que estas bolas, que são trocadas a cada sete jogos, se comportam? "Um pouco como os volantes de badminton, são muito rápidas nos primeiros dois ou três metros, depois abrandam", explicou.
E Zverev alerta para o impacto na saúde dos jogadores: "É por causa das bolas que muitos jogadores têm problemas nos ombros e nos pulsos, o que não acontecia há dez ou quinze anos".
Por seu lado, considera que os ressaltos por vezes imprevisíveis das pequenas bolas amarelas são "de certa forma a beleza do nosso desporto".
"Se houver apenas um fornecedor, seria injusto para aqueles que preferem as bolas Tecnifibre ou Wilson", salienta o norueguês.