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Gabriela Knutson, a checa que preferiu o sonho do ténis a um emprego nas Nações Unidas

Gabriela Knutson tem uma história de vida interessante
Gabriela Knutson tem uma história de vida interessanteLIVESPORT PRAGUE OPEN/Pavel Lebeda
Gabriela Knutson é completamente diferente de todas as outras jogadoras de ténis. A tenista checa de 26 anos decidiu estudar primeiro. E como já conseguiu obter dois mestrados em Inglaterra, decidiu agora tentar recuperar o atraso na sua carreira desportiva. Está a fazer a sua estreia profissional no circuito WTA no Livesport Prague Open, que decorre por estes dias na República Checa.

Passou a qualificação do fim de semana como uma faca na manteiga e, na segunda-feira, fez uma massagem em que nem sequer tinha pensado nos Challengers. E quando entrou no recinto de Stromovka, estava radiante de energia positiva. Sete anos de pausa fora do ambiente do ténis profissional, onde preferiu investir na educação, não se notam no seu desempenho.

"Em setembro dei o salto e cada ronda que joguei foi uma surpresa. Mesmo aqui!" recordou Knutson ao Flashscore, falando sobre o seu duelo com a belga Greet Minnen, que ocupa a 112.ª posição no ranking WTA.

Depois, quando também derrotou a britânica Naiktha Bains, ficou claro que iria disputar o evento principal de um circuito profissional feminino pela primeira vez.

"É bom que seja a minha primeira vez aqui em Praga, eu queria mesmo jogar este torneio. Tive uma oportunidade há uma semana em Varsóvia, mas perdi muito", explicou.

Todos presentes

O pai de Knutson é de Sacramento, na Califórnia, e a mãe de Dvůr Králové, na República Checa. E embora Knutson viva atualmente, sobretudo, na República Checa, diz que se sente em casa em qualquer parte do mundo. Quer tenha passado quatro anos a estudar televisão e jornalismo digital em Syracuse, ou uma estadia de três anos em Inglaterra, ela conseguiu cuidar de si própria. O ténis ajudou-a a obter bolsas de estudo e chegou a estar em quarto lugar na classificação da NCAA das universidades americanas. Depois, resolveu sair dos Estados Unidos.

"Estava tão cansada do ténis americano que, apesar dos fãs do ténis universitário me tentarem a pagar para jogar como profissional, eu não queria", assumiu ao Flashscore.

Outra oportunidade de estudo veio a calhar, desta vez em Inglaterra.

"Eu sabia que sempre quis fazer um mestrado e quando surgiu a oportunidade de uma bolsa de estudo na Universidade de Durham, coloquei marketing no meu primeiro ano e gostei tanto que acrescentei um mestrado em energias renováveis e fiquei durante três anos", conta a tenista.

Foi o tempo que passou nas Ilhas Britânicas que reacendeu a sua paixão pelo desporto em que se destacava desde a infância. No passado, costumava encontrar Karolína Muchová ou Petra Kvitová nas sessões de treino no clube de Prostejov.

"Na América, somos obrigados a praticar ténis e, na verdade, aqui na República Checa não tínhamos escolha. Foi só em Inglaterra que comecei e, de repente, quis treinar sozinha. Gostei muito. No último ano tive um emprego a tempo inteiro, geria um clube com cerca de 300 crianças, por isso ganhei algum dinheiro para experimentar o ténis profissional", conta ao Flashscore a tenista.

Ténis em Inglaterra sem relva

Esqueçamos a ideia de que o ténis em Inglaterra significa jogar em clubes com campos de relva.

"Não, não joguei em relva uma única vez em três anos. Estive sempre a jogar no tapete interior. E estudar em Inglaterra também não é muito interessante em termos de rendimento, por isso, para ganhar dinheiro para a comida, trabalhei num bar. Ficava lá até às duas da manhã e depois, a partir das seis, havia treino de ténis", recorda Knutson, sobre os seus primeiros anos na Grã-Bretanha.

Hoje, no entanto, a tenista loira e sorridente está, sobretudo, satisfeita com o ténis.

"Agora que tenho uma pausa de tudo, limito-me a cuidar de mim. Já fiz o que tinha a fazer", diz, descontraída. Por causa da sua entrada tentadora no mundo do ténis profissional, também recusou uma proposta de emprego muito interessante.

"Acabei os estudos, podia ter ido trabalhar para Berlim com o coração tranquilo. As Nações Unidas ofereceram-me um lugar num projeto de energias renováveis com turbinas eólicas", confessa.

No entanto, com a sua formação, poderá regressar à vida ativa em qualquer altura. Agora é a vez do ténis.

"Esta vida é linda, claro. Estou a subir. É bom ter poucas expectativas, por isso tudo o que eu ganhar é uma alegria", diz. Afinal de contas, ela só apareceu no ranking mundial em janeiro. 

"Ainda estive a esquiar durante todo o inverno. Mas, entretanto, derrotei jogadores de 200-300 lugares e pensei: 'Ei, eu sou muito boa!'", conta.

A verdadeira determinação para competir com os melhores só surgiu alguns meses mais tarde.

"Tirei quatro meses de férias, mas, de qualquer forma, quando comecei, ainda estava a trabalhar na minha tese. Escrevia durante cinco horas de manhã e saía para jogar à tarde. Estava completamente acabada", recorda.

Problemas nos aeroportos

No circuito, começa a aperceber-se da diferença entre as suas adversárias.

"Muitas raparigas são retraídas, só jogam ténis desde crianças. Vejo isso à minha volta, quanto mais alto se sobe, menos se fala com os outros. Não estou a falar apenas da República Checa, é um problema de todo o mundo. Se eu começasse a jogar como profissional aos 18 anos, provavelmente enlouqueceria, não teria uma vida normal", defende.

A propósito, Knutson também usa um nome consoante o local onde se encontra no momento.

"No meu passaporte americano está escrito Gabriela Andrea Knutson, no passaporte checo, no meu BI e na carta de condução está escrito Gabriela Knutsonová. Tenho um problema nos aeroportos. Escrevo Knutson no meu cartão de embarque e o passaporte diz o contrário, por isso verificam-no. Gosto mais de Knutson e, por isso, quando estou na República Checa, prefiro que os meios de comunicação social o noticiem com o sufixo", explica.

E o que se segue? O sonho continua a ser um torneio do Grand Slam.

 "Queria mesmo chegar ao Open dos Estados Unidos. Foi por pouco, mas acho que foi por isso que tive a pressão sobre mim e de repente não bati uma única bola. Mas agora não tenho nada a perder e sinto-me melhor. Por isso, vou tentar de novo no Open da Austrália", assume.